A corrida eleitoral nos Estados Unidos está ganhando contornos intensos à medida que os candidatos se preparam para a fase final da campanha. Na véspera do mês decisivo que antecede as eleições, a vice-presidente Kamala Harris conseguiu um importante trunfo: um robusto capital financeiro que supera o de seu principal adversário, o ex-presidente Donald Trump. De acordo com os relatórios de campanha apresentados no último domingo à noite, Harris começou outubro com impressionantes $346 milhões à sua disposição, controlados por seus comitês e pelo Partido Democrata. Este valor supera consideravelmente os quase $285 milhões disponíveis para Trump, revelando uma disparidade significativa que pode impactar a dinâmica da disputa nas semanas que se seguem até o Dia da Eleição.
Desde que entrou na corrida presidencial no final de julho, Harris tem demonstrado uma capacidade de captação de recursos inigualável. Em um ritmo acelerado e marcante, a democrata arrecadou mais de $1 bilhão para sua candidatura, estabelecendo um recorde que nenhum outro candidato à presidência havia alcançado anteriormente. Somente no mês passado, ficou clara sua vantagem, pois sua principal comissão de campanha arrecadou mais de três vezes o que Trump conseguiu. No entanto, a equipe de campanha de Harris adota uma abordagem cautelosa. Apesar da vantagem financeira, reconhecem que é necessário manter um fluxo rápido de arrecadação para se manter competitivos no cenário eleitoral, especialmente considerando o tempo reduzido para que Harris se apresente aos eleitores e as quantias cada vez mais elevadas que os financiadores bilionários de Trump estão injetando na disputa.
Recentemente, o parceiro de chapa de Harris, o governador de Minnesota, Tim Walz, participou de eventos beneficentes em Boston e Greenwich, Connecticut, durante os quais a campanha incentivou doações menores online em celebração ao sextagésimo aniversário de Harris. O time de campanha tem enfatizado a importância das doações de baixo valor, revelando que quase dois terços dos recursos levantados em setembro vieram de doadores da base. Impressionantemente, o número de contribuições recorrentes aumentou para 607 mil, quase o dobro do contabilizado no final de junho, quando o presidente Joe Biden ainda liderava a chapa democrata.
Embora a arrecadação esteja em alta, os gastos de Harris também são significativos. Sua principal comissão de campanha relatou ter recebido cerca de $222 milhões em setembro, enquanto Trump obteve aproximadamente $63 milhões. No entanto, as despesas superaram as receitas, com a campanha de Harris gastando perto de $270 milhões. De acordo com dados da AdImpact, isso se traduziu em uma vantagem considerável no espaço publicitário, já que a campanha de Harris desembolsou cerca de $196 milhões em publicidade, em comparação com apenas $73 milhões de Trump no mesmo período.
Por outro lado, a campanha de Trump não fica desamparada financeiramente. Um super PAC que apoia sua candidatura recebeu uma contribuição considerável de $25 milhões de Timothy Mellon, um bilionário recluso e herdeiro de uma fortuna bancária, elevando o total de suas doações para o grupo alinhado a Trump para impressionantes $150 milhões neste ciclo eleitoral. O montante doado por Mellon em setembro representou mais de 60% do total arrecadado pelo super PAC naquele mês, destacando o papel crucial dos grandes doadores nas campanhas políticas.
No campo oposto, a equipe de Harris também recebe o apoio de grandes nomes e doadores abastados do Partido Democrata. O FF PAC, o principal super PAC que apoia a vice-presidente, relatou arrecadação superior a $104 milhões em setembro, com gastos superiores a $118 milhões destinados a publicidade em estados estratégicos. Este grupo atraiu doações significativas de diversos doadores influentes, incluindo $10 milhões do cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz, e cerca de $9,9 milhões de Christian Larsen, cofundador da Ripple Labs. O governador democrata bilionário de Illinois, JB Pritzker, também contribuiu com $5 milhões, assim como o investidor financeiro Stephen Mandel e sua esposa, que também somaram $5 milhões para a causa.
Além disso, contribuições notáveis vieram de James Murdoch e sua esposa, Kathryn, que doaram $1 milhão em setembro. Jamais tão significativas, essas doações refletem a mobilização e a resiliência do partido sob a liderança de Harris, que agora enfrenta não apenas um adversário fortemente financiado, mas também a pressão contínua para se manter relevante no cenário eleitoral cada vez mais acirrado.
À medida que a eleição se aproxima, tanto Harris quanto Trump estão cientes de que a capacidade de convencer e engajar o eleitorado será tão decisiva quanto os fundos disponíveis para promover suas respectivas campanhas. A batalha financeira e política aquecerá, e os próximos dias serão cruciais para definir a trajetória dos candidatos até o dia das eleições. Cabe ao eleitor, agora, decidir como conduzirá o futuro político americano, em um contexto onde cada dólar investido pode alterar o destino de uma nação inteira. A intrigante novela política americana continua, e cabe a nós, cidadãos, permanecer atentos a cada movimento das peças deste xadrez eleitoral.