A Roku, uma das principais plataformas de streaming nos Estados Unidos, deu um passo significativo ao anunciar que deixará de informar o número de lares que utilizam seus serviços de streaming, assim como a receita média por usuário. Esse movimento, que seguirá a tendência estabelecida pela gigante do streaming Netflix, reflete uma mudança na estratégia da empresa, que busca se concentrar em aumentar a receita da plataforma e sua lucratividade. A decisão é parte da carta aos acionistas referente ao terceiro trimestre de 2023 e evidencia como o setor de streaming tem evoluído, especialmente desde a abertura de capital da Roku em 2017.
No terceiro trimestre, a Roku surpreendeu o mercado ao reportar uma receita total líquida de 1,062 bilhão de dólares, o que representa um aumento de 16% em relação ao ano anterior. A empresa registrou um lucro bruto de 480 milhões de dólares, embora tenha enfrentado uma perda líquida de 6 centavos por ação. Essa performance foi melhor do que a esperada por analistas, que projetavam uma perda de 32 centavos por ação e uma receita de 1,02 bilhão de dólares. A Roku havia estimado uma receita de 1,01 bilhão de dólares e um lucro bruto de 440 milhões de dólares, assim, os resultados apresentados ressaltam a eficácia da empresa em um ambiente competitivo e em constante mudança.
A evolução dos lares que utilizam o serviço de streaming da Roku é particularmente notável. O número alcançou a marca de 85,5 milhões, com um aumento de 2 milhões em comparação ao trimestre anterior. O tempo total de streaming pelos usuários também cresceu, atingindo 32 bilhões de horas, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Os dados indicam que a Roku está não apenas conquistando novos assinantes, mas também engajando os existentes de maneira mais efetiva, um aspecto crucial no sucesso de qualquer plataforma de streaming.
Outro ponto interessante é a receita média por usuário, que se manteve em 41,10 dólares, refletindo uma estratégia focada em expandir sua presença internacionalmente, com a empresa notando que esses números planos são influenciados por um aumento na participação de lares de streaming em mercados internacionais. Embora o crescimento dos lares de streaming esteja se concentrando mais em mercados fora dos Estados Unidos, a maior parte da receita da plataforma ainda provém do território americano. Isso levanta questões sobre a viabilidade de crescimento global, onde o engajamento e a monetização podem variar significativamente de um país para outro.
A Roku tem enfatizado repetidamente que, embora espere um crescimento contínuo no número de lares de streaming, isso não deve ser interpretado como um aumento correspondente na receita da plataforma. Eles planejam compartilhar atualizações sobre marcos significativos, como atingir 100 milhões de lares de streaming, o que está previsto para ocorrer dentro dos próximos 12 a 18 meses, um objetivo ambicioso que sinaliza a confiança da empresa na expansão contínua de sua base de usuários.
No que diz respeito às fontes de receita, a Roku relatou que sua receita de plataforma, que provém de publicidade e distribuição de serviços de streaming, aumentou para 908 milhões de dólares, uma alta de 15% em relação ao ano anterior. A receita gerada pela distribuição de serviços de streaming, que inclui assinaturas, cresceu ainda mais rápido, em grande parte graças ao aumento nos preços dos serviços baseados em assinatura oferecidos na plataforma. Essa tendência sugere que a Roku está capitalizando sobre o aumento da demanda por serviços de streaming, enquanto simultaneamente constrói uma proposta de valor que combina conteúdo de qualidade e uma experiência de usuário sólida.
A proposta relevante aqui é que Roku, ao deixar de divulgar informações que podem ser interpretadas como indicadores diretos de seu sucesso de mercado, está apostando em uma abordagem mais focada na lucratividade geral, fazendo um movimento que poderá moldar a percepção da empresa perante investidores e espectadores. Não apenas a Roku, mas todo o segmento de streaming parece estar se adaptando a uma nova realidade onde o crescimento não é apenas medido pela base de assinantes, mas pela eficácia em monetizar essa base e maximizar o engajamento.
Com o mercado de streaming em constante evolução, resta agora observar como a Roku implementará essa estratégia e que impacto isso terá no futuro da empresa e, por extensão, na indústria de entretenimento como um todo. Com um cenário competitivo crescendo, a Roku terá que se assegurar de que sua proposta de valor seja não apenas atraente, mas também sustentável a longo prazo, enquanto os espectadores continuam migrando do tradicional para a era do streaming.