Ron Ely, o icônico ator que deu vida ao famoso personagem Tarzan na série dos anos 60 da NBC, faleceu aos 86 anos. A notícia foi confirmada por sua filha, Kirsten Casale Ely, à Associated Press, revelando que ele morreu em 29 de setembro em sua residência localizada em Los Alamos, Califórnia, uma comunidade não incorporada no condado de Santa Bárbara. A trajetória de Ely no cinema e na televisão, embora menos divulgada do que a de seu predecessor Johnny Weissmuller, que interpretou o papel em filmes nas décadas de 1930 e 1940, foi fundamental para moldar a imagem de um Tarzan musculoso e destemido, eternamente imortalizado também pela Disney.

Em uma emocionante homenagem em seu perfil no Instagram, Kirsten expressou o impacto que seu pai teve na vida de muitas pessoas. “Ele foi um ator, escritor, treinador, mentor, homem de família e líder”, escreveu. “Ele criou uma onda poderosa de influência positiva onde quer que fosse. O impacto que ele teve nos outros é algo que eu nunca testemunhei em nenhuma outra pessoa – havia algo realmente mágico nele.” Essas palavras ressaltam não apenas a carreira profissional de Ely, mas também seu papel como um ser humano que inspirou e afetou a vida dos que o cercavam.

Tragicamente, a vida de Ely também foi marcada por um evento dramático em 2019, quando sua esposa, Valerie Lundeen Ely, foi brutalmente assassinada em sua casa por seu filho Cameron Ely, que foi posteriormente morto pela polícia. O próprio Ron Ely, que estava presente no momento em que a tragédia ocorreu, expressou suas dúvidas sobre a justificativa da ação policial. Seu advogado questionou se a força letal era realmente necessária, refletindo sobre as circunstâncias que levaram à morte de seu filho. “Se ele não tinha uma arma ou não era uma ameaça, qual foi a base para a ação?”, questionou o advogado, ressaltando a complexidade do caso e a dor emocional que o ator teve que enfrentar.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Ron Ely teve uma presença marcante na televisão, inclusive como apresentador do concurso de Miss América, onde conheceu sua futura esposa, Valerie, uma ex-Miss Florida. O casal se casou em 1984 e teve três filhos, e em 2001, Ely decidiu se afastar das telas para se dedicar integralmente à família. “No final da vida, eu tinha uma família jovem. Decidi parar de atuar e trabalhar em casa, como autor, para que eu pudesse estar com as crianças durante a escola e assistir a seus jogos esportivos”, declarou ele em uma entrevista ao Daily Express em 2013.

É interessante notar que o Tarzan interpretado por Ely se distanciou do personagem que comumente era conhecido por seus grunhidos monosilábicos. Em vez disso, ele trouxe um Tarzan educado que se sentia enojado com a civilização e decidia retornar à selva africana onde foi criado. Isso trouxe uma nova perspectiva ao personagem clássico, ao mesmo tempo que Ely constantemente se envolvia com os animais durante as gravações, realizando seus próprios riscos e acrobacias. “Eles tentaram inicialmente escalar um ex-jogador de futebol chamado Mike Henry, mas ele não gostava de chimpanzés, e desde o momento em que chegou ao set, as coisas foram de mal a pior”, contou Ely, revelando um incidente emblemático que fortaleceu sua entrada no papel.

Antes de ser oficialmente escolhido como Tarzan, Ely teve uma experiência curiosa: “Eu me encontrei com eles numa segunda-feira e quando me ofereceram o papel, pensei: ‘De jeito nenhum eu quero cair nessa armadilha. Você faz Tarzan e você está marcado para a vida toda’”, relembrou, refletindo sobre a sabedoria que seu agente teve ao convencê-lo a aceitar o papel. “Na sexta-feira, eu estava a caminho do Brasil para filmar o primeiro episódio.” Além da série de televisão, ele ainda fez parte do elenco do filme de ação “Doc Savage: The Man of Bronze”, de 1975, e teve participações menores em produções como o musical “South Pacific”, de 1958.

Por fim, Ron Ely, que nasceu em Hereford, Texas, e cresceu em Amarillo, deixa sua marca não apenas como um intérprete emblemático do amante da selva, mas também como autor de duas novelas de mistério que apresenta o detetive fictício Jake Sands. A obra, “Night Shadows”, lançada em 1994, e “East Beach”, de 1995, demonstram o lado diversificado de sua carreira e criatividade. Ao lado de sua filha Kirsten e de sua filha Kaitland Ely Sweet, sua memória e legado continuarão a viver nas histórias e influências que ele deixou ao longo da vida. Ely não apenas interpretou um personagem lendário, mas também se tornou uma parte significativa da história do entretenimento nos Estados Unidos.

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