Após dias de incerteza quanto às condições climáticas, a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos confirmou neste domingo que a SpaceX recebeu autorização para prosseguir com o lançamento da sonda Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), programado para a manhã de segunda-feira. O custo da missão é estimado em $398 milhões e o lançamento está programado para ocorrer às 10h52 EDT, usando o foguete Falcon 9 a partir do pad 40, na Estação da Força Espacial de Cape Canaveral. No entanto, a previsão de tempo em condições adversas está indicando uma probabilidade de até 85% de nuvens densas e chuvas, o que pode resultar em atrasos significativos, especialmente se o lançamento for adiado para terça-feira, momento em que a probabilidade de cancelamento aumenta para 75%. O gestor do projeto Hera, Ian Carnelli, expressou o estresse da situação ao fazer uma brincadeira com repórteres, ressaltando a sua impotência diante das variáveis meteorológicas que podem afetar a missão.
A missão Hera é considerada um avanço no estudo de asteroides, particularmente no que diz respeito aos efeitos da colisão realizada pelo projeto DART da NASA, que em setembro de 2022 teve como alvo a pequena lua Dimorphos, orbitando o asteroide Didymos. Esta colaboração entre a ESA e a NASA visa compreender melhor as dinâmicas e as estruturas de corpos celestes, oferecendo informações cruciais sobre a possibilidade de desviar asteroides que possam representar uma ameaça para a Terra. Para tanto, Hera não estará sozinha em sua missão; ela utilizará duas pequenas subsondas que realizarão medições orbitais e estruturais necessárias, expandindo ainda mais o conhecimento científico em contextos de defesa planetária.
Por um outro lado, a previsão de furacão Milton representa uma ameaça significativa não só para o lançamento da sonda Hera, mas também para várias outras operações espaciais planejadas na costa da Flórida. O furacão está projetado para cruzar a península da Flórida na quarta-feira, aumentando o potencial de complicações para o lançamento da sonda Europa Clipper, da NASA, que tinha sido agendado para quinta-feira, mas agora está munido de riscos consideráveis. O diretor sênior do Programa de Serviços de Lançamento da NASA, Tim Dunn, enfatizou em declaração a importância da segurança para a equipe de lançamento, afirmando que assim que as condições forem adequadas, serão realizadas avaliações e quaisquer ações de recuperação necessárias para determinar uma nova janela de lançamento.
A embarcação Crew Dragon da SpaceX, que transporta quatro astronautas – três da NASA e um cosmonauta russo – também sofrerá atrasos em seu retorno a Terra devido às expectativas de clima severo para a região. Originalmente, a equipe era esperada para retornar após uma missão de 217 dias na Estação Espacial Internacional, mas agora sua partida foi adiada pelo menos até quinta-feira, considerando que o local de amerissagem precisa de condições calmas no Golfo do México ou no Oceano Atlântico para garantir uma descida segura.
Enquanto isso, a autorização da FAA se aplica especificamente ao lançamento da sonda Hera, pois a instituição continua a investigar uma falha ocorrida em um estágio superior do Falcon 9 no dia 28 de setembro. Essa falha resultou em um erro na reentrada do estágio na atmosfera terrestre, sendo que a SpaceX frequentemente destrói essas partes ao final de suas missões para prevenir colisões ou problemas que possam aumentar a quantidade de detritos espaciais já presente em órbita baixa da Terra. O objetivo da FAA é garantir que a situação seja completamente compreendida e corrigida para que futuras reentradas possam ser realizadas com segurança, assegurando que qualquer fragmento que sobrevir à reentrada caia em áreas do oceano previamente determinadas, longe de rotas de navegação e áreas habitadas.
O estágio do Falcon 9 que será utilizado na missão Hera possuirá propulsão suficiente para levar a sonda ao espaço profundo e não retornará à Terra, minimizando assim o risco em caso de malfuncionamento. A FAA declarou que a ausência de uma reentrada do segundo estágio para a missão Hera é suficiente para mitigar o principal risco ao público caso a falha se repita como na recente missão Crew-9. A declaração enfatizou que a segurança será prioridade na revisão da FAA em relação ao incidente e que a agência determinará quando o Falcon 9 poderá retornar às suas operações regulares.
Embora o lançamento da sonda Europa Clipper tenha seus preparativos de lançamento sendo controlados devido à possibilidade de condições climáticas adversas, a autorização da FAA, caso chegue a tempo, provavelmente não terá relevância imediata, visto que é improvável que a sonda Clipper e seu foguete Falcon Heavy sejam movidos para o local de lançamento do Centro Espacial Kennedy antes que o furacão Milton tenha passado pela região. Com isso, a atenção estará voltada para a situação meteorológica, que se mostra como um fator decisivo para as operações espaciais desta semana crucial.