A blockchain vem apresentando inovações constantes, mas uma nova proposta pode ser o divisor de águas nesse espaço em rápida evolução. O projeto Astria, que se autodenomina a “primeira camada de sequenciamento compartilhada e descentralizada”, divulgou com entusiasmo o lançamento da sua rede principal para a versão alfa. Esse avanço não é apenas um marco para a Astria, mas também para o ecossistema blockchain de forma mais ampla. No reino dos blockchains, a descentralização é uma virtude a ser buscada, e a Astria promete dar um passo significativo nessa direção.
No contexto das redes blockchain, particularmente nas que operam em camadas, um aspecto crítico é o funcionamento dos “sequenciadores”, que são componentes essenciais nas redes de camada 2. Tais sequenciadores são responsáveis por compilar transações que ocorrem em uma rede secundária antes de registrá-las em uma blockchain principal, como a Ethereum. Um exemplo notável é o Metis, que desenvolveu seu próprio sequenciador descentralizado. Todavia, a proposta da Astria se destaca, pois seu modelo de sequenciamento pode ser utilizado como um plug-in modular para outras redes, oferecendo uma alternativa aos sequenciadores centralizados, frequentemente associados a riscos como gargalos no processamento, pontos únicos de falha e potenciais vetores de censura de transações. Vale lembrar que a maioria das redes de camada dois que operam atualmente, como a Base da Coinbase, ainda dependem de sequenciadores centralizados, gerando receitas significativas para suas empresas-mãe.
A Astria expressou seu objetivo com muito entusiasmo: “Com o lançamento da rede principal de hoje, demos um passo significativo em direção à nossa visão de tornar a descentralização a norma no espaço cripto.” A declaração destaca o comprometimento da Astria em oferecer soluções que contradizem a centralização, um conceito que contradiz os princípios fundamentais da tecnologia blockchain.
O projeto, que arrecadou 5,5 milhões de dólares em abril de 2023, tem em sua base investidores renomados como 1kx, Delphi Ventures e Figment Capital. Inicialmente concebido para criar uma camada de liquidação para redes de rollup nativas na rede de disponibilidade de dados Celestia, a Astria evoluiu em sua concepção. Como mencionado no comunicado à imprensa, a equipe percebeu que a liquidação não era o único elemento em falta no ecossistema modular. “Os desenvolvedores precisavam de uma forma de fornecer confirmações rápidas aos seus usuários, sem depender de sequenciadores centralizados como os rollups de outros ecossistemas”, destacou a equipe do projeto.
Um dos aspectos mais interessantes da Astria é sua compatibilidade com diferentes ambientes de programação. O projeto pode operar tanto no ambiente EVM, compatível com Ethereum, voltado para a programação de contratos inteligentes, quanto no ambiente SVM de Solana. Com isso, a Astria amplia suas possibilidades de adaptação e integração, o que é crucial em um campo tão dinâmico quanto o das blockchains.
Os desenvolvedores afirmam que sua configuração representa “uma rede única e permissiva que pode ser compartilhada por muitos rollups, oferecendo tanto liquidação quanto sequenciamento descentralizado, com tempos de bloco rápidos (cerca de 2 segundos) e finalização em um único slot.” Isso representa um avanço significativo em termos de eficiência e eficácia no processamento de transações em redes descentralizadas. A Astria se identifica como um projeto que tem sua essência ancorada em Celestia, e isso é ressaltado no comunicado ao afirmar que não poderia existir sem o apoio da Celestia Labs e da fundação, juntamente com o ecossistema maior da Celestia.
Com o lançamento da versão alfa da mainnet da Astria, a rede utiliza o token da Celestia (TIA), com dados sendo postados na blockchain da Celestia. Com isso, a primeira postagem de dados na rede foi realizada, marcando o início de uma nova era para a Astria e para as interações potencialmente descentralizadas que ela promete otimizar.
Ao observar o crescimento e a inovação no espaço blockchain, fica evidente que projetos como o da Astria não apenas avançam a tecnologia, mas também estimulam um debate mais amplo sobre a natureza da descentralização e sua importância no futuro das transações digitais. Assim, a Astria não é apenas uma mais nas fileiras das inovações tecnológicas — ela é, conforme se apresenta, uma vanguarda em um movimento que visa estabelecer a descentralização como uma norma e não uma exceção no mundo das criptomoedas.