Iniciativa Surge em Resposta à Venda Indiscriminada de Vocais sem Consentimento

Um grupo de renomados dubladores japoneses anunciou a formação do coletivo denominado “No More Mudan Seisei AI” (No More Unauthorized Generative AI). A criação desse grupo tem como objetivo a luta contra a utilização não autorizada de suas vozes por meio de tecnologias de inteligência artificial. Na última terça-feira, as contas oficiais do grupo foram lançadas nas redes sociais, marcando o início de uma nova abordagem à proteção dos direitos dos artistas na era digital. A estreia do grupo foi acompanhada pela publicação de um vídeo no canal do YouTube, no qual o dublador Ryūsei Nakao, conhecido por seus papéis como Freeza na série Dragon Ball Z e Baikinman na franquia Soreike! Anpanman, expressou seu descontentamento ao descobrir que sua voz estava sendo comercializada sem sua autorização. Em um breve vídeo de 20 segundos, Nakao ressaltou que sua voz é sua fonte de sustento e parte essencial de sua vida, enfatizando a gravidade da situação. Para finalizar, ele convidou o público a refletir sobre os sentimentos dos dubladores em relação ao uso não autorizado da inteligência artificial para replicar vozes.

Parcerias e Projetos Voltados para a Proteção da Indústria de Dublagem

Além das iniciativas lançadas pelo grupo “No More Mudan Seisei AI”, um evento recente destacou a colaboração de duas importantes entidades na indústria de dublagem e tecnologia. No dia 7 de outubro, a agência de gerenciamento de talentos Aoni Production firmou uma parceria com a plataforma de voz AI CoeFont. O objetivo dessa colaboração é a criação de vozes replicadas por inteligência artificial a partir de dados vocais de dez dubladores. Entre os profissionais envolvidos estão figuras renomadas como Masako Nozawa e Banjō Ginga, que tiveram suas vozes utilizadas para desenvolver assistentes virtuais, dispositivos médicos, robôs e sistemas de navegação assistida por voz. O projeto oferecerá as vozes em diversos idiomas, começando pelo inglês e chinês. No entanto, a proposta não ignora os riscos que a utilização de inteligência artificial representa para os direitos e sustento dos artistas, comprometendo-se a não usar os dados de treinamento de vozes para performances em animações, dublagens ou obras semelhantes, o que reflete um esforço consciente para preservar a integridade da profissão.

Adicionalmente, o dublador Yūki Kaji lançou uma campanha em abril por meio do serviço de financiamento coletivo Campfire, que visa financiar seu projeto chamado Soyogi Fractal. Esse projeto tem como finalidade proporcionar aos criadores a oportunidade de utilizar a voz de Kaji para criar novas histórias e músicas de maneira inovadora, além de auxiliar na prevenção do uso ilícito de sua voz. A campanha de crowdfunding, que ocorreu entre 11 de abril e 31 de maio, tinha como meta inicial arrecadar 10 milhões de ienes, equivalente a aproximadamente 66.900 dólares. Com um apoio considerável da comunidade, Kaji conseguiu arrecadar mais que três vezes esse valor, totalizando uma impressionante quantidade de 27 milhões de ienes, com a participação de 907 apoiadores ao longo da campanha.

Reflexões sobre o Futuro da Dublagem em um Mundo Dominado pela IA

Essas ações coletivas por parte dos dubladores refletem uma crescente preocupação com o futuro da profissão e a necessidade urgente de criar um ambiente onde o trabalho dos artistas seja respeitado e protegido. A utilização de inteligência artificial para replicar vozes não é uma questão apenas técnica, mas envolve questões éticas profundas sobre direitos autorais e a dignidade profissional. À medida que a tecnologia avança, é imperativo que os profissionais da indústria se unam e liderem a discussão sobre como devem ser tratados os direitos dos artistas e como a tecnologia pode coexistir de maneira respeitosa com a arte da dublagem. A pressão sobre as plataformas de inteligência artificial e as indústrias de entretenimento irá, sem dúvida, aumentar, à medida que mais vozes se levantam contra o uso indevido de suas criações pessoais. Este é um momento crítico, onde a resposta do setor pode definir não apenas a sobrevivência dos dubladores, mas também o futuro da criatividade em um mundo influenciado pela inteligência artificial.

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