Sinopse e Enredo: a trama de dois irmãos que lutam para se reconectar

A crescente popularidade de conteúdos em streaming, em detrimento das estreias em salas de cinema tradicionais, é acentuada com o lançamento de “Brothers”, uma produção da Legendary Entertainment, distribuída pela Amazon MGM Studios. O filme foi lançado em algumas salas de cinema por uma semana, precedendo sua estreia no Prime, marcada para o dia 17 de outubro. Esta estratégia pode se mostrar vantajosa para uma comédia que, embora divertida em partes, carece da profundidade necessária para se destacar na corrida por prêmios da temporada, possibilitando que a obra encontre um público mais casual no universo do streaming. Josh Brolin e Peter Dinklage interpretam dois irmãos de personalidades díspares, cujas características contundentes são acentuadas pelo bigode em forma de alça de Dinklage. Essa é a segunda obra do diretor Max Barbakow, que, após elaborar uma narrativa sutil e divertida em “Palm Springs”, opta por um humor mais extravagante em “Brothers”, resultando em uma experiência que pode deixar a desejar.

A trama se inicia com a apresentação de Jady Munger, interpretado por Dinklage, um criminoso de carreira que consegue reduzir uma parte significativa de sua pena de prisão por roubo e assalto após firmar um acordo secreto com o juiz corrupto Farful, interpretado por M. Emmet Walsh. Sob a vigilância do filho do juiz, o oficial de correções James, interpretado por Brendan Fraser, Jady concorda em ajudar a recuperar e entregar um tesouro de esmeraldas roubadas, avaliadas em milhões, que foram abandonadas anos atrás por sua mãe, Cath Munger (Glenn Close), quando ela fugiu para evitar a prisão. Para executar seu plano, Jady tenta recrutar seu irmão gêmeo Moke, interpretado por Brolin, que agora busca um caminho diferente, tentando se manter afastado da vida criminosa na qual Jady o envolveu anteriormente.

Desenvolvimento: Confusões familiares e reviravoltas inesperadas

À medida que a narrativa se desenrola e o espectador se acostuma com a dinâmica entre os dois irmãos, é esperado que elas tomem os moldes típicos de uma comédia de heist. Entretanto, essas expectativas são rapidamente subvertidas por uma trama familiar desnecessariamente complicada. A história toma um rumo inesperado quando Jady aparece sem aviso prévio na festa de chá de bebê da esposa grávida de Moke, Abby (Taylour Paige), colocando em risco a vida organizada de Moke. Ele se vê pressionado a acalmar Jady, concordando em usar suas habilidades como arrombador para adquirir as esmeraldas. A partir desse ponto, os irmãos partem em uma viagem, com o oficial Farful em sua cola, enquanto Moke, sem saber, se prepara para uma série de desafios emocionais que Jady pretende lhe impor em uma tentativa equivocada de se reaproximar.

As reflexões de Jady, expressas em sua narração intermitente, buscam conectar décadas de conflitos e desentendimentos entre os irmãos, enquanto as expressões de Dinklage e seu tom manipulativo revelam seus intentos de controle emocional sobre Moke. Contudo, as tentativas de reconciliação se tornam, de forma paradoxal, uma armadilha emocional quando Moke descobre que Jady tem mantido contato com a mãe. O retorno repentino de Cath, após trinta anos, provoca um colapso emocional em Moke antes que ele tenha a chance de se concentrar na logística do roubo, que acaba sendo muito mais incomum do que poderiam imaginar. Se o filme não havia anteriormente sugerido um design familiar, “Brothers” inevitablemente liga as atuações de Brolin e Dinklage, que encontram espaço fértil para desenvolver seus talentos cômicos em meio à dinâmica entre os irmãos distantes. Glenn Close se destaca como a mãe manipuladora e impenitente, mostrando quase nenhuma preocupação maternal por seus filhos em sua busca pela riqueza.

Considerações Finais: uma comédia que oferece mais do que aparenta

Embora o filme remeta a comédias fraternais como “Irmãos de Pelúcia” de Adam McKay ou “Twins” de Ivan Reitman, “Brothers” não consegue capturar a excentricidade que figurou nas obras anteriores de Barbakow, evitando o humor encantador que caracterizava “Palm Springs”. No entanto, o filme apresenta personagens distintos e diálogos rápidos que conferem vida ao elenco de apoio e aos protagonistas, proporcionando a Fraser um papel alegremente excêntrico como o oficial Farful, enquanto Walsh brilha com uma atuação memorável em um dos últimos papéis de sua carreira. Mesmo a breve participação de Marisa Tomei é bem-vinda, representando uma namorada de Jady que troca correspondências na prisão e que também é dona de um orangotango, o que resulta em algumas das raras cenas hilárias do filme. “Brothers” é visualmente dinâmico, com a direção de fotografia de Quyen Tran e uma trilha sonora energizada por Rupert Gregson-Williams, complementada por músicas pop dos anos 70. Porém, o filme peca pela subutilização de um elenco talentoso em um enredo que carece de profundidade e desenvolvimento de personagens mais coerente. A relevância do filme para um público de streaming poderá ser irrelevante, desde que eles se lembrem dos irmãos desajustados e de suas desventuras.

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