No cenário político atual dos Estados Unidos, a libertação de Steve Bannon da prisão federal marca um momento crítico a apenas uma semana das eleições. O ex-chefe de campanha de Donald Trump e host de podcast de tendência direitista foi solto na terça-feira, conforme fontes afirmaram, e agora busca retomar o comando de sua plataforma de mídia, a “War Room”, que tem enfrentado dificuldades em sua ausência. Bannon, que havia sido condenado em 2022 por desacato ao Congresso ao não se apresentar a uma intimação da Comissão Seletiva da Câmara que investigava o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA, continua a apelar contra sua condenação. Sua volta ao público ocorre em um momento onde sua influência é mais crucial do que nunca.
Durante seu tempo na prisão, Bannon repetidamente afirmou que, mesmo atrás das grades, continuaria a impactar a corrida presidencial e a galvanizar os apoiadores de Trump. Antes de sua prisão em julho, a “War Room” se destacava frequentemente entre os melhores podcasts políticos na Apple, mas viu seu engajamento desmoronar, caindo do ranking e perdendo relevância, conforme dados da Podchaser. Tal situação não passou despercebida, e especialistas, como Madeline Peltz, do Media Matters, observam que, embora ainda houvesse ativistas da negação das eleições aparecendo em seu programa, o desempenho da “War Room” não conseguiu se sustentar sem a presença carismática de Bannon.
Com a liberação de Bannon, há indícios de recuperação no desempenho do podcast, mas a previsão é que levará algum tempo para que ele mobilize novamente seu público. Como Peltz aponta, o espaço de apenas uma semana entre sua libertação e o dia da eleição pode ser insuficiente para recuperar o público fiel. O verdadeiro potencial deste retorno pode ser percebido após as eleições, especialmente se surgirem controvérsias que envolvam a integridade do pleito, um tema que Bannon tem explorado extensivamente.
A audiência do “War Room” é majoritariamente composta por apoiadores republicanos, mas cerca de um terço de seus ouvintes se autodenominam independentes, apontando para uma base mais ampla que Bannon poderá explorar para expandir sua influência. Durante sua primeira aparição após a prisão, a expectativa é de que ele reitere seus temas preferidos, como a suposta “guerra de cédulas”. A retórica incendiária que Bannon ajudou a propagar foi uma marca registrada de seu papel como um dos principais defensores do movimento “Stop the Steal” em 2020, e ele já deixou claro que não se afastará dessa narrativa.
Para celebrar sua libertação, Bannon e seus aliados estão promovendo eventos e ofertas, como a promoção de produtos de cama de Mike Lindell, dono da MyPillow, que ofereceu almofadas grátis aos ouvintes em alusão ao retorno de Bannon. O programa, no entanto, manteve sua linha editorial focada em redefinir as questões da corrida presidencial, chamando o pleito de “guerra de cédulas”, uma terminologia que provoca ânimos. Isso indica como Bannon pretende não apenas retornar, mas também intensificar suas táticas de mobilização em um momento em que o palco político se acirra.
Com planos de realizar uma coletiva de imprensa na tarde de terça-feira em Nova York, a expectativa é alta em relação ao que Bannon trará de novo para o debate político e como ele articulará sua plataforma com as nuances do cenário eleitoral atual. Especula-se que ele reforce a narrativa de que há tentativas significativas para “roubar” as eleições, uma ideia que ele ecoou frequentemente antes de sua prisão. O retorno de Bannon, portanto, não é apenas uma reentrada no cenário público; é um renovado apelo à sua base de seguidores fervorosos e àqueles que anseiam por ser parte de um movimento maior. Se a sua habilidade de transformar desinformação em mobilização se mantiver, o impacto que Bannon pode ter nas próximas semanas será, sem dúvida, digno de atenção.