A personagem Samantha Stephens, da série icônica Bewitched, não seria a mesma sem a brilhante interpretação de Elizabeth Montgomery, cujas nuances e peculiaridades deram vida a uma das bruxas mais memoráveis da televisão. A série, que estreou há 60 anos, conquistou o público ao narrar a história de uma bruxa que se casava com um homem comum, Darrin, e tentava se adaptar à vida de uma dona de casa suburbana. O encantamento da trama era, sem dúvida, multiplicado pela forma única como Montgomery incorporou Samantha, principalmente através de um movimento que ficou famoso: o torcer do nariz. Essa pequena ação, que se tornou a assinatura da personagem, na verdade não era inicialmente planejada no roteiro, mas sim um momento espontâneo que fascinou a audiência.
Em uma entrevista que remonta ao ano 2000, o diretor da série, William Asher, compartilhou detalhes desse gesto peculiar. Na ocasião, ele relembrou um momento casual em sua casa, onde, com a atriz a seu lado, percebeu que o movimento do nariz poderia ser a chave para dar vida a magia da personagem. “Quando eu percebi que isso poderia ser um bom motivador para a bruxaria, eu lhe contei sobre a ideia e tentei reproduzir. Ela respondeu: ‘Eu nunca fiz nada assim’”, contou Asher, que faleceu em 2012 aos 90 anos. O gesto, que encantou tantos espectadores, surgiu quase por acidente. O diretor detalhou um episódio em que Montgomery, enquanto se preparava para um drink na noite anterior à gravação, cometeu um engano e, sem querer, fez o movimento. “E eu disse, ‘É isso!’ e assim nasceu o gesto que se tornou icônico”, relatou.
O papel de Montgomery em Bewitched foi também moldado por seu desejo de desenvolvimento criativo em relação à personagem. Ela fez questão de que o nome original da bruxa, Cassandra, fosse mudado para Samantha. Essa alteração ocorreu após Tammy Grimes, a atriz escolhida inicialmente, ter se retirado da produção, levando Asher a considerar sua esposa para o papel. Ao concordar, Montgomery teve a firmeza de sugerir o novo nome, que se tornaria sinônimo de sua imagem na televisão.
O relacionamento de Asher e Montgomery foi intenso e criativo, resultando em três filhos: William, Robert e Rebecca, após casarem-se em 1963 e permanecerem juntos até 1973. Para Montgomery, os relacionamentos foram uma parte importante de sua vida, refletindo não apenas sua carreira, mas também sua busca por estabilidade emocional e artística. Antes de seu casamento com Asher, a atriz teve outras uniões, incluindo um breve enlace com Frederic Gallatin Cammann e um casamento com o ator Gig Young. Seu último matrimônio foi com Robert Foxworth, com quem viveu até sua morte em 1995. Por outro lado, Asher, após o divórcio, contraiu núpcias com Joyce Bulifant, mantendo um relacionamento que durou de 1976 até 1993, além de outro casamento mais tarde, com Meredith Coffin McMachen, que se estendeu até sua morte em 2012.
A marca deixada por Elizabeth Montgomery em Bewitched permanece viva até hoje. Não só pelo seu talento inigualável como uma atriz, mas também pela representação de uma mulher que desafiou as normas sociais da época, questionando o que significava ser uma dona de casa e maternidade, tudo isso envolto em um manto de magia e humor. A série não apenas divertiu, mas também proporcionou reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, algo que reverberou por gerações. Assim, é impossível não celebrar o impacto e a magia que Samantha Stephens trouxe às telas e à vida de seus fãs, que assistem com nostalgia e admiração ao legado de Elizabeth Montgomery.
Em tempos onde as narrativas se diversificam e os ícones da televisão são analisados sob novas perspectivas, é essencial recordar a influência de Montgomery, que não apenas deu vida a uma personagem adorável, mas também se tornou um modelo de resistência e força feminina. Bewitched, com sua mistura única de realismo e fantasia, continua a encantar novas audiências, provando que a magia da televisão, assim como o amor e o desejo de mudança, é atemporal.