A produção cinematográfica intitulada ‘The Order’, dirigida por Justin Kurzel e estrelada por Jude Law, Nicholas Hoult, Jurnee Smollett e Tye Sheridan, está agendada para estrear nos cinemas em 6 de dezembro. Embora o enredo seja ambientado na década de 1980, os atores expressaram em recente painel que os temas abordados se mostram inquietantemente relevantes. O filme, baseado em fatos reais, segue a jornada de um agente do FBI, interpretado por Law, que investiga um grupo de supremacistas brancos chamado ‘The Order’, com potencial ligação a uma série de assaltos e outras atividades criminosas na região do Pacífico Noroeste dos Estados Unidos. A estreia do filme ocorreu no Festival de Cinema de Veneza, onde o elenco compartilhou suas reflexões sobre a obra.
No painel realizado em Los Angeles, após uma exibição organizada por SAG-AFTRA, Law, que também atua como produtor do filme, comentou sobre a importância contemporânea do roteiro, que foi adaptado do livro de não-ficção ‘The Silent Brotherhood’, escrito por Kevin Flynn e Gary Gerhardt, publicado em 1989. Law destacou a qualidade do roteiro ao afirmar que, “Era um roteiro excelente com grande potencial: a relevância; a natureza oportuna dos temas presentes; o fato de que, de muitas maneiras, é uma espécie de origem de onde estamos agora, o que acreditamos ser uma boa abordagem para investigá-lo sem ser excessivamente didático.” Ele sublinhou o envolvimento do diretor Justin Kurzel, que buscou intensificar o elemento de thriller e a dinâmica de gato e rato, elevando a experiência por meio da construção de personagens e da autenticidade da história contada.
Ademais, a chegada de ‘The Order’ aos cinemas coincide com um momento cultural particularmente crítico, uma vez que o filme será lançado pouco tempo após as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Em um cenário em que o debate sobre visões racistas na mídia social está mais em pauta do que nunca, a obra ganha um peso adicional ao refletir sobre a influência que ex-Presidente Donald Trump teve sobre grupos neofascistas e neo-nazistas. O painel ocorreu poucos dias após um desfile de barcos temático em apoio a Trump na Flórida, onde foram hasteadas bandeiras com suásticas, simbolizando uma conexão direta com os temas tratados na narrativa do filme.
Durante a conversa, Jurnee Smollett refletiu sobre a perigosidade do pensamento pertencente ao filme, ressaltando que a disseminação do ódio começa em tenra idade. Smollett declarou: “Começa tão jovem, esse nível de condicionamento, essa mentalidade de nós contra eles. Acontece desde a infância, e sim, podemos olhar para onde estamos agora em nossa nação e perguntar: ‘Como chegamos aqui?’ Mas, infelizmente, isso está incrustado em nossa estrutura desde a fundação do nosso país. A continuidade desse pensamento se perpetua, pois é uma doença que não conseguimos exterminar.”
A atriz apontou a influência duradoura do romance ‘The Turner Diaries’, escrito sob pseudônimo por um líder de um grupo nacionalista branco, e que é retratado no filme como uma obra reverenciada pelo grupo ‘The Order’. “Esse livro foi encontrado nos degraus do Capitólio no dia 6 de janeiro”, afirmou Smollett, referindo-se ao ataque ao edifício do Capitólio dos Estados Unidos em 2021, realizado por apoiadores de Trump, destacando a relevância do material e os perigos que ele representa no cenário sociopolítico atual.
Os membros do elenco também mencionaram as táticas marcantes de Kurzel para intensificar a tensão durante as filmagens. Nicholas Hoult, que interpreta o líder do grupo, Bob Matthews, revelou que o diretor decidiu mantê-lo separado de Law até a primeira cena que ambos gravaram juntos. “Filmamos por três, talvez quatro semanas antes disso”, explicou Hoult. “Isso adicionou energia ao set, onde eu ficava animado. A equipe adorava nos manter separados, e todos diziam ‘Jude está indo para cá. Mantenha Nick [longe!]’ Isso me deixava empolgado.”
Na análise feita pelo crítico de cinema do ‘Hollywood Reporter’, o filme ‘The Order’ foi descrito como “um thriller histórico envolvente e superbamente feito”. O crítico também enfatizou que a produção “é o tipo de reflexão tensa sobre a violência americana que Hollywood raramente coloca na tela grande hoje em dia”. Com esse panorama, ‘The Order’ se apresenta não apenas como uma obra de entretenimento, mas também como um ponto de partida para discutir questões sociais prementes, levando os espectadores a refletirem sobre as raízes da intolerância e do extremismo que persistem até os dias atuais.