A moldávia, um pequeno país do leste europeu que anseia por uma integração mais profunda com a união europeia, se vê em um momento crítico em relação ao seu referendo sobre a adesão ao bloco europeu. Com os resultados parciais vindo à tona, a situação está longe de ser decidida. A presidente Maia Sandu, em uma declaração contundente, denunciou um “assalto sem precedentes” à democracia moldava, refletindo a gravidade da situação em que o país se encontra.
De acordo com a Comissão Central de Eleições da moldávia, pouco mais de 1,4% das cédulas ainda estavam por contar, e até o momento, 50,2% da população havia optado pela resposta “sim” na consulta popular. Este resultado apertado demonstra que a adesão à união europeia não é uma questão simples e que muitos moldavos possuem dúvidas sobre o futuro político e econômico do país. Para Maia Sandu, esse resultado representa um revés, pois ela esperava um apoio mais sólido e decido para o caminho pro-europeu que traçou durante seu primeiro mandato presidencial.
A votação, que não se limitou apenas ao referendo, também incluiu a eleição presidencial, na qual Sandu novamente se viu em uma situação complicada, uma vez que não conseguiu garantir os votos necessários para vencer na primeira rodada. O segundo turno ocorrerá no dia 3 de novembro, e o resultado dessa disputa pode definir o futuro político da moldávia, em um cenário em que é evidente que o país está dividido entre movimentos pro-europeus e pro-russos.
Em uma declaração noturna que surpreendeu muitos, a presidente acusou grupos estrangeiros de tentarem minar o processo democrático moldavo. “Estes grupos criminosos usaram os meios mais vergonhosos para manter nossa nação aprisionada na incerteza e na instabilidade”, afirmou Sandu. Esse tipo de acusação é particularmente significativo em um contexto onde a moldávia já enfrentou níveis consideráveis de interferência externa, especialmente da rússia, que historicamente exerce uma influência significativa sobre seus vizinhos.
Recentemente, foram revelados os esforços de uma rede vinculada ao Kremlin, liderada pelo oligarca moldavo exilado Ilan Shor, que tinha a intenção de manipular os resultados do referendo. Shor, em um vídeo divulgado em sua conta do Telegram, anunciou um esquema que prometia pagar R$ 28 a eleitores que se registrassem em sua campanha, além de valores adicionais se votassem contra a adesão à união europeia. Esse tipo de prática levanta sérias preocupações sobre a integridade do processo eleitoral no país.
Além disso, os resultados parciais também mostraram Maia Sandu liderando a corrida presidencial, com 42,1% dos votos, à frente de seu concorrente mais próximo, Alexandr Stoianoglo, que obteve 26,3%. Stoianoglo é um ex-procurador-geral e representa o Partido Socialista, que possui uma base de apoio pro-russa. O segundo turno da eleição presidencial, marcado para novembro, pode ser extremamente disputado, especialmente se outros partidos e eleitores pro-russos se unirem em apoio a Stoianoglo.
Enquanto a moldávia enfrenta esses desafios, os olhos do mundo estão voltados para o pequeno país, que pode se tornar um barômetro do desejo de integração europeia entre as nações pós-soviéticas. Com as tensões geopolíticas aumentando e a instabilidade interna pairando sobre o futuro político do país, a moldávia se encontra em um momento decisivo que pode moldar seu destino nos próximos anos. O referendo e as eleições presidenciais são apenas o começo de um capítulo que poderá definir as escolhas que moldarão a identidade nacional e a orientação geopolítica da moldávia nas próximas décadas.