Toni Vaz, uma figura icônica da indústria cinematográfica, faleceu no dia 4 de outubro aos 101 anos. A informação foi confirmada por um representante do Motion Picture & Television Fund, que destacou que Vaz era uma “residente amada” da casa de acolhimento em Woodland Hills. Embora a causa da morte não tenha sido divulgada, sua partida deixa um legado indelével tanto nas artes como na ativismo social. Seu impacto foi especialmente notável através de sua contribuição fundamental para a promoção da representação de negros na mídia e entretenimento, culminando na fundação do prestigiado NAACP Image Awards.
Nascida em uma família de imigrantes originários de Barbados, Vaz cresceu em Nova York ao lado de seus três irmãos. A trajetória de vida de Toni é marcada por desafios, já que sua mãe não a deixava assistir a filmes até que ela completasse a maioridade. Apesar disso, a paixão pelo cinema falou mais alto, levando-a a se mudar para Los Angeles na década de 1950, onde buscou se estabelecer como atriz e dublê. A sua primeira oportunidade significativa veio com um papel como figurante no filme “Tarzan, o Homem-Macaco”, produzido pela MGM e lançado em 1959. Este foi o pontapé inicial de uma carreira que a levaria a fazer grandes conquistas na indústria do entretenimento.
Após suas primeiras experiências na tela grande, Vaz foi ampliando seus horizontes, atuando em produções como “Anna Lucasta” e “The Singing Nun”. Ela se destacou ainda mais como uma das primeiras mulheres negras a se aventurar no mundo das dublagens. Seu talento a levou a ser dublê de figuras lendárias como Cicely Tyson na série “Mission: Impossible”, além de participar de mais de 50 filmes e séries de televisão, durante a qual realizou diversas acrobacias memoráveis. Em uma entrevista de 2019 ao Hollywood Reporter, Vaz compartilhou seu descontentamento em relação à falta de diversidade nos papéis disponíveis para atores negros. Ao invés de se deixar abater, ela transformou sua frustração em ação ao se filiar à nova filial da NAACP em Hollywood, onde concebeu a ideia de um evento que celebraria a contribuição dos artistas negros.
O primeiro NAACP Image Awards ocorreu em 1967 no International Ballroom do Beverly Hilton e foi um grande sucesso. Vaz recorda com carinho a presença do então prefeito na cerimônia, um marco que demonstrou a importância do evento. A premiação, que existe até os dias de hoje, tem o objetivo de reconhecer e celebrar as conquistas de artistas de cor, além de destacar aqueles que promovem a justiça social através de suas obras. Contudo, a trajetória de Vaz na fundação do evento não foi isenta de controvérsias, pois por muitos anos, ela lutou pelo reconhecimento de sua contribuição. Nomes variados foram associados à fundação do evento, levando a uma longa batalha para corrigir a narrativa em torno de seu papel como criadora. Apenas em 2000, após esses anos de luta, ela foi finalmente reconhecida quando recebeu um troféu do NAACP Image Award, junto com uma homenagem que reverberou seu impacto na indústria.
A presença de Vaz continua a ser sentida até os dias atuais. Recentemente, ela apareceu em uma série de histórias reais promovidas pelo MPTF, além de participar da campanha de comemoração do centenário da instituição, que destaca as vidas de diversos talentos da indústria. Era evidente que novos reconhecimentos estavam a caminho, incluindo a aprovação para que ela recebesse uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood em 2025. Resta a dúvida se esta homenagem acontecerá postumamente, dada a notoriedade que a cercou ao longo de seus mais de 70 anos de carreira.
Deixando um legado de coragem, pioneirismo e compromisso com a justiça social, Toni Vaz é lembrada não apenas pelo seu brilhante trabalho nas telas, mas também por sua incansável luta pela representação de pessoas de cor na indústria do entretenimento. Sua morte deixa um vazio imenso, mas seu espírito e suas contribuições certamente ecoarão nas gerações futuras. Vaz é sobrevivida por seu sobrinho Errol Reed e sua sobrinha Janice Powell-Bowen, que sempre lembrarão com carinho de seu impacto não apenas na vida deles, mas também na sociedade mais ampla.