Na noite de segunda-feira, os renomados apresentadores de talk show, Jimmy Kimmel e Stephen Colbert, compartilharam comentários mordazes sobre o polêmico evento promovido pelo ex-presidente Donald Trump, que ocorreu no Greater Philadelphia Expo Center, em Oaks, Pennsylvania, no dia 14 de outubro de 2024. O evento, amplamente divulgado como uma sessão de perguntas e respostas (Q&A) com Trump, rapidamente se transformou em uma sessão de audição de músicas, enquanto o ex-presidente pedia a seus assessores que tocassem suas faixas favoritas, que costumam embalar suas corridas de campanha de 2024. O evento foi moderado pela governadora de Dakota do Sul, Kristi L. Noem, e teve uma série de momentos que geraram intensa reação entre os espectadores e comentaristas.
Durante o evento, Trump abordou algumas questões, mas sua abordagem parecia ser desconexa. Quando questionado sobre o aumento dos preços dos alimentos, suas respostas remetiam a referências controversas, incluindo um discurso que evocou o personagem fictício Hannibal Lecter, além de uma menção imprópria a imigrantes e “empregos para negros”. O ex-presidente também sugeriu, em um momento bizarro, que seus apoiadores votassem no dia 5 de janeiro, uma data que ocorre dois meses após o dia da eleição. A atmosfera do evento tornou-se ainda mais tensa quando um dos participantes desmaiou devido ao calor no ambiente lotado. Este incidente levou à inserção de música ao evento, começando com a famosa “Ave Maria” de Schubert, interpretada pelo aclamado tenor Luciano Pavarotti.
Os apresentadores de talk show não se contiveram em suas críticas. Em segmentos separados, Kimmel e Colbert foram além do que foi apresentado, utilizando trechos de vídeo do evento para ilustrar suas reações. Kimmel enfatizou a longínqua e estranha apresentação de Trump, que durou 39 minutos, durante a qual ele “swayed” e dançou no palco ao som de suas músicas de campanha preferidas, algumas das quais geraram ações legais de artistas que pediram que sua música não fosse mais utilizada. O apresentador brincou ao afirmar: “Ele ficou lá por 39 minutos. É como se estivesse fazendo uma apresentação de dança infantil e não quisesse ir para casa.” As músicas tocadas incluíram versões de “Nothing Compares 2 U” de Sinead O’Connor, “Hallelujah” de Leonard Cohen na voz de Rufus Wainwright, e “Rich Men North of Richmond” de Oliver Anthony, além de diversas outras que se tornaram conhecidas durante as campanhas políticas de Trump.
Kimmel também ironizou a rápida tentativa de um dos assessores de comunicação de Trump de minimizar o que aconteceu durante o evento, descrevendo a situação como um “total love fest”, em que os apoiadores estavam tão empolgados que desmaiaram, sugerindo de forma sarcástica que a música foi um remédio para a situação. Ele comentou: “Quero que você imagine um cenário em que Kamala Harris ficasse parada em um evento e dissesse nada, apenas dançasse por quase 40 minutos. A Fox News teria bloqueado uma semana inteira para cobrir isso, teria sido como a Perseguição de O.J. Simpson encontrando o 11 de setembro.”
No Late Show com Stephen Colbert, o apresentador expressou sua incredulidade após quase duas décadas apresentando programas sobre eventos eleitorais. Ele mencionou que, na sua experiência, o evento para o qual Trump convocou seus apoiadores estava “completamente fora de cogitação”. Colbert completou que Trump encerrou o evento com uma apresentação da famosa música “Memories”, do musical Cats, fazendo uma brincadeira sobre uma declaração análoga do candidato a respeito de imigrantes atacando animais, referindo-se à mentira de Trump sobre a situação em Michigan. Ele afirmou, em tom cômico: “Trump encerrou o evento trocando cumprimentos ao som de outra canção amada, ‘Memories’, que, claro, é do seu musical favorito, ‘Eles estão comendo os gatos’.”
Os comentários de Kimmel e Colbert, que combinaram humor e crítica, não apenas destacaram as peculiaridades do evento promovido por Trump, mas também enfatizaram as tensões políticas e sociais que cercam a corrida presidenciais de 2024. Com as primárias se aproximando, os candidatos estão sob pressão para se apresentarem de maneira convincente e conectarem-se com os eleitores em um clima político cada vez mais polarizado e volátil. Os eventos desse tipo, intercalados com a troca de críticas públicas, refletem a luta constante entre os candidatos e o papel que o entretenimento desempenha na política contemporânea.