A recente descoberta feita pelo rover Perseverance da NASA em Marte trouxe à tona uma fenomenal visão que intriga e encanta cientistas e entusiastas do espaço. Em um evento raro, o rover teve a oportunidade de registrar o que muitos descreveram como um “olho de boneca” cósmico durante um eclipse solar. Esse fenômeno ocorreu no dia 30 de setembro, quando Fobos, uma das duas luas de Marte, cruzou a frente do sol, lançando uma sombra peculiar, semelhante a uma batata de forma irregular, tanto na superfície de Marte quanto na face do sol. Com uma duração de aproximadamente 30 segundos, esse breve mas impactante eclipse eclipsa os eventos solares que conhecemos na Terra, especialmente levando em conta que Fobos é cerca de 157 vezes menor em diâmetro do que a lua terrestre, segundo dados da NASA.
A captura do vídeo do eclipse foi realizada enquanto o Perseverance ascendia a parede oeste da cratera Jezero. Este não é o primeiro registro de um eclipse marciano; a trajetória de observação dos rovers em Marte permitiria um maior entendimento sobre o comportamento e a órbita de Fobos, que, mesmo em sua importância, está fadado a um trágico destino. Fobos completa sua órbita em torno do equador marciano a cada 7,6 horas, ou seja, três vezes ao dia, e sua distância média da superfície marciana é de aproximadamente 3.700 milhas (6.000 quilômetros). Apesar de ter passado por um impacto gigante que o deixou repleto de crateras, Fobos está lentamente se aproximando de Marte, a uma taxa de cerca de 1,8 metros a cada 100 anos. Sem uma reviravolta misteriosa, espera-se que este pequeno satélite colida com o planeta vermelho em khoảng 50 milhões de anos, ou se desfaça e se transforme em um anel ao seu redor.
O Perseverance, com sua missão de explorar e compreender as condições passadas de Marte, não apenas se deparou com o fenômeno do “olho de boneca”, mas também com outras descobertas que elevam os ânimos da comunidade científica. Por exemplo, em maio, o rover Curiosity, durante outra expedição, quebrou uma pedra e revelou cristais amarelos, consistindo em enxofre elementar — uma descoberta sem precedentes no Planeta Vermelho. As descobertas feitas pelo Perseverance têm avançado a linha do tempo das investigações sobre os mistérios que ainda cercam Marte.
As luas de marte, Fobos e Deimos, foram descobertas em 1877 pelo astrônomo Asaph Hall, que deu a elas nomes inspirados em divindades gregas de medo e pânico. Algumas teorias sugerem que esses satélites podem ser asteroides que foram capturados pela gravidade marciana ou fragmentos resultantes de grandes impactos. Para elucidar esses mistérios, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) planeja a missão Martian Moons eXploration (MMX), com lançamento previsto para 2026, que se dedicará a observações meticulosas das duas luas antes de realizar um pouso em Fobos e coletar uma amostra para retornar à Terra.
Enquanto isso, o Perseverance continua sua árdua ascensão pela cratera, um trajeto que se mostrou desafiador devido à inclinação de 20 graus da superfície. Nas imagens mais recentes, capturadas pela câmera de navegação do rover em 11 de outubro, pode-se avistar as trilhas deixadas pelo veículo em um terreno caracterizado pelo acúmulo de poeira, areia e uma fina camada de crosta quebradiça. A equipe de engenharia da NASA teve que criar estratégias que incluíram o uso de direção reversa ao subir a inclinação em switchbacks. Esta tática permitiu ao rover encontrar um caminho mais eficiente usando as grandes rochas que oferecem melhor tração aos seus deslocamentos.
A expectativa é de que o Perseverance alcance a borda da cratera, cientificamente intrigante, até dezembro. Recentemente, o rover também compartilhou um mosaico composto por 44 imagens que ilustram os momentos notáveis de sua jornada de 3 anos e meio no planeta vermelho, desde o local do pouso até o campo de pouso do helicóptero Ingenuity. Com essa missão, o Perseverance não apenas busca traçar um perfil das condições que possam ter abrigado vida em Marte há bilhões de anos, mas também vislumbra o que o futuro pode reservar em termos de exploração e descoberta. Entre as metas está a coleta de amostras de pontos de interesse que podem estar ligados à presença de vida microbiana quando a água corria de um delta fluvial que já preencheu a Cratera Jezero.
Neste contexto de descobertas e desafios, o Perseverance se reafirma como uma das ferramentas mais valiosas da exploração espacial, desvendando mais sobre Marte, um mundo intrigante que, apesar de sua aridez, guarda uma rica tapeçaria de mistérios a ser explorada, não apenas para saciar a curiosidade humana, mas para expandir nossa compreensão do cosmos.