Na crescente e muitas vezes tumultuada indústria de criptomoedas, a reputação de algumas figuras proeminentes pode ser um divisor de águas para projetos ambiciosos. Durante uma conversa recente com a CoinDesk, Robert Liu, membro do conselho da BitGlobal, destacou a importância do fundador da Tron, Justin Sun, dentro do projeto de Wrapped Bitcoin (WBTC). Liu argumentou que o blockchain criado por Sun é amplamente confiável, em especial por ser utilizado por detentores de mais de 60 bilhões de dólares do stablecoin Tether (USDT), ressaltando que a arquitetura proposta pelo projeto visa muito mais do que uma mera competição com ETFs de bitcoin, mas sim uma verdadeira alternativa cripto.

Atualmente, o WBTC, que já possui uma capitalização de mercado avaliada em 9 bilhões de dólares, tende a expandir seu volume de negociações de cinco a dez vezes em relação aos números atuais. Para isso, a BitGlobal planeja adotar uma estrutura de custódia geograficamente diversificada, o que pode atrair compradores fora do mercado dos Estados Unidos. Essa estratégia é particularmente relevante em um momento em que o mercado de criptomoedas busca maior segurança e confiabilidade em meio a uma onda de desconfiança que se alastra no setor.

Por outro lado, Liu abordou as preocupações com alternativas supostamente mais descentralizadas ao WBTC, afirmando que “não existe responsabilidade se algo dá errado”. Ele criticou o anonimato que alguns dos críticos do WBTC adotam na internet, ressaltando que, ao contrário de muitos que se escondem atrás de apelidos e termos animais, ele e sua equipe se apresentam de maneira transparente, como se espera em um mercado que ainda tenta estabilizar sua reputação frente a reguladores e investidores. Enquanto muitos usuários têm aversão a perder acesso aos seus ativos, Liu defendeu que, com a BitGlobal e suas práticas de custódia, os investidores podem ficar tranquilos, já que a proposta do projeto é alicerçada em um sistema de controle que zela pela integridade e segurança dos recursos confiados.

As ramificações da presença de Justin Sun geraram discussões acaloradas e, em agosto, algumas das revelações mais recentes sobre sua participação nas operações de custódia do WBTC tiraram o sono de muitas grandes figuras do setor. A confusão resultou em pelo menos um projeto relevante no espaço DeFi, que considerou afastar completamente o WBTC como opção de colateral. No entanto, Liu reiterou que, ao contrário do que muitos acreditam, Sun exerce apenas um papel de conselheiro estratégico, sem qualquer relação de propriedade ou de gestão direta em sua estrutura.

Ontem, Liu conversou sobre como o acordo com a BitGo começou: “A conversa começou no ano passado, logo após a negociação da BitGo com a Galaxy não ter dado certo. Naquele ponto, já estávamos prevendo que o ETF de bitcoin poderia ser aprovado em algum momento e para nós, o WBTC se apresentava como uma alternativa. Assim, fizemos um conjunto de contatos”, explicou. Embora o projeto ainda tenha muito caminho pela frente para atingir seu potencial máximo, Liu acredita que uma combinação de crescimento das custódias e a melhoria nas regulamentações internacionais pode ser a chave para expandir o mercado de WBTC.

Recentemente, a BitGo anunciou mudanças em sua estrutura de custódia e distribuição de chaves, buscando descentralizar mais a operação. A empresa agora distribui o controle sobre a custódia do WBTC a três entidades globais, uma mudança percebida como um movimento estratégico para responder às preocupações da comunidade cripto. Liu enfatizou que a BitGlobal será uma das guardiãs dessa responsabilidade, trabalhando em parceria com a BitGo, que agora possui uma licença em Cingapura, para garantir ainda mais a conformidade e segurança dos ativos.

Em um cenário onde grandes players como a BlackRock apostam em ETFs de bitcoin, Liu vê a chance de o Wrapped Bitcoin recuperar sua popularidade e crescer exponencialmente. Ele adicionou que muitos usuários internacionais relutam em colocar seus Bitcoins sob a custódia dos EUA, devido ao ambiente regulatório adverso. Para Liu, a junção de um modelo confiável que assegura a custódia de criptoativos e a geolocalização diversificada de suas operações se apresenta como um diferencial.

Por fim, ao questionar sobre a competição e possíveis desvantagens frente a alternativas descentralizadas, Liu afirmou que a BitGlobal possui uma vantagem inegável, especialmente em sua abordagem para garantir segurança e controle em múltiplas jurisdições. Ele concluiu dizendo que, enquanto as alternativas mais descentralizadas ainda têm que aprender muito sobre como estabelecer um funcionamento eficaz e seguro, a BitGlobal está posicionada para ser um player essencial em um mercado em evolução constante. O futuro do WBTC, portanto, esboça um panorama promissor de expansão, trazido não só por inovações técnicas, mas também pela sólida estrutura de governança que promove a responsabilidade e a transparência.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *