Estudo alerta sobre perigos de produtos nocivos para crianças disponíveis em mercados digitais
Uma recente investigação conduzida pela Toy Industries of Europe (TIE) trouxe à tona preocupações alarmantes sobre a segurança dos brinquedos disponíveis em plataformas online, como a Amazon. A pesquisa revelou que alguns fabricantes de brinquedos estão inundando o mercado europeu com produtos potencialmente perigosos, que incluem ímãs capazes de perfurar o intestino de uma criança se ingeridos, assim como itens contendo substâncias químicas tóxicas. Focando na proteção das crianças, a TIE fez uma aquisição de mais de 100 brinquedos vendidos por terceiros em 10 marketplaces online, entre os quais estava a Amazon (AMZN). O resultado foi alarmante: 80% dos brinquedos analisados não atenderam aos padrões de segurança exigidos pela União Europeia, representando um sério risco à saúde e segurança infantil. A diretora-geral da TIE, Catherine Van Reeth, enfatizou que a responsabilidade pela segurança dos brinquedos vendidos nas plataformas online deve ser compartilhada. Segundo ela, “brinquedos inseguros de vendedores que ignoram as regras da UE continuarão a inundar a região a menos que os marketplaces online recebam mais responsabilidade pela segurança dos produtos vendidos na sua plataforma, onde nenhum outro na UE tem essa responsabilidade.” Tal situação evidencia a existência de uma lacuna legal que precisa ser abordada com urgência.
Mercados digitais sob a lupa: uma questão de responsabilidade e segurança
Os produtos investigados representaram uma combinação de ofertas de comerciantes tanto da União Europeia quanto de fora dela, vendidos em plataformas acessíveis como Temu e Shein, além da Amazon. Em resposta às preocupações levantadas, um porta-voz da Amazon assegurou que a empresa possui “medidas proativas para prevenir que produtos inseguros ou não conformes sejam listados” em sua plataforma, alegando que os produtos questionados foram removidos durante a investigação. Por sua vez, um porta-voz da Temu declarou que a qualidade dos produtos e a segurança do consumidor são “prioridades máximas” da empresa, afirmando que todos os comerciantes na sua plataforma devem atender a padrões de segurança rigorosos. Destacou ainda que a empresa atua rapidamente em resposta ao feedback, removendo produtos não conformes e lidando com problemas assim que surgem. A Shein, no entanto, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a situação.
Como parte da pesquisa da TIE, foram realizados testes independentes em laboratórios com os produtos adquiridos, que incluíam um brinquedo de mordida para bebês que poderia facilmente se quebrar em partes pequenas, representando um risco de asfixia. Além disso, constatou-se que produtos de slime continham níveis de um químico chamado boro, superiores em 13 vezes ao limite legal da União Europeia. A TIE alertou que a exposição ao boro pode causar problemas de saúde reprodutiva. Entretanto, a TIE fez um importante esclarecimento, afirmando que os resultados do estudo “não refletem a segurança de todos os brinquedos disponíveis nessas plataformas”, dado que não foram adquiridos brinquedos de marcas reconhecidas.
A legislação da UE e a necessidade de proteção mais rigorosa
A União Europeia é conhecida por ter o “regime de segurança de brinquedos mais rigoroso do mundo”, mas, de acordo com a TIE, os fabricantes de fora do bloco estão isentos das regras da UE ao venderem seus produtos através de marketplaces online. Seis dos dez marketplaces analisados, incluindo a Amazon, assinaram o Compromisso de Segurança de Produtos da UE, um compromisso voluntário de garantir a segurança dos produtos vendidos em suas plataformas por terceiros. Contudo, a TIE pressiona as lideranças da UE a tornarem esses marketplaces legalmente responsáveis pela segurança dos produtos listados por terceiros. Essa questão não é exclusiva da Europa; nos Estados Unidos, as autoridades reguladoras também estão preocupadas com a segurança dos produtos vendidos online. Em setembro, dois oficiais da Comissão de Segurança de Produtos do Consumidor solicitaram uma investigação sobre a Shein e a Temu devido à potencial venda de “produtos mortais para bebês e crianças pequenas”. Essa situação destaca a necessidade urgente de um sistema de fiscalização mais robusto e uma maior responsabilidade dos marketplaces digitais em relação à segurança dos produtos que disponibilizam aos consumidores.