Na busca incessante por soluções inovadoras para a crise climática, uma tecnologia desenvolvida pela SpiralWave promete não apenas capturar o dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera, mas também transformá-lo em metanol, um composto químico que pode ser utilizado em diversas indústrias. Durante uma apresentação em vídeo, Abed Bukhari, cofundador e CEO da SpiralWave, demonstrou um dispositivo que exibe ondas de plasma branco com nuances roxas, pulsando de forma rítmica e transformando o CO2 em um recurso útil. Este processo não se trata de um sistema de propulsão espacial, mas de uma tecnologia inovadora que pode representar uma verdadeira revolução no combate às emissões de carbono.

Bukhari explicou que o dispositivo funciona através de três pulsos diferentes de micro-ondas, cada um com uma frequência específica que se concentra em diferentes ligações moleculares, gerando uma cascata de reações químicas. “O primeiro pulso quebra o CO2 em monóxido de carbono (CO), o segundo quebra a água (H2O) em hidrogênio (H) e hidroxila (OH), e o terceiro os combina para formar metanol,” detalhou Bukhari. Esse tipo de tecnologia foi apresentado durante o TechCrunch Disrupt, um evento importante para startups inovadoras.

O metanol, embora uma molécula simples composta por poucos átomos, é extremamente versátil e pode ser queimado diretamente em motores de combustão interna, utilizado na produção de combustíveis mais complexos como o combustível de jatos, ou mesmo na fabricação de produtos químicos que atendem a diversas indústrias. A eficiência do processo da SpiralWave se destaca, pois transforma entre 75-90% da energia elétrica do sistema em energia química armazenada na forma de metanol. Enquanto a concentração de CO2 na atmosfera tende a estar na extremidade inferior dessa faixa, a proveniente de gases de combustão industriais se mostra mais otimista na parte superior do espectro.

Surpreendentemente, Bukhari se deparou com a necessidade de desenvolver uma tecnologia que removesse CO2 de maneira efetiva após sua experiência no setor de espectrometria com a KomraVision, onde ele construiu alguns de seus próprios equipamentos de fabricação de semicondutores. Isso incluiu ferramentas que utilizavam plasma frio, um tipo de matéria energizada comumente encontrada em lâmpadas fluorescentes. Reconhecendo a gravidade da crise climática, Bukhari decidiu que deveria criar uma solução capaz de lidar com um dos maiores desafios enfrentados pelo planeta: a remoção em larga escala de carbono da atmosfera.

Após a construção de um pequeno protótipo para testar o conceito, Bukhari se uniu a Adam Awad, então estudante da Universidade de Santa Clara, e juntos fundaram a SpiralWave. Atualmente, Awad está radicado no Vale do Silício, onde lidera o desenvolvimento de negócios, enquanto Bukhari se encontra na Áustria, a aproximadamente 30 minutos de Munique, onde comanda as pesquisas e o desenvolvimento da tecnologia. A empresa conseguiu arrecadar cerca de 1 milhão de dólares da IndieBio para impulsionar seu projeto.

Atualmente, a SpiralWave já possui protótipos variados, que vão desde o dispositivo Nanobeam, que é aproximadamente da altura dos joelhos de uma pessoa, até o Microbeam, que mede cerca de dois metros. Estas máquinas são capazes de produzir uma tonelada métrica de metanol utilizando um fluxo de 90% de dióxido de carbono e 7.000 quilowatt-horas de eletricidade. Para fluxos mais diluídos, em torno de 9%, o consumo energético sobe para 8.500 quilowatt-horas, enquanto que para o ar ambiente, a utilização sobe para 10.000 quilowatt-horas. Estes números são impressionantes se comparados a outras fontes de e-metanol atualmente disponíveis no mercado.

Os planos da empresa não param por aí. Eles estão desenvolvendo dispositivos em escalas maiores, denominados Megabeam e Gigabeam, com este último projetado para atingir 100 metros de altura e remover até uma gigatonelada de CO2 anualmente. “Para enfrentar a mudança climática, precisamos remover 10 gigatoneladas de CO2 por ano,” alertou Bukhari, refletindo sobre a magnitude da tarefa à frente.

Enquanto isso, a SpiralWave está focada em reproduzir seus dispositivos menores e colocá-los em contêineres de transporte para instalação em locais de clientes. O otimismo em relação ao futuro da empresa é palpável, com Awad afirmando que “com dez contêineres de 20 pés, teríamos a maior planta de e-metanol até à data.” Se a SpiralWave conseguir alcançar seus objetivos, não só estarão contribuindo significativamente para a redução das emissões de carbono, mas também poderão estabelecer um novo padrão na indústria de captura e conversão de CO2 em produtos viáveis, contribuindo para um futuro mais sustentável e promissor.

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