Em um cenário onde a inovação tecnológica se entrelaça com a busca incessante por tratamentos mais eficazes, a Promise Bio surge como um divisor de águas no campo das doenças autoimunes. Fundada em janeiro de 2023 e localizada em Tel Aviv, a empresa não deseja ser apenas mais uma das tantas startups de descoberta de medicamentos baseadas em inteligência artificial. O CEO da Promise Bio, Ronel Veksler, tem a ambição de transformar o panorama da medicina de precisão, focando no diagnóstico e tratamento de condições complexas que afetam uma significativa parte da população mundial.
A inovação central da Promise Bio reside em sua plataforma de inteligência artificial baseada na nuvem, capaz de identificar diferentes Modificações Pós-Traducionais (PTMs) em proteínas a partir de uma única amostra de sangue. Antes do desenvolvimento dessa tecnologia, a análise de uma dessas 200 modificações proteicas exigia a realização de testes individuais e separados, um processo que apresentava enormes dificuldades e limitações. As PTMs são fundamentais para o diagnóstico e a abordagem terapêutica de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e o lúpus. Veksler ilustra o impacto dessa inovação afirmando: “É tão substancial, é como passar de uma televisão em preto e branco para agora ver cores.” Essa nova perspectiva visualiza a mesma proteína de uma forma completamente diferente, trazendo esperança para tratamentos mais eficazes.
A possibilidade de simplificar esses testes e permitir um diagnóstico mais preciso poderia abrir as portas para a medicina de precisão nas doenças autoimunes, de maneira semelhante ao que os avanços na genômica proporcionaram para o tratamento do câncer, como destacou Veksler. O ex-médico reconhece a dor e a frustração enfrentadas por pacientes com doenças autoimunes: “Quando eu praticava medicina, encontrava pessoas com doenças autoimunes e percebia que esses pacientes estão em uma corrida constante para encontrar a melhor medicação.” A realidade da medicina prática frequentemente se resumia a um exaustivo ciclo de tentativas e erros, um processo que se torna insustentável frente às capacidades computacionais disponíveis atualmente.
Veksler compartilha como sua trajetória o levou à fundação da Promise Bio, uma sucessão de eventos que se encaixaram como peças de um quebra-cabeça. Após obter seu diploma em medicina e trabalhar como médico por alguns anos, ele conquistou um doutorado no cruzamento entre medicina e engenharia. Antes da pandemia, passou por experiências tanto na prática médica quanto numa startup amiga, a C2i Genomics. Certa vez, sua esposa, Gal Noyman-Veksler, uma parceira na LionBird, um fundo de capital de risco, retornou para casa com a notícia de que havia se encontrado com Yifat Merbl, uma cientista sênior no Instituto Weizmann de Ciência, que estava buscando desenvolver a tecnologia de biologia computacional na qual trabalhava. Esse encontro foi descrito por Veksler como um “ajuste perfeito,” levando à fundação da Promise Bio.
Desde então, a empresa tem operado em modo stealth, buscando entender melhor o mercado e suas necessidades antes de se revelar ao mundo. Com um crescimento impressionante, a Promise Bio está em colaboração ativa com grandes hospitais dos Estados Unidos e de Israel, além de farmacêuticas renomadas como AstraZeneca e Pfizer. Recentemente, a empresa anunciou um financiamento inicial de 8,3 milhões de dólares, que foi fechado em abril de 2023. A maioria dos recursos veio do investidor principal Awz Ventures e de investidores estratégicos, incluindo AstraZeneca e Pfizer, o que denota uma confiança substancial na trajetória da Promise Bio. Veksler comentou que esses fundos serão destinados à contratação de novos talentos e ao desenvolvimento de um banco de dados com pontos de dados sobre PTMs, que será vital para futuras pesquisas e inovações.
O parceiro geral da Awz Ventures, Roni Alsheich, expressou um otimismo significativo sobre a equipe da Promise Bio, brincando que se trata de uma empresa realmente promissora. Ele salientou que a tração já alcançada pela empresa em relação a instituições consolidada, como Pfizer e AstraZeneca, é um indicativo claro de validação. “Se a Pfizer e a AstraZeneca estão interessadas nesta empresa, e pesquisadores de instituições e hospitais estão também, acreditamos que isso é uma validação real,” afirmou Alsheich. Para ele, ainda estamos apenas no começo do caminho. Ele ressaltou a singularidade da Promise Bio, destacando que não conhece outra empresa tão jovem com tanta tração junto a gigantes farmacêuticos.
Embora haja interesse crescente de pesquisadores e desenvolvedores de medicamentos visando tratar outras condições, como distúrbios neurológicos, Veksler enfatiza que sua equipe está focada nas doenças autoimunes. Essas condições afetam cerca de 4% da população global, o que representa milhões de pessoas que enfrentam desafios diários em busca de alívio e cura. Ele conclui, reforçando uma inquietante realidade: “É realmente louco que ainda estejamos fazendo o mesmo processo que gerenciávamos há 15 anos. O número de opções terapêuticas continua aumentando. Não é sustentável. Não podemos continuar nesse sistema de tentativas e erros que as empresas farmacêuticas têm seguido até agora.” A Promise Bio promete ser uma luz no fim do túnel para pacientes que têm esperado por mudanças significativas em suas vidas devido a doenças autoimunes.