No contexto das eleições presidenciais de 2024, a vice-presidente Kamala Harris se destacou durante um comício em La Crosse, Wisconsin, no dia 17 de outubro, onde abordou temas cruciais relacionados ao direito ao aborto e ao impacto da revogação da decisão Roe v. Wade. Em meio a um público entusiasmado, Harris reafirmou seu compromisso com a liberdade das mulheres de tomar decisões sobre seus próprios corpos, enfatizando a importância desse direito em um momento em que a legislação nos EUA se torna cada vez mais restritiva. Durante seu discurso, ela não hesitou em confrontar as interrupções de críticos, garantindo que a mensagem sobre a luta pela liberdade e pelos direitos reprodutivos não fosse abalada.
Ao iniciar sua fala, Harris expressou que a luta pela liberdade reprodutiva não é apenas uma questão política, mas uma questão de futuro e de autonomia individual. “Nós iremos avançar porque a nossa é uma luta pelo futuro, e é uma luta pela liberdade — pela liberdade. Como a liberdade fundamental de uma mulher de fazer decisões sobre seu próprio corpo e não ter o seu governo lhe dizer o que fazer”, declarou a candidata, enquanto os presentes aplaudiam e assobiavam. Essa declaração reflete uma preocupação crescente entre os eleitores de que os direitos das mulheres estão sob ameaça, especialmente após a nomeação de juízes conservadores ao Supremo Tribunal por Donald Trump, que, segundo Harris, tinha a intenção clara de revogar proteções fundamentais como as estabelecidas pela Roe v. Wade.
Durante o evento, alguns membros da plateia começaram a vaiar e a fazer comentários inaudíveis, o que levou Harris a uma resposta sutil e bem-humorada: “Oh, vocês estão no comício errado. Eu acho que vocês queriam ir para o menor ali na rua,” afirmou, provocando risadas e aplausos do público, antes de voltar a abordar a importância do direito ao aborto. Essa interação demonstra não apenas a habilidade de Harris em manter a dinâmica do evento, mas também sua determinação em não se deixar abalar por contrário.
A vice-presidente também fez uma crítica direta a Trump, mencionando que ele havia selecionado juízes com o propósito de reduzir as proteções que antes existiam para os direitos reprodutivos. As palavras de Harris refletem uma estratégia de campanha que não só busca reafirmar os direitos das mulheres, mas também responsabilizar a administração anterior pela deterioração dessas liberdades. Harris destacou que, durante os comícios de Trump, as conversas frequentemente desviam para tópicos absurdos e irreais, como a alegação de que turbinas eólicas causam câncer e referências a personagens fictícios, como Hannibal Lecter. “Vou convidá-los a assistir a um dos comícios de Donald Trump, porque é realmente interessante de se ver”, comentou Harris, sugerindo que os eventos do ex-presidente têm se tornado monótonos e desinteressantes para o público.
A resposta de Trump às críticas de Harris foi igualmente contundente. Ele afirmou que as pessoas não assistem a comícios de Harris, alegando que não há motivos para isso. Ele ainda insistiu que aqueles que comparecem são transportados e pagos para estar lá, uma acusação que busca deslegitimar o apoio que Harris tem entre seus apoiadores. Essa troca de farpas ilustra a tensão crescente entre as duas campanhas, com cada lado buscando demonstrar sua força perante os eleitores. “As pessoas não saem dos meus comícios. Nós temos os maiores comícios, os mais incríveis da história da política”, retrucou Trump, reafirmando sua visão sobre o engajamento com o público.
Esses eventos refletem não apenas as divisões políticas atuais nos Estados Unidos, mas também a estratégia eleitoral das duas candidaturas, que giram em torno de questões que afetam profundamente a vida dos cidadãos, como a saúde reprodutiva e os direitos individuais. Com as eleições se aproximando, é provável que esses temas continuem a dominar o debate entre os candidatos e a influenciar o modo como os eleitores percebem cada um deles. No cenário político conturbado, a capacidade de Harris de lidar com críticas e reforçar sua mensagem pode desempenhar um papel crucial em sua campanha e na mobilização de eleitores que acreditam na defesa dos direitos reprodutivos.