Em uma cerimônia solene realizada na sexta-feira, o governo japonês conferiu ao renomado criador do famoso mangá Ashita no Joe, Tetsuya Chiba, a prestigiosa Ordem da Cultura. Este prêmio, que é uma das mais altas honrarias concedidas no Japão, foi especialmente significativo, pois marcou a primeira vez que um criador de mangá recebeu tal reconhecimento. O governo japonês estabelece o prêmio para homenagear indivíduos que fizeram contribuições excepcionais ao desenvolvimento da cultura japonesa, destacando assim a crescente importância do mangá como parte intrínseca da identidade cultural do país.
Chiba, que se aventurou no mundo do mangá em 1956, expressou em seu blog um profundo sentimento de responsabilidade por ser escolhido como representante da rica e diversificada indústria de mangás. Ele afirmou que esta homenagem não é apenas um reconhecimento de seu trabalho, mas também uma validação do esforço coletivo de todos os criadores de mangás que, ao longo dos anos, têm contribuído para a proliferação desse estilo de arte e narrativa. Para ele, este prêmio é uma celebração do talento e da criatividade que permeiam o universo dos mangás, que agora, segundo suas palavras, é oficialmente reconhecido no panteão da cultura japonesa.
O mangá Ashita no Joe, cuja popularidade transcendeu gerações, foi publicado originalmente entre 1968 e 1973 e continua a ser um marco na cultura pop japonesa. A trama segue a inspiradora jornada de Joe Yabuki, um boxeador que luta contra as adversidades e os desafios da vida, e se tornou um ícone na representação de perseverança e superação. O impacto do mangá foi tão profundo que inspirou duas adaptações de anime na década de 1970, além de dois filmes de animação em 1980 e 1981. Em um revival moderno, a narrativa foi transposta para um contexto futurista com novos personagens na série Megalobox, lançada em 2018, que recebeu aclamação da crítica e do público. A sequência, Megalobox 2: Nomad, estreou em abril de 2021, provando que a história de Joe ainda possui um lugar no coração dos fãs.
Em 2022, no reconhecimento contínuo de seu papel inovador na indústria, Chiba foi indicado à Academia de Artes do Japão, tornando-se um dos dois primeiros criadores de mangá a receber tal honra, ao lado de Yoshiharu Tsuge. Além de sua carreira prolífica como artista, Chiba também desempenha um papel ativo na comunidade, atuando como presidente da Associação de Cartunistas do Japão. Apesar das adversidades que enfrentou com sua saúde, incluindo cirurgia cardíaca em janeiro de 2022 e uma recente cirurgia ocular, Chiba continua a produzir obras, com seu mangá Hinemosu Notari Nikki em andamento, embora atualmente esteja em hiato desde agosto.
O compromisso de Chiba com o futuro do mangá e suas esperanças de que essa forma de arte continue a ser apreciada em todo o mundo refletem não apenas sua paixão pessoal, mas também uma visão mais ampla do papel que o mangá pode desempenhar como embaixador da cultura japonesa no cenário global. O reconhecimento oficial do governo japonês a talentos como Chiba parece ser um sinal positivo de que o mangá, com suas ricas narrativas e visuais cativantes, será cada vez mais respeitado e celebrado, tanto no Japão quanto fora de suas fronteiras.
Com a entrega da Ordem da Cultura a Tetsuya Chiba, a história do mangá entra em um novo capítulo. A história deste formidável artista não é apenas uma história de sucesso individual, mas a celebração de uma arte que continua a ressoar e a evoluir, provando que a paixão e a criatividade podem transcender o tempo e o espaço, conquistando corações e mentes em todo o mundo.