A Scout Motors, uma subsidiária do Grupo Volkswagen, fez uma revelação importante na quinta-feira ao apresentar dois novos modelos de veículos elétricos (EVs), que visam conquistar o mercado americano com um design que combina modernidade e robustez. Os veículos, que são um SUV chamado Scout Traveler e uma caminhonete chamada Scout Terra, buscam resgatar memórias do passado, enquanto oferecem uma experiência inovadora no presente, com uma curiosidade: eles estarão disponíveis em versões equipadas com um gerador movido a gasolina, por meio de um sistema denominado Harvester. Essa estratégia se assemelha à do Ramcharger, uma caminhonete elétrica da marca Stellantis, que foi anunciada no ano anterior e que também possui um gerador de 130 quilowatts integrado.
Os novos modelos Scout, no entanto, só começarão a ser produzidos em 2027, embora inicialmente estivessem programados para 2026. Quando chegarem ao mercado, estarão equipados com um chassi de carroceria sobre estrutura, eixo traseiro sólido e bloqueios mecânicos dianteiros e traseiros. O sistema de propulsão desses veículos proporcionará impressionantes 1.000 libras-pé de torque e uma aceleração de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos em algumas versões. Essas características técnicas são cruciais para a estratégia da Scout, que busca ressoar com os consumidores que desejam EVs que não apenas ofereçam desempenho em estrada e fora dela, como também tragam uma sensação de nostalgia através de botões e comandos físicos, ao invés de depender totalmente de telas digitais. Embora a marca tenha se comprometido a incluir um display touchscreen central, Keogh afirmou que todos os controles importantes, como ar-condicionado, permanecem físicos.
O presidente e CEO da Scout Motors, Scott Keogh, inaugurou a apresentação, demonstrando conscientização sobre os desafios enfrentados pela indústria automobilística atualmente. Em um evento transmitido ao vivo, ele mencionou que “sem dúvidas, esses são tempos complicados”. Keogh fez menção a diversas questões que afetam o setor, como tensões trabalhistas, incerteza em relação à transição para os EVs, infraestrutura, instabilidade geopolítica, inflação, cadeias de suprimento e as exigências de um software eficiente. Em sua perspectiva, os novos EVs da Scout estão preparados para contornar essas dificuldades com uma abordagem inovadora e alinhada às expectativas dos consumidores.
Os novos modelos totalmente elétricos têm uma expectativa de alcance de até 350 milhas (cerca de 560 km). Surpreendentemente, a Scout está apostando em versões de longo alcance, que prometem ultrapassar as 500 milhas (aproximadamente 800 km) graças ao gerador de gasolina integrado. O modelo Harvester, segundo Keogh, mantém a verdadeira essência da Scout: “Toda essa grande capacidade e reconhecimento permanecem, mesmo com o extensor de alcance”. Ele também ressaltou que a plataforma dos EVs está equipada para oferecer impressionantes 35 polegadas de pneus, mais de um pé de distância do solo e capacidade para atravessar quase 3 pés de água, além de várias opções de suspensão robusta.
O caminhão Terra terá uma capacidade de reboque superior a 10.000 pounds, e o SUV Traveler demonstrará uma capacidade para 7.000 pounds. Contudo, os detalhes a respeito de como essas capacidades afetarão o alcance dos veículos ainda não foram divulgados. Adicionalmente, os modelos serão construídos com uma arquitetura zonal moderna, permitindo atualizações de software pela internet e diagnósticos remotos, algo que o Grupo Volkswagen, sua empresa-mãe, tem enfrentado dificuldades na implementação devido a questões de desempenho de software, apesar de ter criado a subsidiária Cariad dedicada ao desenvolvimento especializado nesse aspecto.
O interior dos veículos segue a proposta de unir passado e presente, combinando o design sofisticado com funções práticas. A tela touchscreen é a peça central do interior, mas os interruptores e botões utilizados para o controle do ar-condicionado e aquecimento estão logo abaixo dela. Um detalhe que reflete as raízes da International Harvester é a opção por um banco de frente ao invés de um console multifuncional, reafirmando a conexão da Scout com seus princípios originais.
Em termos de preços, os modelos Scout Traveler e Terra terão um valor inicial abaixo de US$ 60.000, podendo chegar a US$ 50.000 com incentivos disponíveis, dependendo da permanência das vantagens provistas pelo Inflation Reduction Act. A Scout está na posição de capturar esses incentivos, visto que planeja projetar os veículos em Michigan e fabricá-los em uma nova fábrica de US$ 2 bilhões em South Carolina, com capacidade para produzir 200.000 EVs anualmente. Uma medida controversa adotada pela empresa é a venda direta de seus veículos ao consumidor, evitando as concessionárias da VW, permitindo que os clientes façam uma reserva para adquirir um SUV Scout Traveler ou uma caminhonete Scout Terra por um depósito reembolsável de US$ 100.
Com essa mistura de inovação, tradição e uma visão audaciosa de futuro, a Scout Motors se posiciona para desafiar as normas do setor automobilístico e daqueles que buscam algo mais de suas experiências de condução. As expectativas são altas e o mercado certamente estará de olho em como esses novos modelos se desdobrarão nos próximos anos.