O ator canadense Gabriel LaBelle tem impressionado o público e a crítica ao interpretar figuras icônicas da indústria do entretenimento, como Steven Spielberg e Lorne Michaels. Sua atuação em “The Fabelmans” (2022), um drama semi-autobiográfico dirigido por Spielberg, foi um marco em sua carreira, onde ele interpretou Sammy Fabelman, um jovem cineasta, que se vê no meio da turbulência familiar durante os anos 60. Com acesso exclusivo a documentos e memórias do próprio Spielberg, LaBelle teve um extenso material à disposição para se aproximar da essência do diretor.
Quando o filme “The Fabelmans” teve sua estreia em Londres no início de 2023, o renomado diretor Jason Reitman ficou tão impressionado com a atuação de LaBelle que o convidou para um encontro após ter passado um dia nas filmagens de “Ghostbusters: Frozen Empire”. Com uma reunião informal que envolveu café e uma apresentação do musical “American Psycho”, Reitman visionou LaBelle como o jovem Lorne Michaels para o novo projeto, “Saturday Night”. No entanto, diferentemente do que aconteceu com Spielberg, Reitman não pediu a LaBelle que se aprofundasse em anos formativos de Michaels, mas sim na construção do primeiro episódio do icônico programa “Saturday Night Live”. LaBelle descreve esse período como um momento crucial em que Michaels, aos 30 anos, estava determinado a transformar sua visão em realidade. “Eu apenas queria focar nesse tempo e no que eu poderia explorar dentro deste roteiro”, explicou LaBelle ao “Hollywood Reporter”.
A distinção entre os dois papéis que LaBelle desempenha é notável. Enquanto ele recebeu uma rica tapeçaria de lembranças e material do próprio Spielberg, sua abordagem para o papel de Michaels foi muito mais direta e simplificada. Em vez de se reunir extensivamente com Michaels, que se mostrou acessível e cordial durante uma breve reunião após as filmagens do “SNL”, LaBelle focou na caracterização do jovem Lorne, ressaltando seu caráter e determinação. Ambos, Spielberg e Michaels, têm seus respectivos legados profundamente enraizados na cultura popular, surgindo de origens judaicas em meados da década de 1940 e revolucionando a indústria do entretenimento. Enquanto Spielberg é reconhecido por sua abordagem meticulosa quanto ao enquadramento e à seleção de tom durante a filmagem, LaBelle observou que Michaels também tomar decisões cruciais pouco antes de cada gravação. Essa interseção entre suas vidas e trajetórias permite a LaBelle explorar um terreno mais profundo em sua atuação, mesmo que não tivesse o mesmo acesso ao material pessoal.
A importância de se aproximar dessas figuras icônicas não se limita apenas à técnica de atuação, mas também ao processo criativo que cada um representa. LaBelle, embora consciente da caricatura frequentemente associada a Michaels, mergulhou em suas próprias observações sobre a dinâmica do programa e as representações de outros comediantes que o imitam. “Eu assisti a eles, mas a verdade é que eles não soam como ele. Eles estão apenas fazendo uns aos outros rirem”, disse LaBelle. Essa atenção ao detalhe destacou como a apresentação de Michaels foi moldada ao longo do tempo, por meio do olhar dos que passaram e trabalharam com ele no “SNL”. Além disso, o ator sentiu que captar as nuances do sotaque e da cadência de Michaels não foi particularmente complicado, dado que ele mesmo é canadense.
Com as gravações de “Saturday Night”, LaBelle encontrou um ambiente de trabalho colaborativo, onde a energia do elenco se manteve alta, e a sinalização de estresse foi equilibrada com momentos de camaradagem e diversão. O amor pelo programa “Saturday Night Live” sempre foi uma parte central de sua trajetória, e a oportunidade de atuar em uma reinterpretação de seus fundamentos o desafiou enquanto proporcionou uma realização criativa. Em suas palavras, “o filme me deu tanta realização criativa, e fazer parte desse elenco é realmente uma honra”, expressou LaBelle, refletindo sobre a experiência de trabalhar ao lado de colegas tão talentosos e de um projeto de tal magnitude.
No entanto, LaBelle tem a visão de que o impulso para o reconhecimento e o sucesso deve estar ancorado no trabalho duro e na liderança por trás das câmeras. À medida que as filmagens seguiam, LaBelle e os outros membros do elenco tinham a liberdade de explorar suas próprias conexões humanas, o que, em última análise, influenciou ainda mais a sua abordagem à interpretação de personagens. Lidando com a percepção e o estigma de ser ator, ele também se vê numa posição única como alguém que consegue interpretar tanto Spielberg quanto Michaels, apresentando uma visão que é, ao mesmo tempo, respeitosa e inovadora. Esta exploração abrangente de ambos os papéis não só expõe LaBelle a novos níveis de atuação, mas também proporciona uma nova camada histórica que entrelaça suas vidas e legados como titãs do entretenimento.
Assim, à medida que “Saturday Night” continua a ser exibido nos cinemas, a atuação de Gabriel LaBelle promete não apenas marcar uma nova era em sua carreira, mas também contribuir ainda mais para a narrativa do impacto cultural que figuras como Lorne Michaels e Steven Spielberg tiveram no nosso cotidiano. LaBelle se mostra não apenas como um artista em ascensão, mas também como um contador de histórias que explora e ilumina a vida de outras pessoas através da arte, um testemunho do poder transformador e revelador do cinema.