Na sua primeira aparição no famoso podcast “The Joe Rogan Experience”, o ex-presidente Donald Trump, que é o candidato indicado pelo Partido Republicano para 2024, abordou diversos temas culturais e políticos que já vêm sendo discutidos por ele há algum tempo. A conversa, que se estendeu por três horas, incluiu a afirmação controversa de que a eleição de 2020 foi “roubada” dele. As declarações de Trump, que geraram polêmica e divisões, foram novamente trazidas à tona, revelando a persistência do ex-mandatário em questionar os resultados da última eleição presidencial.
Debate acalorado e alegações infundadas sobre a eleição
Durante a conversa, Joe Rogan não hesitou em questionar Trump sobre os seus contínuos comentários de que as eleições de 2020 foram manipuladas. De forma prolixa, Trump começou a apresentar seu argumento, mencionando que várias mudanças nas leis eleitorais não receberam a devida aprovação legislativa. “Aquela eleição foi tão criminosa, foi a mais criminosa de todas”, afirmou Trump, enquanto Rogan buscava exemplos concretos que pudessem respaldar essa afirmação. Contudo, a resposta de Trump à insistência de Rogan em entender melhor suas alegações foi vaga e sem evidências palpáveis.
Trump, então, mencionou a situação em Wisconsin, descrevendo que, segundo ele, houve uma admissão implícita de que a eleição naquele estado foi “rigada, roubada e furtada”. Ele lamentou que o acesso às cédulas não foi concedido em várias áreas e que muitas delas não estavam assinadas ou não eram originais. A partir desses comentários, a conversa fluiu para um período de divagações em que Trump, em uma tentativa de se justificar, pareceu oscilar entre reconhecer a derrota e reafirmar suas alegações infundadas de fraude. “Eu perdi por tipo… eu não perdi, mas eles dizem que eu perdi, Joe”, afirmou, em um momento que chamou a atenção para a confusão em suas próprias palavras.
A batalha pela atenção do eleitorado jovem masculino
A participação de Trump no podcast de Rogan visava principalmente atrair o voto do público masculino jovem, um segmento que tem se mostrado valioso na corrida eleitoral. O podcast de Rogan, que agora está disponível em múltiplas plataformas além do Spotify, como Apple Podcasts e YouTube, alcançou uma audiência predominantemente masculina, com mais de 81% dos ouvintes identificados nesse perfil etário, sendo mais de 50% com menos de 35 anos, segundo uma pesquisa da YouGov. Em contrapartida, a vice-presidente Kamala Harris se esforça para expandir seu apelo para o mesmo público, o que torna uma possível aparição no programa de Rogan uma boa estratégia.
Este ambiente competitivo se intensificou ainda mais após Rogan fazer comentários que foram interpretados como uma possível aprovação ao candidato independente Robert Kennedy Jr., provocando uma reação imediata de apoiadores de Trump que rapidamente intensificaram a pressão sobre Rogan. Em um post na plataforma Truth Social, Trump escreveu que seria “interessante ver com que intensidade Joe Rogan seria vaiado em sua próxima aparição no UFC,” em uma clara tentativa de distorcer a narrativa a seu favor. Após tais desenvolvimentos, Kennedy decidiu apoiar Trump, criando um cenário ainda mais conturbado na política atual.
A busca por novas plataformas na era das mídias sociais
Este tipo de estratégia de interagir em mídias não tradicionais não é exclusivo de Trump. Harris também participou de programas de podcast como “Call Her Daddy” e o show de Howard Stern, ambos com intenções claras de alcançar audiências mais amplas e diversificadas. Contudo, dados de pesquisas recentes indicam que estas aparições em podcast podem não estar surtindo o efeito desejado, uma vez que menos de 30% dos entrevistados maiores de 18 anos afirmaram ter ouvido essas participações.
Além de sua carreira como podcaster, Rogan também é comentarista para o Ultimate Fighting Championship, uma organização de artes marciais mistas com a qual Trump mantém laços estreitos, destacando a amizade com Dana White, que se manifestou a favor de Trump durante convenções do Partido Republicano.
Conclusão: Consequências para a política e a cultura contemporânea
A participação de Trump no “The Joe Rogan Experience” não apenas reacende as antigas alegações sobre a eleição de 2020, mas também exemplifica a dinâmica atual das campanhas eleitorais, onde candidatos tentam se conectar com o público por meio de plataformas digitai. Enquanto Trump continua a manter sua narrativa em torno da fraude eleitoral, a governabilidade do diálogo político depende cada vez mais da maneira como os candidatos exploram e interagem com essas novas vias de comunicação. Fica a pergunta: será que a carga histórica dos dias de hoje conseguirá realmente moldar a política do amanhã? O futuro só dirá, enquanto as estratégias continuam a se desenvolver em um ambiente cada vez mais digital.