Na última terça-feira, 22 de outubro, a renomada atriz Bethany Joy Lenz se abriu sobre sua experiente e angustiante vivência em um culto ultra-cristão que a aprisionou por uma década. Durante sua participação no programa Good Morning America, Lenz, de 43 anos, lançou seu novo livro de memórias intitulado Dinner for Vampires: Life on a Cult TV Show (While also in an Actual Cult!), onde relata de forma impactante todas as dificuldades enfrentadas enquanto era profundamente devota a um pequeno grupo religioso liderado por um pastor dúbio em Idaho. Este grupo não só controlou suas escolhas de vida e carreira, mas também suas finanças, criando uma redoma de opressão que ela só conseguiu romper anos depois, inspirada pela presença de sua filha.
Bethany casou-se com o músico Michael Galeotti em 2005 e deu à luz sua filha, Rosie, em 2011. O relacionamento deles, no entanto, chegou ao fim em 2012, o mesmo ano em que a atriz decidiu dar um basta na vida dentro da seita. Durante a entrevista, Lenz confessou que “eu fui embora por causa da minha filha”. Essa decisão de romper com uma vida de sofrimento e controle foi uma clara demonstração de amor e proteção. A dedicação à sua filha tornou-se a luz no fim do túnel em meio a um período sombrio de servidão e vulnerabilidade emocional, estabelecendo um marco crucial em sua jornada de recuperação.
Ao relembrar os momentos que a levaram a essa decisão drástica, Lenz refletiu: “Eu me lembro de ter esse pensamento, eu disse: ‘Eu não sei o que está de errado comigo e por que eu permito que me tratem assim, mas não há como eu deixar que isso aconteça com ela. Temos que sair’.” Essas palavras revelam um lado poderoso da experiência humana, onde, em momentos de desespero, a força de um amor materno pode desafiar as correntes do controle e da manipulação.
Em uma conversa mais profunda com a revista PEOPLE, Lenz compartilhou que sua decisão de falar publicamente sobre suas experiências não é uma questão de bravura, mas sim algo que considera fundamental: “Eu não penso nisso como coragem. Eu considero isso uma questão importante. Viver silenciosamente com o sofrimento que experienciei, não sei se isso ajuda alguém.” Suas reflexões transmitem uma mensagem poderosa de resiliência, visando não só a sua cura, mas a de outras pessoas que possam estar presas a situações semelhantes. Lenz deseja que seu relato funcione como um farol de esperança e encorajamento, instigando pessoas a reconhecerem o que não está certo em suas vidas e a terem coragem para romper com essas dinâmicas prejudiciais.
Uma das partes dolorosas da sua jornada foi a perda financeira dramática que ela enfrentou. Lenz conseguiu acumular milhões de dólares com sua atuação em One Tree Hill, apenas para ter sua fortuna em grande parte apropriada pelo líder do culto. A atriz descreveu o difícil processo de reconstruir a própria vida, logo após abandonar um programa de televisão que se estendeu por nove temporadas. “Deixar um programa de TV depois de nove temporadas, deixar todos os meus amigos [do culto] que conheci nos últimos 10 anos, deixar meu casamento, deixar o estado, tudo ao mesmo tempo… e então, era só eu e meu bebê em Hollywood, como: ‘Me contrate, alguém?’ Não sabendo como ia pagar o aluguel, porque todo o dinheiro estava ido… isso foi realmente incrivelmente difícil,” desabafou.
As noites de lágrimas e questionamentos sobre sua luta emocional tornaram-se frequentes. Lenz contou que, em meio a sentimentos intensos de raiva e injustiça, houve momentos em que simplesmente não sabia como administrar essas emoção. “Tive muitas noites em que fiquei chorando no chão, tentando descobrir como gerenciar e o que fazer com minhas emoções, a raiva, a injustiça, todas essas coisas,” relatou. Essas passagens mostram a profundidade de sua dor e o desafio monumental de reconstruir uma vida, especialmente após ter vivido sob a sombra de um controle opressivo e manipulador.
A história de Bethany Joy Lenz não é apenas um relato pessoal, mas um testemunho de superação e transformação. Sua coragem em compartilhar sua experiência complexa é um chamado à ação para que muitas outras pessoas que podem estar enfrentando situações semelhantes se sintam motivadas a mudar suas vidas. Em um mundo onde os cultos e práticas abusivas ainda flutuam sob a superfície, seu relato se torna uma luz que pode guiar aqueles que se perderam no caminho de volta para a liberdade e para o amor próprio, trazendo esperança onde antes havia desespero.