A devastação provocada pelo furacão Milton e suas implicações para o estado da Flórida

O furacão Milton, que atingiu a Flórida em 9 de outubro de 2023, está sendo avaliado como um dos desastres naturais mais onerosos já enfrentados pelos Estados Unidos, com estimativas de perdas que podem chegar a até 34 bilhões de dólares, segundo levantamento inicial da empresa de pesquisa CoreLogic. Este montante considera tanto os danos causados pelas inundações como pelos ventos do furacão, com entre 4 bilhões a 6 bilhões de dólares referindo-se a danos por inundação que não estão segurados. No entanto, essas cifras são apenas uma parte do estrago, já que não incluem os danos causados por ao menos nove tornados que acompanharam a tempestade e que também causaram destruição significativa. Mais preocupante ainda, o furacão é responsabilizado por pelo menos 24 mortes em todo o estado da Flórida, uma tragédia que, somada ao estrago material, ilustra a severidade deste evento meteorológico.

Impactos diretos e indiretos do furacão Milton na economia e nos stocks de seguros

A pesquisa indica que a maior parte das perdas associadas ao Milton resultou de danos causados pelos ventos, atribuídos ao comportamento atípico da tempestade, que interagiu com o fluxo de ar em alta altitude. De acordo com as observações de Daniel Betten, diretor de meteorologia forense na CoreLogic, os ventos nas partes norte e noroeste do furacão, que normalmente são mais fracos, experimentaram um aumento incomum de força em virtude dessa interação com a corrente de jato. Essa complexidade meteorológica resultou em dois corredores distintos de ventos com força de furacão em regiões da costa da Flórida, especialmente em Sarasota, onde os dados coletados mostraram que os ventos alcançaram a força de um furacão, apesar de a tempestade ter atingido a terra mais ao sul. Contudo, a análise realizada pela CoreLogic revelou que a quantidade de danos causados pelos ventos permanecia abaixo das expectativas, o que foi um fator positivo diante da força da tempestade. Além disso, a predição de danos por enxurrada na área da Baía de Tampa também se mostrou menos severa do que antecipado, um consolo em meio à devastação, considerando que esta área concentra uma grande quantidade de propriedades de alto valor e estruturas residenciais mais antigas, que poderiam ter registrado perdas seguradas ainda mais elevadas.

Com a possibilidade de as perdas totais do Milton ficarem bem abaixo dos 47,5 bilhões de dólares estimados para o furacão Helene, que atingiu partes da costa do Golfo da Flórida apenas duas semanas antes, Milton poderia, ainda assim, figurar entre os dez furacões mais dispendiosos na história dos Estados Unidos, levando em conta as perdas cobertas pelas apólices de seguro, incluindo o seguro de inundação administrado pelo Programa Nacional de Seguro contra Inundações (NFIP). As diretrizes atuais colocam o furacão Ike, de 2008, na nona posição em custos seguráveis, mas esta classificação mudará em consequência das perdas relacionadas ao Milton e ao Helene, que está prestes a empurrar Ike para a décima posição.

O montante estimado das perdas seguradas varia consideravelmente, com um teto de 22 bilhões de dólares atribuídos a danos por vento e 6 bilhões apenas em perdas por inundação. Entretanto, em uma estimativa reduzida, espera-se que as perdas seguradas totalizem 17 bilhões de dólares, sendo que 13 bilhões disso será relacionado a prejuízos cobertos por apólices de seguro habitacional e negócios, enquanto 4 bilhões corresponderão a danos indenizáveis por inundações. É importante destacar a situação crítica pela qual passa o mercado de seguros na Flórida, exacerbada pela sequência de desastres naturais. O estado já enfrentava um êxodo de empresas de seguros nacionais e uma crise de solvência entre várias seguradoras locais. Essa situação coloca os segurados florianos em uma posição vulnerável, já que os prêmios de seguros na Flórida estão significativamente mais altos do que em outros estados norte-americanos.

Prognósticos para o futuro e desafios enfrentados pelos segurados e pela infraestrutura do estado

Um fator alarmante a ser observado é o crescente número de contratos de seguro em situação delicada, como é o caso da Citizens Property Insurance Corp., uma empresa estatal sem fins lucrativos que opera como um segurador de último recurso. Com 1,3 milhão de apólices de seguro de habitação que gerencia, a empresa estaria insolvente caso fosse uma companhia privada, dado o desbalanceamento criado pelos altos custos operacionais e a pressão proveniente das reavaliações de risco associadas a eventos climáticos cada vez mais frequentes e severos. Essa entidade pública, ao contrário de seguradoras privadas, possui a permissão legal para impor uma sobretaxa sobre todos os seus segurados do estado, caso os pedidos de indenização excedam suas reservas financeiras. Tal medida, de qualquer forma, tende a propagar um aumento no custo para todos os segurados da Flórida e obrigará os govenantes a enfrentarem desafios adicionais, enquanto se esforçam para se recuperar da recente catástrofe. Assim, a continuidade dos produtos de seguridade e os processos de recuperação serão vitais para mitigar os impactos a longo prazo do furacão Milton na infraestrutura e na economia do estado.

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