A escassez de eletricistas nos Estados Unidos está se tornando uma preocupação crescente, com a demanda por profissionais na área prevendo um aumento de 11% ao ano na próxima década, conforme apontado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho. Este fenômeno é exacerbado pelo fato de que aspirantes a eletricistas precisam, em média, acumular 8.000 horas de experiência antes de obter a licença necessária para exercer a profissão, o que torna difícil a rápida recuperação diante da crescente demanda. Com o mercado de trabalho em transformação, a escassez de eletricistas promove desafios, especialmente em um momento em que a forma como pessoas e empresas utilizam eletricidade está passando por mudanças tectônicas.

A transição para práticas mais sustentáveis e eficientes energicamente, como a instalação de painéis solares, troca de sistemas de aquecimento por bombas de calor, e a inclusão de carregadores para veículos elétricos nas residências, tem colocado pressão adicional sobre um número já limitado de eletricistas. Erik Owski, cofundador e CEO da Treehouse, destaca que a “pipeline” de eletricistas leva tempo para ser criada, e a recuperação da escassez de mão de obra não será rápida, possivelmente não trazendo alívio nos próximos cinco a dez anos. Para lidar com esta situação, Owski enfatiza a necessidade de tornar os eletricistas existentes mais eficientes em suas funções.

Dentre as ineficiências que podem ser observadas nas atividades de construção, uma das mais notáveis é a necessidade de visitas aos locais de trabalho para estimar e cotar serviços. Owski levanta a questão sobre a necessidade de deslocamento físico até o local, afirmando que, em muitos casos, diante de uma pequena incerteza, a equipe tem que realizar uma visita. Essas visitas, dependendo da localização do trabalho, podem consumir horas preciosas e impactar a eficiência operacional. Como resposta a este desafio, Owski e seus cofundadores iniciaram a Treehouse com o objetivo de minimizar essas visitas, utilizando dados sobre as características de residências e detalhes de serviços elétricos para desenvolver modelos de inteligência artificial que preveem o tempo e os materiais necessários para cada trabalho.

Segundo Owski, a empresa já conseguiu progressos consideráveis, especialmente em tarefas mais simples, como a instalação de carregadores de veículos elétricos. Ele explica que a Treehouse realiza mais de 90% das instalações de carregadores de veículos sem a necessidade de uma visita prévia ao local. Para essas instalações, a empresa solicita aos clientes informações como os principais usos de eletricidade em suas residências, como fogões e aquecedores de água, o que permite avaliar se será necessário atualizar a conexão elétrica ou o painel principal. Adicionalmente, a Treehouse utiliza um mapeamento onde os clientes podem indicar a localização desejada para o carregador, possibilitando fornecer um orçamento enquanto estão em concessionárias de automóveis.

Além dos carregadores de veículos elétricos, a Treehouse também oferece instalação de bombas de calor, sistemas de baterias residenciais e painéis elétricos. Para projetos mais complexos, como as bombas de calor, a empresa pede que os proprietários enviem fotos do quadro de distribuição elétrica de suas casas. Caso mais informações sejam necessárias, a companhia busca realizar uma visita virtual antes de considerar o deslocamento de uma equipe ao local. Owski afirmou que a empresa está desenvolvendo automações para evitar surpresas durante a execução dos serviços.

A competitividade no setor é acirrada, com empresas como Qmerit, Kopperfield e Zero Homes operando na mesma área. Assim como a maioria da concorrência, a Treehouse orça o trabalho, projeta a instalação e elabora um plano para a solicitação de licenças. Muitas vezes, essa responsabilidade é transferida para eletricistas independentes que realizam a execução do serviço. O diferencial da Treehouse é que ela possui licença de eletricista e atua como a principal contratante, com eletricistas independentes atuando como subcontratados. A empresa também emprega eletricistas próprios na Califórnia e em Colorado, com planos de expansão para seis a oito outros mercados no próximo ano.

Recentemente, a startup levantou um financiamento de 16 milhões de dólares em uma rodada de investimento liderada pela Flourish Ventures, com participação de diversos investidores. Owski afirmou que os recursos obtidos serão utilizados para contratar mais engenheiros que aprimorem os modelos de automação de orçamentos e, ao mesmo tempo, expandir suas operações. Atualmente, a Treehouse opera em 40 estados e a expectativa é que esteja presente em todos os 50 estados até o final do ano. Neste processo de expansão, a empresa já estabeleceu parcerias com empresas como CarMax e Holman, entre outras.

Embora os veículos elétricos sejam a porta de entrada para a eletrificação para muitos consumidores, Owski acredita que isso será apenas o primeiro passo. Ele observa que a sociedade está passando por um ciclo superintenso de décadas em transformação da maneira como o consumidor médio pensa sobre energia em casa, o que implica um futuro onde a demanda por eletricistas qualificados será ainda mais crítica. Portanto, à medida que a demanda por eletricistas cresce, a escassez atual representa um obstáculo significativo que a indústria precisará superar para garantir uma infraestrutura energética eficiente e sustentável para o futuro.

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