Violência em Jabalia deixa dezenas de mortos, incluindo crianças, em meio a intensificação dos conflitos na região
Forças de Defesa de Israel alegam ter atingido pontos estratégicos de organizações terroristas
No último dia 12 de outubro de 2024, um ataque aéreo israelense em uma escola localizada em Jabalia, na faixa norte da Faixa de Gaza, resultou na morte de mais de uma dúzia de palestinos, incluindo um número significativo de crianças. Este ataque ocorreu em um momento crítico, quando a escola funcionava como abrigo para aqueles que foram deslocados devido ao conflito contínuo na região. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que é administrado pelo Hamas, pelo menos 15 pessoas perderam a vida como resultado do bombardeio, sem especificar quantos dos mortos poderiam ser militares ou civis.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) justificaram a ação citando que o local atacado havia sido identificado como um “composto que anteriormente servia como a Escola ‘Abu Hassan'”. Elas alegam que “dezenas de terroristas das organizações Hamas e Jihad Islâmica estavam presentes” no momento do ataque. A IDF apresentou uma lista com uma dúzia de nomes que, segundo eles, seriam os supostos líderes de operações terroristas que utilizavam as instalações da escola como um centro de comando e controle. A IDF afirmou que essas pessoas estavam diretamente envolvidas em ataques com foguetes contra o território israelense, bem como no planejamento e execução de ataques terroristas contra as forças de defesa de Israel. O comando militar definiu a ação como um “ataque preciso” baseado em informações de inteligência.
Embora as Forças de Defesa de Israel tenham alegado que muitos dos supostos terroristas foram eliminados, elas não forneceram números exatos sobre quantos teriam sido atingidos na ação. O exército israelense ainda destacou que a utilização de infraestrutura civil por grupos terroristas, como o Hamas, demonstra uma violação das leis internacionais e compromete a proteção da população civil. Em suporte a esta afirmação, a IDF divulga imagens e vídeos, supostamente capturados por tropas no terreno antes do ataque, que indicam a presença de armamentos dentro da escola, caracterizando-a de acordo com a IDF como um “composto de combate completo”.
Israel lançou recentemente avisos para que a população palestina evacuasse do norte da Faixa de Gaza, uma vez que as operações militares se intensificaram nas últimas semanas. O ataque em Jabalia se deu quatro dias após o envio de uma carta, com tom sério, do governo Biden ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros altos funcionários israelenses. Nesta correspondência, o governo dos Estados Unidos alertou que as condições humanitárias em Gaza, que já se encontrava em um estado crítico, precisavam ser melhoradas em um prazo de um mês, sob pena de Israel arriscar a interrupção do fluxo constante de armamentos e financiamento para a guerra fornecido pelos EUA.
A Casa Branca reconheceu o uso frequente de infraestrutura civil por parte do Hamas para armazenar armas e acomodar combatentes, mas enfatizou que isso não exime Israel da responsabilidade de proteger a população civil, que não pode ser considerada combatente se não tiver a capacidade ou a vontade de deixar áreas utilizadas por grupos terroristas. Na mesma correspondência, os Estados Unidos expressaram sua reprovação quanto à forma como Israel tem conduzido sua guerra em paralelo contra os aliados do Hamas, Hezbollah, no Líbano. O governo israelense afirmou que suas operações no Líbano têm como objetivo interromper o bombardeio contínuo de foguetes e drones liderados pelo Hezbollah ao longo da fronteira norte de Israel. O Hezbollah, por sua vez, declarou que continuará com os ataques em apoio ao Hamas até que o conflito em Gaza termine.
Os ataques israelenses no Líbano resultaram em mais de 2.300 mortes, bem como no deslocamento da maior parte da população libanesa, conforme informado pelo ministério da saúde libanês. Apesar das preliminares tentativas de reverter a drástica queda na ajuda humanitária destinada a Gaza após a carta do governo Biden, as Forças de Defesa de Israel seguem realizando pesados bombardeios tanto em Gaza quanto no Líbano, sustentando que suas ações decorrem de uma legítima defesa. Desde o início da ofensiva israelense contra o Hamas, desencadeada após o brutal ataque ao território israelense em 7 de outubro de 2023, o ministério da saúde de Gaza reportou que mais de 42.400 pessoas perderam suas vidas na região.
O cenário na região continua a se deteriorar, fazendo com que tanto a população civil quanto as autoridades enfrentem um dilema angustiante enquanto o conflito se arrasta e suas consequências se proliferam. A necessidade urgente de uma solução pacífica e eficaz se torna cada vez mais evidente para evitar uma tragédia ainda maior na já devastada Gaza e nas áreas circunvizinhas.