O cineasta Roman Polanski, que completou 91 anos, não será mais julgado por um alegado caso de agressão sexual a uma menor em 1973. Isso aconteceu após um acordo, conforme reportado pela agência de notícias Agence France-Presse (AFP), que citou o advogado do diretor nos Estados Unidos. Polanski, conhecido por obras como “O Pianista” e “O Palácio”, havia fugido do país há várias décadas, após admitir ter cometido um crime de agressão sexual contra uma adolescente de 13 anos em um acordo de culpabilidade em 1977. Depois de cumprir 42 dias de prisão, o cineasta deixou o território americano quando surgiu a possibilidade de um juiz reavaliar sua soltura.
O novo processo contra Polanski tinha sido protocolado no ano passado, com a audiência marcada para um tribunal civil em Los Angeles em agosto de 2025. No entanto, essa ação foi retirada em meio ao acordo que as partes encontraram, de acordo com explicações da AFP. O próprio advogado afirmou que o caso foi “resolvido no verão de forma que ambas as partes estavam mutuamente satisfeitas e agora foi formalmente descartado”. A situação se desenrolou em um momento em que a discussão sobre a responsabilização de figuras proeminentes por abusos sexuais tem ganhado força.
A advogada da parte autora, Gloria Allred, confirmou à AFP que “um acordo sobre as reivindicações foi acordado entre as partes com satisfação mútua”. O processo civil, apresentado por um autor não identificado no Tribunal Superior de Los Angeles, buscava indenizações não especificadas e acusava Polanski de ter violentado uma menor após ter lhe dado álcool. Esse processo foi protocolado pouco antes da expiração de uma lei na Califórnia que permitia um prazo estendido para reivindicações contra os supostos autores de crimes sexuais. Polanski, que ganhou o Oscar de Melhor Diretor por “O Pianista” no ano de 2002, sempre negou qualquer tipo de irregularidade.
O acordo em questão não apenas encerra um capítulo polêmico da vida do cineasta, como também destaca as complexidades sobre a luta por justiça em casos de agressão sexual, especialmente quando envolvem figuras reconhecidas mundialmente. Temas como responsabilidade, trauma e a busca por reações adequadas diante de abusos são mais relevantes do que nunca, dado o crescente número de vozes que têm se manifestado contra a desqualificação de experiências vividas.
A história de Polanski revela não apenas sua trajetória profissional marcada pela genialidade no cinema, mas também um complicado relacionamento com a lei e a moralidade, que reverberou ao longo de décadas. Este acordo pode ser visto como uma solução pragmática a uma disputa legal que, embora tenha sido encerrada, não apagará a memória e o impacto das ações a que o cineasta esteve envolvido. O desfecho desse processo nos faz refletir sobre como a sociedade lida com aqueles que, apesar de seu talento inegável, são também protagonistas de histórias obscuras e controversas.
Ao mesmo tempo, a decisão de pôr fim a este litígio pode ser entendida como um fechamento, não apenas para as partes diretamente envolvidas, mas também para a esfera pública que, por muito tempo, esteve atenta a essa narrativa. A questão que permanece é: até que ponto a arte pode ser separada do artista, e quais implicações isso traz ao se considerar a vida e o trabalho de alguém que fugiu das consequências de seus atos por tantos anos?
Enquanto isso, a indústria do entretenimento e os amantes do cinema observam ansiosos os próximos passos de Roman Polanski, considerando seu legado e as sombras que ainda rodeiam sua história. Sem dúvida, Polanski continua a ser um nome que evoca não apenas admiração por seu talento, mas também questionamentos profundos sobre a ética e a justiça.