A notícia do fechamento do Team Blue, estúdio da Netflix formado por renomados desenvolvedores com passagens por empresas como Blizzard, Bungie e Sony, traz à tona os desafios das plataformas de streaming na transição para o desenvolvimento de jogos eletrônicos de alto custo. O agito inicial em torno da criação deste estúdio, que prometia um novo jogo multiplataforma com uma propriedade intelectual original, foi grande. No entanto, após menos de dois anos de existência, o estúdio já se encontra encerrado, atiçando o debate sobre as apostas da Netflix no mercado de jogos e a sua capacidade em manter equipes especiais voltadas para esse contexto.
Os planos da Netflix em criar uma divisão de jogos ambiciosa pareciam promissores. O anúncio em abril de 2023 da chegada de Joseph Staten, um dos principais criadores do franchise Halo, junto a outros desenvolvedores de peso como Chacko Sonny e Rafael Grassetti, acendeu as esperanças de que algo inovador e transformador estivesse a caminho. Contudo, um estudo recente do Game File revelou que o Team Blue já não existe mais, e com ele, os grandes nomes que foram trazidos a bordo. Esse movimento, embora não incomum na indústria de jogos, levanta questões sobre a estratégia da Netflix na exploração deste novo campo.
Não é raro que empresas que não possuem experiência significativa no desenvolvimento de jogos acabem enfrentando dificuldades. A tentativa da Netflix de entrar neste mercado tem sido caracterizada, até agora, por aquisições de estúdios que já estavam em operação, como a compra do Night School Studio que resultou no lançamento de Oxenfree II. No entanto, essa estratégia de aquisição parece ter falhado quando se trata de formar um estúdio de criação próprio. A pressão interna para oferecer um produto de qualidade e, ao mesmo tempo, a falta de experiência acumulada em desenvolvimento de jogos foram fatores que pesaram contra o Team Blue.
A estrutura da indústria de jogos, onde grandes nomes são frequentemente contratados após haverem alcançado sucesso em projetos anteriores, resulta em uma dinâmica de expectativa que nem sempre se concretiza. A realidade é que, mesmo entre equipes de renomados desenvolvedores, a transliteração de ideias em jogos jogáveis pode enfrentar barreiras severas. Abaixo da superfície, pode haver uma infinidade de razões pelas quais projetos não chegam sequer a uma fase inicial de desenvolvimento, onde testes básicos, como o alpha build, são realizados. Embora projetos que não resultem em produtos finais possam ainda ser experiências valiosas, a história de estúdios que sucumbiram a seus desafios é longa.
Casos como o da Typhoon Studios, adquirido pelo Google antes do lançamento de Journey to the Savage Planet e que acabou se dissolvendo durante a infame jornada do Stadia, mostram que o caminho dos negócios de jogos é repleto de armadilhas. O reerguimento da equipe sob um novo nome e fazendo um jogo satírico sobre sua experiência prévia apenas reforçam como muitas vezes, o contexto externo e interno pode inviabilizar esforços criativos. O Team Blue parece ter seguido uma trajetória semelhante, com o fechamento do estúdio corroborando a perspectiva de que o sucesso no setor pode ser uma ilusão efêmera.
No final das contas, as promessas que cercavam o Team Blue foram reduzidas a lembranças de um projeto que nem ao menos teve a chance de se concretizar. A realidade é que as grandes ideias precisam de espaço e suporte adequado para prosperar, e a Netflix ainda busca encontrar seu lugar em um setor que exige não apenas investimento, mas também um profundo entendimento das dinâmicas do desenvolvimento de jogos. Enquanto isso, Joseph Staten, Chacko Sonny e Rafael Grassetti permanecem na busca por novas oportunidades, e nós torcemos para que novas portas se abram para esses talentosos profissionais. Afinal, a indústria de jogos é conhecida por suas reviravoltas, e sempre há uma nova oportunidade esperando para ser agarrada. Neste cenário dinâmico, resta saber qual será o próximo capítulo nessa história.