A premiada escritora oferece uma visão sobre a vida e a morte em entrevista ao NPR
A renomada romancista e poeta canadense Margaret Atwood, aos 84 anos, participou recentemente do podcast Wild Card da NPR, conduzido por Rachel Martin, no dia 3 de outubro. Durante a conversa, Atwood, que estava promovendo sua nova coletânea de poesias intitulada “Paper Boat: New and Selected Poems: 1961-2023”, abordou temas profundamente existenciais, incluindo suas percepções sobre a morte e as experiências de luto que a vida lhe impôs. O formato do programa, que combina um jogo de cartas com questões filosóficas, permitiu que Atwood compartilhasse reflexões sinceras e intrigantes sobre sua trajetória e sua visão sobre a morte, que é um tema recorrente em sua obra.
Em resposta a uma pergunta sobre como suas emoções em relação à morte evoluíram ao longo do tempo, Atwood afirmou: “Não tenho medo da morte, morte, mortinha, morte, morte.” Essa afirmação ressaltou um aspecto curioso de seu caráter, uma vez que a autora, ao longo de sua vida, foi frequentemente associada a questões sombrias e à exploração da condição humana. Atwood explicou que sua preocupação não está diretamente na morte em si, mas nas experiências desumanizadoras que muitas vezes a precedem, como doenças graves ou longas estadias em lares de idosos, onde as pessoas perdem sua identidade. Ela ressaltou que essas circunstâncias, que podem ser bastante desagradáveis, provocam mais preocupação do que o próprio ato de morrer. Para ela, a ideia de não saber quem você é, é a verdadeira inquietação e o que a faz temer pela vida.
Ao tocar no tema do luto, Atwood revelou ter enfrentado a dor da perda em 2019, quando seu parceiro de longa data, o romancista Graeme Gibson, faleceu. Essa experiência a colocou em uma nova realidade, a de ser uma viúva, e agora ela é frequentemente procurada por outros que estão passando pelo mesmo processo de luto. “Todo mundo tem [a dor] mais cedo ou mais tarde. É o luto,” refletiu a autora. Em meio a essa experiência, Atwood compartilhou sua percepção sobre como enfrentar e viver com o luto, enfatizando que essa tristeza não é algo que se deve tentar evitar; é uma parte inevitável da vida.
Uma nova obra que representa uma vida inteira de criação literária
A nova coletânea de Atwood, “Paper Boat: New and Selected Poems: 1961-2023”, publicada em 8 de outubro, é um compêndio que reúne suas poesias escritas ao longo de uma carreira que se estende por mais de seis décadas. Desde sua primeira coleção, “Double Persephone”, lançada em 1961, até suas renomadas obras de ficção como “The Handmaid’s Tale” e “Cat’s Eye”, Atwood consolidou-se como uma das vozes mais influentes da literatura contemporânea. Sua obra literária é marcada não apenas pela qualidade estética, mas também pelo engajamento profundo com questões sociais e existenciais, características que ressoam fortemente em sua nova publicação.
Durante a entrevista, Atwood também abordou sua visão sobre os novos escritores, especialmente aqueles que experimentam um sucesso repentino. Ela compartilhou sua sabedoria, alertando-os sobre as consequências da visibilidade na esfera pública, que geralmente acompanham críticas contundentes de estranhos. Em suas palavras, “Eu disse: ‘Em um par de anos, você terá três ataques pessoais cruéis de pessoas que você não conhece.’” Essa observação reflete a dura realidade do mundo literário, em que o sucesso pode rapidamente se tornar um alvo de críticas. Atwood incentivou jovens escritores a se manterem resilientes diante das adversidades, um tributo à perseverança que ela própria demonstrou ao longo de sua carreira.
Conclusão: A vida e a obra de Atwood como reflexo de experiências humanas universais
A entrevista com Margaret Atwood no podcast Wild Card oferece uma janela fascinante para a psique de uma das autoras mais veneradas de nosso tempo. Suas reflexões sobre a morte, luto e a experiência de ser uma figura pública bem-sucedida são não apenas reveladoras, mas também oferecem consolo e compreensão a muitos que enfrentam as nuances da existência. A nova coletânea de poesias serve como uma celebração de uma vida dedicada à literatura e, ao mesmo tempo, como um convite à introspecção sobre temas que são frequentemente evitados, mas que definem a condição humana. Atwood continua a nos inspirar não apenas como uma escritora que moldou a narrativa contemporânea, mas também como uma pensadora que consegue unir a arte com o entendimento profundo da vida e da morte, instigando sua audiência a refletir sobre o que realmente importa na jornada de cada um de nós.