A plataforma de streaming Apple TV+ apresentou recentemente a sua nova série dramática chamada ‘Before’, estrelada pelo renomado ator de comédia Billy Crystal. Embora a trama ofereça um vislumbre da dor e do sofrimento pela perda de um ente querido, o que se revela na tela é uma produção que carece de vitalidade e que parece depender de uma fórmula narrativa que se repete até a exaustão. A série parece seguir uma tendência da plataforma de abordar histórias centradas em homens em luto por suas esposas falecidas, já que este é o terceiro programa da Apple TV+ neste ano a explorar tal premissa. Juntamente com ‘Disclaimer’, que apresenta Kevin Kline em um papel semelhante, e a segunda temporada de ‘Shrinking’, com Jason Segel, as narrativas deste stand-up da dor vão deixando o espectador com a sensação de déjà vu e desinteresse.

Um Enredo Sombrio Mas Previsível Que Não Entrega

‘Before’ apresenta Billy Crystal como Eli, um psicólogo infantil que está lidando com a morte de sua esposa, Lynn, que se suicidou após uma longa batalha contra o câncer. O personagem vive cercado por memórias que o atormentam, evitando até mesmo abrir a porta do banheiro onde sua esposa faleceu. Sua vida desmoronada é marcada por um afastamento significativo da filha Barbara, interpretada por Maria Dizzia, e um desprezo pelas suas responsabilidades profissionais como psicólogo. O enredo começa a se desdobrar com a chegada de Noah, um garoto de oito anos, que aparece de forma estranha no apartamento de Eli. Noah, interpretado por Jacobi Jupe, apresenta comportamentos inquietantes e aparenta estar passando por episódios de crises, o que leva Eli a se envolver com a situação da criança, cuja vida está nas mãos de uma mãe que parece estar lutando sozinha.

Ao longo da série, o tema sobrenatural começa a se destacar à medida que Eli tenta desvendar o que está acontecendo com Noah. O garoto, que mais parece um clichê ambulante de “criança estranha”, se vê em situações que flertam com a ideia de possessão e experiências além da compreensão comum. A narrativa, no entanto, se complica para o espectador quando Eli, um personagem que deveria ser racional e científico, começa a sentir uma conexão inexplicável com a criança, algo que desafia sua visão de mundo. Aqui, a série cai na armadilha do que pode ser chamado de “lógica dos sonhos”, uma tentativa frustrante de dar sentido a eventos desconexos e diálogos insípidos que parecem existir apenas para empurrar a narrativa adiante.

Um Olhar Crítico Sobre A Produção e A Atuação

Embora Billy Crystal apresente uma atuação convincente, a falta de profundidade no roteiro e no desenvolvimento dos personagens secundários acaba por anular a experiência que poderia ter sido enriquecedora. Vemos figuras como Judith Light, que vive a falecida esposa na memória de Eli, e outros coadjuvantes que parecem ser apenas adições sem importância à trama. Este uso de personagens que não se engajam nem têm continuidade nas narrativas leva a um desgosto crescente, já que eles são introduzidos sem um real propósito, apenas para levantar algumas questões que rapidamente são esquecidas.

O ambiente em ‘Before’ é sombrio e imersivo, embora muito desse tom seja criado de maneira artificial, utilizando de tonalidades escuras e cenários que provocam a sensação de vida em suspensão. Entretanto, mesmo os vários elementos de suspense presentes na trama acabam perdendo sua eficácia, pois repetições e a falta de coerência na construção dos episódios culminam em um produto que parece mais uma produção direta para vídeo de baixa qualidade, do que um verdadeiro esforço narrativo digno da atenção dos espectadores.

Conclusão: Um Entretenimento Que Deixa A Desejar

‘Before’ representa o tipo de conteúdo que pode rapidamente se tornar apenas mais uma série esquecida na vasta programação da Apple TV+. A promessa de uma abordagem mais reflexiva e sombria sobre o luto e suas implicações é praticamente anulada por uma execução que não consegue se desviar de uma linearidade entediante. Apesar da atuação isolada de Billy Crystal ser um ponto positivo, a série padece da falta de criatividade e escrita coerente. Com três séries no mesmo molde lançadas em um período de apenas alguns meses, os telespectadores são deixados questionando se a Apple TV+ irá realmente se distanciar dessa fórmula repetitiva ou se os veremos repetindo o mesmo padrão novamente. Para aqueles que buscam algo mais intrigante e energizante, talvez a recomendação seja dar uma olhadinha em outras produções da plataforma, como ‘Pachinko’, que prometem muito mais do que ‘Before’ consegue oferecer.

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