Sequência de grande orçamento enfrenta críticas severas e rivaliza com filme independente em ascensão
No último fim de semana, a tão aguardada sequência de Joker, intitulada Joker: Folie à Deux, desembarcou nas telonas, mas não da maneira esperada por seus realizadores. Com avaliações desfavoráveis, reações negativas do público e uma bilheteira significativa inferior ao seu antecessor, o filme provocou um alvoroço que ainda reverbera na indústria cinematográfica. O grande investimento de US$ 200 milhões na produção, somado a uma queda abrupta de arrecadação, gera preocupações sobre a viabilidade financeira do projeto e provoca um debate sobre a verdadeira continuidade da franquia. A primeira entrega da saga, lançada em 2019 e dirigida por Todd Phillips, foi um sucesso estrondoso, arrecadando mais de US$ 1 bilhão mundialmente e recebendo 11 indicações ao Oscar, com Joaquin Phoenix garantindo a estatueta de Melhor Ator. Por outro lado, a tão esperada sequência parece ter enfrentado uma recepção amplamente negativa.
Joker: Folie à Deux, que se aloja em um formato de musical e drama de tribunal, não conseguiu capturar o público da mesma forma que seu predecessor. As críticas desenvolveram-se em torno da narrativa confusa e da inadequação do tom musical ao espírito da narrativa original. Muitas análises apontaram, mesmo, que a história parecia entediante e sobrecarregada, levando os espectadores a manifestarem descontentamento em relação ao desfecho e à utilização limitada de Lady Gaga como Harley Quinn. Como resultado, muitos fãs não compareceram às salas de cinema, refletindo a insatisfação generalizada com o que foi apresentado. De acordo com informações do Deadline, a segunda semana de exibição do filme trouxe uma arrecadação de apenas US$ 7 milhões nos Estados Unidos, representando uma queda alarmante de 81% em relação ao total de US$ 37,6 milhões do fim de semana de abertura. Comparativamente, no lançamento de Joker em 2019, o filme arrecadou mais de US$ 95 milhões na estreia e viu uma queda de apenas 41% na segunda semana, totalizando aproximadamente US$ 55 milhões em sua continuidade nas bilheteiras. Este atual cenário de Joker: Folie à Deux marca um dos maiores declínios de arrecadação da história para uma sequência.
Além de enfrentar críticas, a sequência se viu em uma situação complicada competindo com produções de custos muito mais baixos. O filme independente de terror, Terrifier 3, desafiou as expectativas e se tornou o favorito nas bilheteiras, arrecadando US$ 18 milhões em seu fim de semana de lançamento, superando assim Joker: Folie à Deux que ocupou a quarta posição no ranking. Essa comparação se torna ainda mais impactante ao considerar que Terrifier 3 foi produzido com um orçamento de apenas US$ 2 milhões, provavelmente tornando-se lucrativo rapidamente, enquanto Joker: Folie à Deux, com seu custo exorbitante, pode resultar em prejuízos significativos para a Warner Bros., que estima perder entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões com essa produção.
À medida que a resposta ao filme se torna cada vez mais fraca, a Warner Bros. aparentemente vislumbra que a sequência de um grande orçamento não pode mais contar com um milagre nas bilheteiras para reverter a tendência. Deste modo, a administração do estúdio planeja liberar Joker: Folie à Deux em plataformas digitais e serviços de streaming já no dia 29 de outubro, com a intenção de recuperar parte do investimento por meio de canais alternativos. Essa manobra em direção ao digital ecoa movimentos semelhantes realizados por outros estúdios com projetos que falharam nas bilheteiras. Um exemplo recente é o filme Borderlands, que, apesar de seu potencial, também se classificou como um fracasso de bilheteira. O cenário atual da franquia Joker representa uma realidade difícil para as adaptações cinematográficas e destaca a fragilidade do entretenimento de alto investimento em um mercado cinematográfico em rápida mudança.
Desafios futuros e reconfiguração das expectativas na indústria cinematográfica
Com a experiência amarga de Joker: Folie à Deux, a análise sobre a necessidade de inovação nas narrativas de super-heróis ganha uma nova camada de entendimento. O que se espera agora, diante de um resultado tão decepcionante, é que as produções posteriores aprendam com os erros visíveis e busquem alternativas que dialoguem melhor com as demandas do público contemporâneo. É fundamental que os estúdios avaliem com mais minúcia o apelo do conteúdo oferecido e o impacto da recepção crítica na bilheteira. Portanto, o desempenho de Joker: Folie à Deux se torna um case representativo do que pode ser o futuro do cinema de super-heróis, uma área repleta de promessas, mas que, como se vê agora, é cada vez mais vulnerável às respostas do público e à dinâmica do mercado.