Experiência Imersiva Revela o Desafio do TDAH através de Tecnologia Avançada
No cenário vibrante do 68º Festival de Cinema de Londres, uma nova instalação chamada “Impulse: Playing With Reality” convida o público a uma jornada sensorial pela experiência do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Esta experiência é narrada pela renomada atriz britânica Tilda Swinton e resulta de uma colaboração entre o estúdio britânico Anagram e os co-produtores Floréal e France Télévisions. Com mais de 100 horas de entrevistas como base, essa instalação imersiva é uma oportunidade capaz de iluminar questões de neurodiversidade e os desafios associados ao TDAH. A experiência começa de forma simples, solicitando ao participante que “colete” o espaço virtual ao seu redor através de um controle na mão esquerda, transformando elementos em objetos como morangos, abacaxis ou caveiras com a mão direita. Este exercício inicial parece fácil, mas rapidamente evolui para uma série de desafios que se intensificam em várias etapas, levando ao estágio culminante chamado “pânico,” onde os jogadores se deparam com a impossibilidade de vencer. Nesse momento, a voz de Tilda Swinton ressoa, questionando os jogadores sobre sua percepção de controle em meio ao caos.
O Impacto das Narrativas Imersivas e a Conexão com a Saúde Mental
A instalação “Impulse” faz parte da série “Playing With Reality,” que utiliza a narrativa imersiva para explorar diferentes condições de saúde mental. Após sua estreia no programa Venice Immersive do 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza, a instalação foi inserida na programação Expanded do Festival de Cinema de Londres. A anterior produção da série, intitulada “Goliath,” tratou da experiência de um homem com esquizofrenia e foi bem-recebida, conquistando o Grand Jury Prize de Melhor Trabalho Imersivo de VR em Veneza e recebendo uma indicação ao Emmy em uma categoria de inovações em mídia interativa. A co-produção criativa de “Impulse” reflete uma crescente tendência de utilização de tecnologia, especialmente realidade virtual, como ferramentas para a conscientização sobre saúde mental, oferecendo uma imersão que permite ao público contextualizar e compreender melhor as vivências de indivíduos que lidam com essas condições desafiadoras.
Além de “Impulse: Playing With Reality,” o festival traz outras instalações imersivas, como “Arcade,” que vai além da animação em 3D e do uso convencional de aparelhos eletrônicos. Esta oferta interativa, situada dentro de um contêiner de transporte, oferece aos participantes uma aventura áudio que se desenvolve em uma realidade de guerra. Nele, os jogadores encarnam um avatar em um mundo virtual, onde suas escolhas impactam diretamente a narrativa, podendo resultar em até 50 finais diferentes. Esse tipo de formato de storytelling destaca como a tecnologia pode ser utilizada para envolver o público de maneiras profundas e significativas, ao mesmo tempo que discute temáticas pesadas como a violência e a morte. À medida que o jogador navega por perguntas morais apresentadas a seu ‘eu’ virtual, a experiência se torna tanto uma aventura pessoal quanto uma reflexão sobre as consequências de suas ações.
Tendência Emergente em Experiências de Festival e a Inclusão de Jogos Digitais
A ênfase em experiências interativas se estende também a uma nova iniciativa dentro do festival: a inclusão de jogos digitais na programação. Este ano, os participantes têm a oportunidade de experimentar cinco jogos de cunho gratuito no BFI IMAX em Waterloo, o que marca a primeira vez que o festival destaca jogos como parte de seu portfólio de entretenimento. Títulos como “Closer the Distance” tratam de temas sociais relevantes, enquanto “Playing Kafka” proporciona uma imersão em narrativas complexas que se desenrolam dentro do universo do autor tcheco Franz Kafka, conhecido por explorar questões de burocracia e alienação. Este foco na narrativa interativa, tanto em obras audiovisuais quanto digitais, reflete uma mudança na forma como o público se relaciona com as histórias, transcendendo a barreira tradicional entre cinema e jogos, e oferecendo novos modos de engajamento criativo. A diretora do festival, Kristy Matheson, expressou seu entusiasmo em integrar essas experiências com uma abordagem voltada para o bem-estar mental e a inclusão de públicos diversos, reafirmando a relevância das narrativas contemporâneas em todos os formatos.
Assim, o 68º Festival de Cinema de Londres não apenas apresenta obras inovadoras que exploram a complexidade da condição humana, mas também desafia o público a refletir sobre suas próprias experiências e a empatia em um mundo repleto de diferentes perspectivas e realidades. “Impulse: Playing With Reality” e as novas ofertas de jogos reafirmam que a arte, independentemente do formato, é uma ferramenta poderosa tanto para a conscientização quanto para a conexão comunitária, estimulando diálogos essenciais sobre saúde mental, neurodiversidade e a própria narrativa da vida.