O mais recente documentário da Disney+, intitulado ‘Música por John Williams’, apresenta uma análise profunda e comovente da carreira de um dos compositores mais icônicos do cinema. Dirigido por Laurent Bouzereau, o filme, que tem uma duração total de 105 minutos, foi lançado pela primeira vez no AFI Fest, antes de sua estreia oficial na plataforma de streaming em 1º de novembro. O trabalho não é apenas uma exploração da rica trajetória profissional de Williams, mas também uma celebração de sua influência duradoura na indústria cinematográfica ao lado de diretores lendários como Steven Spielberg e George Lucas. Assim, o documentário se destaca como uma valiosa adição ao catálogo da Disney+, equiparando-se a outros tributos nostálgicos à arte e personalidades do cinema.
Uma das características mais marcantes da produção é sua capacidade de evocação emocional. O nome ‘John Williams’ está imerso na cultura pop, gerando reações quase instantâneas entre os admiradores do cinema, que são transportados a momentos marcantes através de suas trilhas sonoras memoráveis, que vão desde os épicos filmes de aventura até dramas emocionais. Bouzereau habilmente capitaliza essa conexão, utilizando a música nostálgica de ‘The Fabelmans’ como um pano de fundo que traça a jornada de Williams desde sua infância até a glória em Hollywood, começando de sua formação como pianista de jazz e músico de sessões, até se afirmar como um dos maiores compositores de todos os tempos.
Nas primeiras horas do documentário, Bouzereau utiliza um formato cronológico que resgata a carreira de Williams de maneira acessível e envolvente. A riqueza da narrativa é complementada por uma série de relatos memoráveis com Spielberg e outros colaboradores, como J.J. Abrams, que compartilham suas experiências sobre como as composições de Williams moldaram as narrativas dos filmes com os quais estiveram envolvidos. Fica evidente que essa relação vai além do profissional, transformando-se em uma amizade cheia de cumplicidade e respeito mútuo. Os momentos em que Williams e Spielberg se encontram para discutir suas colaborações são particularmente tocantes, demonstrando a autenticidade de suas associações e a alegria que a música trouxe para suas vidas.
Enquanto o documentário revisita as principais trilhas sonoras que definiram gerações, como ‘Star Wars’, ‘E.T. – O Extraterrestre’ e ‘A Lista de Schindler’, ele também tem a capacidade de provocar discussões mais profundas sobre o processo criativo de Williams, que poderia ser explorado mais generosamente. Embora algumas discussões sobre musicologia sejam breves e rudimentares, as reflexões emocionais presentes ao longo do filme garantem que o espectador não sinta falta de conteúdo técnico avançado. A narrativa é mantida leve, com um equilíbrio entre a análise da obra de Williams e o tributo sincero à sua genialidade musical.
No entanto, não se pode ignorar que o filme poderia ter se beneficiado de uma exploração mais profunda das influências e do impacto do compositor em campos além do cinema, como a música clássica e o jazz. Ao mesmo tempo, Bouzereau faz um esforço admirável ao reunir uma variedade de artistas e músicos, desde nomes renomados da música clássica até músicos populares, que expressam seu entusiasmo pelo legado de Williams. A música do cantina de ‘Star Wars’, citada por Chris Martin, por exemplo, revela o quão vasto e impactante é o trabalho de Williams, transcendendo barreiras de gênero e gerando novos admiradores a cada geração.
À medida que se aproxima do final, ‘Música por John Williams’ torna-se um tributo vibrante não apenas à música, mas ao homem por trás dela. Apesar de algumas passagens mais nostálgicas da vida pessoal de Williams serem abordadas, como a morte de sua primeira esposa, a maior parte do documentário é dedicada a elevar suas conquistas como compositor. A última parte se transforma em uma celebração mais nebulosa, onde o foco recai sobre sua atual atividade criativa e seu entusiasmo contínuo em se apresentar e compor, mesmo aos 92 anos de idade. Williams, inegavelmente, deixou um legado indelével, e o filme conclui com um convite ao espectador para explorar sua vasta obra, seja revisitando clássicos como ‘Tubarão’ e ‘Os Vencedores’, ou simplesmente apreciando a música que o compositor trouxe para nossas vidas.
No balanço geral, este documentário se estabelece como uma experiência rica e satisfatória, embora não reveladora para os mais familiares com a trajetória de Williams. Encanta tanto os admiradores de longa data quanto aqueles que estão apenas começando a descobrir a mágica que sua música proporciona. A sensação geral, ao final, é de que a obra e o talento de John Williams são devidamente respeitados e celebrados, e a arte dele continuará a embalar nossas lembranças e emoções por muitos anos.