A desinformação se espalha como pólvora nas redes sociais, e recentemente, as operações de disseminação de informações falsas por parte de países como Rússia, China e Cuba tornaram-se alvo de atenção especial por parte de autoridades dos Estados Unidos. Um funcionário do governo americano revelou, em uma declaração feita na última segunda-feira, que há um esforço coordenado desses países para distorcer a percepção pública sobre as ações do governo dos EUA em relação às catástrofes naturais provocadas pelos furacões Helene e Milton, que atingiram o território americano durante os meses de setembro e outubro.
Evidências de desinformação nas redes sociais
Entre os exemplos citados, um perfil vinculado à China teria utilizado uma imagem gerada por inteligência artificial da vice-presidente Kamala Harris observando os estragos provocados pelas inundações. A montagem acompanha uma alegação enganosa de que “todo o dinheiro dos Estados Unidos foi destinado à Ucrânia, Israel e Taiwan”. Essa e outras ações indicam uma tentativa deliberada de desacreditar a resposta americana em momentos de crise, levantando questionamentos sobre a verdadeira destinação dos fundos de emergência.
Outro exemplo notável provém de uma agência de notícias estatal russa, que compartilhou uma imagem similar gerada por inteligência artificial no Telegram. A foto, que retrata um Disney World inundado, reforça a narrativa de que o governo dos EUA não está dando a atenção necessária às vítimas de desastres naturais. Além disso, operativos russos promoveram diversos conteúdos “provocativos relacionados a furacões”, sugerindo que fundos de socorro não estariam sendo disponibilizados para aqueles que mais precisam.
Por sua vez, Cuba também tem desempenhado um papel ativo nesta onda de desinformação, amplificando narrativas que alegam que o apoio dos Estados Unidos a Israel e Ucrânia teria desviado recursos essenciais destinados a esforços de socorro em situações de calamidade. Tal fenômeno ressalta a interconexão entre a desinformação promovida por diferentes países, todos sugerindo que a administração Biden estaria negligenciando os cidadãos americanos diante de crises internas.
Impacto das mentiras e ações do governo americano
É a primeira vez que o governo americano emite uma declaração tão contundente sobre a influência de potências estrangeiras na desinformação relacionada a desastres naturais. Embora a maior parte das informações falsas tenha sido propagada por cidadãos americanos, entre eles o bilionário Elon Musk, proprietário da plataforma X, ações encobertas de governos estrangeiros, como abordou o funcionário norte-americano, podem intensificar a propagação dessas mentiras, levando a um maior número de usuários online a acreditarem nelas. Essa disseminação tem sérias implicações e já levou a incidentes preocupantes, um exemplo sendo a prisão de um homem na Carolina do Norte por ameaçar funcionários da FEMA, a agência que coordenava os esforços de socorro após o furacão Helene.
O contexto se torna ainda mais tenso, uma vez que governos estrangeiros, como Rússia, China e Irã, estão ativos em suas tentativas de desestabilizar a opinião pública americana, especialmente com as eleições presidenciais se aproximando. Reveste-se de importância analisar como essas narrativas enganosas são utilizadas como armas psicológicas em momentos críticos. À medida que a desinformação aumenta, o presidente Joe Biden expressou preocupações a respeito do potencial impacto negativo da divulgação dessa informação falsificada sobre os esforços de socorro, solicitando à sua equipe um memorando sobre a resposta digital do governo federal e as medidas adotadas para corrigir as informações erradas já em circulação.
Além disso, autoridades americanas instruíram equipes de comunicação pública em agências federais a intensificarem a presença nas redes sociais, publicando mais imagens e informações que demonstrem como os trabalhadores do governo estão atuando na limpeza de detritos e na distribuição de ajuda. Essa resposta proativa é crucial para contrabalançar a avalanche de dados falsos que circulam na esfera digital.
Ainda que o relatório de inteligência não tenha abordado diretamente a atuação do Irã nesse cenário de desinformação, é notório que o país tem buscado fomentar divisões internas entre os americanos neste período eleitoral, tática também observada em outros contextos. O jogo de desinformação utilizado por potências estrangeiras destaca a vulnerabilidade das sociedades contemporâneas às narrativas fabricadas, e a responsabilidade em desmascarar essas mentiras é de todos nós, principalmente da imprensa e das instituições governamentais.
Portanto, é fundamental que a população se mantenha alerta e crítica frente às informações que consome, considerando a origem e o contexto onde elas surgem. O combate à desinformação é uma luta diária, não apenas das autoridades, mas de cada cidadão consciente da importância de um debate democrático saudável e fundamentado em dados verídicos. Ao final, saber distinguir fatos de ficção é uma das maiores armas que temos para proteger a sociedade das consequências nefastas de uma verdade distorcida.