Novos Compromissos na Aliança Estratégica Próxima ao Ocidente

Recentemente, representantes das áreas de defesa da China e da Rússia se reuniram em Pequim, onde reafirmaram seu compromisso em expandir a cooperação militar entre os dois países. Este encontro, observado com atenção pelos Estados Unidos e seus aliados, destaca o crescente alinhamento estratégico entre as duas nações, em um contexto global de tensões. O ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, expressou que tanto a China quanto a Rússia têm “visões comuns, uma avaliação compartilhada da situação e um entendimento mútuo sobre o que precisam fazer juntos”, enquanto se reunia com Zhang Youxia, vice-presidente da Comissão Militar Central da China. Durante a conversa, Belousov enfatizou a importância de “fortalecer e desenvolver” a parceria estratégica existente, refletindo a profundidade do vínculo entre os dois países atualmente.

Esta visita, a primeira de Belousov à China desde sua nomeação em maio deste ano, ocorre em um momento crucial, com a expectativa de que o líder chinês, Xi Jinping, viaje para a Rússia em breve. Essa dinâmica entre China e Rússia é significativa, dado o panorama de fricções compartilhadas com o Ocidente. No último período, ambas as nações têm intensificado seus exercícios militares conjuntos, uma iniciativa que, segundo especialistas, serve como um sinal a Washington de que, embora não sejam aliados formais, também não estão isolados.

Reuniões Estratégicas e Segurança Regional

No encontro de terça-feira, Zhang reiterou a importância de aprofundar e expandir as relações militares entre os dois países, conforme relatado pelo Ministério da Defesa da China. Ele destacou a necessidade de proteger a soberania nacional de ambos os países e de defender os interesses de segurança e desenvolvimento, colaborando para a paz e estabilidade internacionais e regionais. No dia anterior, Belousov também manteve discussões com o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, quem ocupa uma posição inferior na hierarquia militar da China, evidenciando a seriedade das conversações. Essa viagem do ministro da Defesa russo antecede uma visita prevista por Xi Jinping à cidade de Kazan, na Rússia, para participar de uma cúpula do BRICS, um grupo econômico que tanto Moscou quanto Pequim veem como uma alternativa ao G7, agrupamento apoiado pelos Estados Unidos.

Ainda que a conclusão da visita de Xi não tenha sido oficialmente anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores da China, o Kremlin teria obtido confirmação da presença do líder chinês por meio do Ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Se confirmado, a viagem de Xi representaria sua segunda ao território russo após a invasão da Ucrânia por Putin em fevereiro de 2022 e a quinta oportunidade de se encontrar pessoalmente com o presidente russo durante esse período. Essa contínua troca de altos níveis de diplomacia e o aumento da coordenação de segurança entre China e Rússia atraem a atenção dos Estados Unidos e de nações aliadas, as quais acusam Pequim de facilitar a Rússia na guerra, principalmente através da disponibilidade de bens de uso dual, como ferramentas de máquinas e microeletrônica.

Em resposta às alegações, a China defende o que classifica como “comércio normal” com a Rússia, enfatizando sua posição de neutralidade no conflito que perdura. O intercâmbio comercial entre os dois países alcançou níveis recordes no último ano, tornando a China uma tábua de salvação econômica para a Rússia, que enfrenta sanções internacionais em decorrência do conflito armado. Nas últimas semanas, as guardas costeiras da China e da Rússia realizaram o que foi chamado por Pequim de sua primeira patrulha conjunta no Oceano Ártico, enquanto suas marinhas separadamente praticaram operações de guerra anti-submarina no Pacífico noroeste, segundo a mídia estatal russa.

Essas manobras ocorreram em meio a uma série de exercícios conjuntos realizados durante o verão, incluindo operações no Alasca, onde forças estadunidenses e canadenses interceptaram bombardeiros russos e chineses pela primeira vez. Além disso, as atividades no Mar do Sul da China se intensificaram, um espaço marítimo cada vez mais contestado, onde as tensões geopolíticas estão crescendo rapidamente. Vale ressaltar que a chegada de Belousov a Pequim coincidiu com um notável aumento das operações aéreas militares da China ao redor de Taiwan, que incluiu um recorde de voos de caças e outras aeronaves. O governo chinês declarou que esses exercícios serviram como um “alerta sério” às forças que buscam a independência em Taiwan, uma ilha que a China considera parte de seu território. Essa demonstração de força militar ocorreu logo após o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, ter se comprometido a proteger a soberania da ilha diante das ameaças de Pequim, ilustrando a complexidade da dinâmica regional em um mundo em constante mudança.

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