Em uma visita emocionante a Nova York, Stevie Nicks fez sua tão aguardada apresentação no “Saturday Night Live”, marcando sua primeira aparição no programa desde 1983. Ao abordar o palco, a icônica vocalista revelou que estava “petrificada”. Sua reação imediata ao ser convidada para voltar a “SNL” foi negativa, admitindo prontamente: “Absolutamente não. Porque eu estava aterrorizada com o fato de ser ao vivo!” No entanto, a artista não apenas se apresentou, mas encantou a plateia com sua performance de “The Lighthouse”, uma canção que ressoou profundamente e fez todo o público vibrar.
A origem de uma canção poderosa em tempos de controvérsia
A inspiração para “The Lighthouse” surgiu em um momento crítico, poucos meses após a revogação da decisão Roe v. Wade, que vinha garantindo o direito ao aborto nos Estados Unidos por décadas. Nicks compartilhou que, surpreendentemente, levou menos de um dia para escrever e gravar a canção que se tornaria um verdadeiro chamado à ação pelos direitos das mulheres. Durante a entrevista com Tracy Smith, ela destacou que as vozes ao seu redor clamavam para que alguém se manifestasse. Sua resposta a essa pressão foi clara e direta: “Porque todo mundo continuava dizendo, ‘Bem, alguém tem que fazer algo. Alguém tem que dizer algo’. E eu pensei, ‘Bem, eu tenho uma plataforma. Eu conto uma boa história. Então talvez eu devesse tentar fazer algo’. Eu também estive lá. Eu já passei por isso.”
Stevie falou abertamente sobre sua própria experiência nos anos 70, quando, no auge de sua carreira com o Fleetwood Mac e em meio a um relacionamento com Don Henley, descobriu que estava grávida. A decisão de interromper a gravidez foi dolorosa, mas Nicks percebia que ser mãe em meio a sua vida como artista em turnê não seria viável. “Na minha juventude, já havia decidido que não queria que alguém se sentisse machucado o tempo todo, perguntando: ‘Quando você vai voltar?’. A banda estava apenas começando a crescer, e isso é pessoal e estranho”, refletiu a cantora. Ao olhar para trás, ela considera que teria sido “destrutivo” para o Fleetwood Mac se tivesse dado à luz naquela época, destacando o impacto que isso teria tido em sua carreira e em sua vida pessoal.
A canção como um manifesto de empoderamento
Se “Dreams”, outra famosa canção de Nicks, aborda a vulnerabilidade e o coração partido, “The Lighthouse” se ergue como um verdadeiro manifesto de luta pelos direitos reprodutivos. Ao ser questionada por Smith sobre críticas a suas decisões pessoais, Nicks não hesitou em deixar clara sua posição, afirmando que a escolha era dela. “Se as pessoas querem ficar irritadas comigo, que fiquem. Não me importo. Se eu tivesse tomado a outra decisão, teria sido uma ótima mãe. Eu escolhi este caminho e fiz grandes coisas”, disse a artista, que conquistou um lugar de destaque na história do rock, sendo a primeira mulher a ser induzida duas vezes ao Rock & Roll Hall of Fame.
Outras dificuldades pessoais também marcaram a trajetória de Nicks. A morte de sua amiga e colega de banda, Christine McVie, em 2022, deixou-a devastada. Comovida, Nicks compartilhou seu desejo de ter podido se despedir dela e como agora homenageia sua amiga em suas apresentações. “Nós temos uma bela montagem dela e de mim. Eu nunca me viro e olho. Não consigo, porque começo a chorar, e se eu chorar, não consigo terminar a música. Então, eu simplesmente não olho”, revelou.
Stevie Nicks decidiu não se preocupar com o sucesso comercial de “The Lighthouse”, mas sim com a possibilidade de que as pessoas realmente ouçam a mensagem que ela quer transmitir. “Poetas escrevem o que escrevem, e poetas não devem ser censurados. Escritores não devem ser censurados. Esta canção não deve ser censurada. Ela deve ir ao mundo e fazer o que vai fazer, talvez mudar algumas mentes”, afirmou Nicks, reafirmando sua missão de usar sua voz e talento para promover a mudança.
Uma plataforma para a mudança
A mensagem de Stevie Nicks em “The Lighthouse” transcende a música; ela ressoa como um lembrete poderoso de que cada voz conta na luta pelos direitos das mulheres. Ao compartilhar suas próprias experiências, Nicks não apenas se coloca como uma artista, mas também como uma defensora dos que lutam por igualdade e justiça em uma sociedade que frequentemente tenta silenciar essas vozes. Sua coragem em alçar a voz, mesmo em tempos de controvérsia, é uma inspiração para muitos, reafirmando que cada história pessoal tem o potencial de criar um impacto significativo.