O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um apelo urgente para que os capacetes azuis da ONU que atuam no Líbano deixem imediatamente suas posições, em meio à escalada dos combates entre as forças israelenses e o grupo militante Hezbollah. A solicitação de Netanyahu surge em um momento crítico, em que a operação terrestre de Israel está em andamento e o risco para os membros da ONU aumenta a cada dia, embora a ONU tenha até agora se recusado a abandonar suas bases, defendendo a sua presença na região. Essa situação ilustra uma dimensão complexa e perigosa no atual contexto do Oriente Médio, onde as tensões estão nas alturas e a violência se espalha rapidamente em várias frentes.
Desde o início da operação terrestre contra o Hezbollah, as forças israelenses têm atacado repetidamente áreas onde estão localizados os primeiros socorros e as tropas de paz da ONU, levando a um aumento de críticas e preocupações sobre a segurança dos civis e dos integrantes da missão internacional. Netanyahu sustenta que o Hezbollah, grupo ligado ao Irã, estaria utilizando ambulâncias para transportar combatentes e armamentos, além de operar nas proximidades dos postos de paz, embora não tenha fornecido evidências substanciais para respaldar essa acusação. As ações da artilharia israelense estão sendo fortemente questionadas, especialmente após um trágico incidente no qual quatro paramédicos foram feridos durante uma operação de resgate, após um ataque aéreo israelense ter destruído um prédio no sul do Líbano, um episódio que se desenrolou enquanto a operação de resgate estava devidamente coordenada com os soldados da ONU.
Jagan Chapagain, líder da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, chamou a atenção para a necessidade de garantir que as equipes de resgate operem sob proteção adequada. Ele enfatizou a importância do respeito aos emblemas da Cruz Vermelha, como preconiza o Direito Internacional Humanitário. Este aviso reflete uma preocupação crescente com a segurança das operações humanitárias na região, que se complicam em um cenário onde as hostilidades estão em ascensão e as regras de engajamento parecem estar sendo desconsideradas. Nos últimos dias de combates, pelo menos cinco membros da força de paz da ONU foram feridos, o que levanta mais uma vez a questão sobre a viabilidade da presença da ONU no local.
Durante um vídeo direcionado ao Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, que atualmente enfrenta restrições para entrar em Israel, Netanyahu reiterou seu apelo para que as tropas de paz abandonem a zona de conflito, caracterizando-as como um “escudo humano” para o Hezbollah. A mensagem carregou um tom de urgência, com Netanyahu afirmando que a segurança dos soldados da ONU poderia ser significativamente assegurada através de sua retirada das áreas de combate. Ele pediu a Guterres que tomasse providências imediatas para a evacuação das forças da ONU, em um contexto de crescente pressão sobre as operações de paz no Líbano.
Por outro lado, a força de intervenções temporárias da ONU no Líbano (UNIFIL) manteve uma posição firme, afirmando que uma decisão unânime foi tomada para permanecer em operação. O porta-voz da UNIFIL, Andrea Tenenti, defendeu a relevância da presença da ONU na região, destacando a importância de manter a bandeira da ONU erguida e relatando a situação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, apesar do aumento do risco e da hostilidade em curso. Neste cenário de crescente tensão, o Hezbollah, por sua vez, desapontou a comunidade internacional ao começar a disparar foguetes contra Israel em resposta ao que considerava uma agressão sem precedentes, desencadeando um novo ciclo de violências a partir de 8 de outubro de 2023. O conflito aumentou exponencialmente em setembro, quando ataques aéreos israelenses resultaram na morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, bem como de altos comandantes do grupo, culminando na recente escalada de intervenções militares em solo libanês.
Desde o início das hostilidades atuais, o impacto humano tem sido significativo, com pelo menos 2.255 pessoas perdendo a vida no Líbano e, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de 1.400 dessas mortes ocorreram desde setembro. Adicionalmente, os ataques de foguetes contra Israel resultaram em pelo menos 54 fatalidades, com cerca de metade delas envolvendo soldados israelenses, reforçando assim a gravidade da situação. As chamadas para cessar-fogo e discussões diplomáticas estão se tornando progressivamente mais urgentes à medida que a comunidade internacional observa com apreensão o desenrolar do conflito, que continua a ter repercussões graves tanto no Líbano quanto em Israel, gerando uma nova instabilidade em uma região já marcada por longas e complexas crises humanitárias.