No último domingo, durante um evento que atraiu dezenas de apoiadores, o ex-presidente Donald Trump realizou um comício no icônico Madison Square Garden, em Nova Iorque. A situação, que já possuiria em si um tom de expectativa, tornou-se ainda mais tensa quando a Comissão Nacional Democrata (DNC) decidiu projetar mensagens digitais na fachada do famoso local, utilizando uma estratégia de contraprogramação com o propósito de destacar supostas ligações de Trump com Adolf Hitler. Essa ação visava não apenas criticar o ex-presidente, mas também chamar a atenção para relatos recentes onde o ex-chefe de gabinete de Trump, o general John Kelly, afirmou que o ex-mandatário tinha admirava o ditador alemão e suas estratégias. Este evento marca a primeira vez que a DNC realiza tal projeção simultaneamente ao evento de Trump, embora não seja a primeira vez que a DNC utiliza projeções em grandes prédios para rebatizar mensagens de seus opositores.
Reflexões do passado e comparações controversas
A comparação entre o atual evento de Trump e um famoso comício realizado em 1939 por um grupo favorável a Hitler, que também aconteceu no Madison Square Garden, não passou despercebida. O evento de fevereiro de 1939, organizado pelo Bund Alemão-Americano, reuniu milhares de apoiadores do regime nazista, ao mesmo tempo que contou com uma maciça oposição nas ruas, um contexto que ressoa nas discussões contemporâneas sobre o discurso de divisão que permeia a política atual dos Estados Unidos. A vice-presidente e candidata à reeleição, Kamala Harris, e o governador de Minnesota, Tim Walz, tornaram-se cada vez mais vocal contra Trump, clamando pelo potencial impacto negativo de seu discurso e ações sobre a democracia e os direitos civis.
Walz, ao se dirigir a eleitores em Nevada, não hesitou em traçar comparações históricas. Segundo ele, “Donald Trump está realizando um enorme comício no Madison Square Garden, e existe um paralelo direto com um grande evento que ocorreu na década de 1930 nesse mesmo local”. Por outro lado, Hillary Clinton também não ficou de fora do debate, observando que a escolha do Madison Square Garden para o evento de Trump não poderia ser apenas uma mera coincidência, mas sim uma “reenactment” do que ocorreu em 1939, um posicionamento que ecoou a crítica de Walz e de outros líderes democratas.
A resposta de Trump e suas repercussões
Ao longo da campanha, Trump tem se defendido das acusações, alegando que jamais fez qualquer elogio a Hitler, e que as alegações apresentadas por Kelly eram infundadas. A porta-voz da campanha, Karoline Leavitt, criticou as acusações de Clinton, relembrando que ela própria já havia realizado eventos no Madison Square Garden e chamando a retórica da ex-primeira dama de “nojenta”. Para Trump, as comparações com a história são equivocadas e ele reacendeu o valor do seu slogan “Faça a América Grande Novamente”, que sugere um retorno a um ideal nostálgico sem os contornos sombrios da história.
Ainda assim, a projeção da DNC, que incluía mensagens como “Trump = Desajustado” e “Trump = Inapto”, deve ser vista como uma tentativa de deslegitimar a imagem de Trump, especialmente na reta final das eleições, onde o voto e a percepção pública são essenciais. A tentativa de demonizar a figura de Trump por meio de tais comparações tentava criar uma narrativa de que, independentemente daquilo que o ex-presidente esteja prometendo, suas ações e plataforma política têm repercussões perigosas para a sociedade.
Legalidade e continuidade da estratégia de contraprogramação
Um aspecto interessante a ser mencionado é a legalidade das projeções, uma vez que, segundo um advogado da cidade de Nova Iorque, há regras que restringem a projeção de mensagens digitais por mais de 60 segundos sem uma autorização prévia. A DNC assegurou que estava cumprindo essa regulamentação, alterando as mensagens exibidas para se manter dentro da legalidade. Este tipo de ação, embora polêmica, é um reflexo do clima político intensificado das últimas semanas, onde lados opostos da bancada política buscam não apenas mobilizar seus apoiadores, mas também deslegitimar e reverter o discurso do oponente de forma criativa e audaciosa. Seja por meio de comparações históricas, projeções digitais ou discursos inflamados, as campanhas políticas americanas estão claramente em um momento decisivo.
Em conclusão, a interação entre o evento de Trump e a ação da DNC no Madison Square Garden simboliza não apenas a polarização do cenário político dos Estados Unidos, mas também a urgência com que cada lado busca reafirmar sua narrativa. A mensagem implícita nas projeções da DNC pode, para muitos, ser unnerved, mas para outros, poderá servir apenas como um lembrete do quão distante a política pode se tornar do que muitos esperam em uma democracia saudável. Enquanto a disputa entre Trump e seus opositores se intensifica nas semanas que antecedem as eleições de 2024, não há dúvida de que a história e as comparações dela decorrentes continuarão a provocar debates acalorados tanto nas ruas quanto nas redes sociais.