No vibrante cenário do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, o renomado ator de Hong Kong, Tony Leung, fez uma declaração que ressoou profundamente entre todos os amantes da sétima arte. Em uma época em que assistir a filmes no cinema se torna cada vez mais raro devido ao advento das plataformas digitais e outras mudanças no comportamento do público, Leung revelou que ainda se dedica a visitar as salas de cinema quatro ou cinco vezes por semana. Essa rotina é mantida há décadas, refletindo seu amor inabalável pela experiência cinematográfica.
No evento, onde desempenha o papel de presidente do júri da competição, Leung falou abertamente sobre como essa atividade contínua de frequentar cinemas moldou sua carreira e sua apreciação pelo cinema. “Eu assisto a filmes desde pequeno e continuo a fazer isso. O cinema é parte de quem eu sou”, afirmou, proporcionando uma visão íntima de sua relação com a arte de contar histórias. Entretanto, o ator também admitiu que, durante o festival, assistir a filmes com o olhar crítico de um jurado traz uma carga emocional diferente, gerando um certo nervosismo. Este contraste entre o espectador comum e o jurado profissional revela a complexidade da experiência cinematográfica e a pressão que acompanha a avaliação de produções em competições.
Ao lado de Leung, um painel diverso de jurados também contribui para a rica tapeçaria do festival. O renomado Johnnie To, diretor que trabalhou com Leung em clássicos como “The Longest Nite”, compartilhou sua visão sobre a experiência de assistir a filmes de forma despretensiosa. To, um gourmet e apreciador do vinho que visita Tóquio várias vezes ao ano, comentou sobre as inúmeras opções da gastronomia local, enfatizando o equilíbrio entre trabalho e prazer. “Agora, estou aqui a trabalho, mas também quero me deixar levar pelos filmes que assistirei”, afirmou, encorajando uma abordagem mais intuitiva e menos expectante ao cinema.
Além de Leung e To, o júri deste ano conta com personalidades como a cineasta húngara Ildikó Enyedi, a atriz japonesa Ai Hashimoto e a atriz francesa Chiara Mastroianni. Mastroianni, cuja obra “Marcello Mio” será exibida como o filme de encerramento do festival de 2024, destacou que a frequência de Leung às salas de cinema é talvez uma raridade nos dias de hoje, onde a experiência de ir ao cinema tem se tornado um ato precioso. “Infelizmente, devido a vários fatores, como a pandemia e a ascensão das plataformas online, o ato de ir ao cinema é raro. Eu admiro quem ainda luta para defender os festivais de cinema”, disse Mastroianni, ressaltando a importância de redescobrir a magia de assistir a um filme na companhia de estranhos em uma sala escura.
Rechargeando a mente e o espírito em meio às diversas exibições do festival, Leung e seus colegas jurados estão em uma missão não apenas de avaliar, mas também de reviver o prazer coletivo que a experiência cinematográfica pode oferecer. A ideia de compartilhar emoções e experiências com pessoas desconhecidas, ainda que por algumas horas, enriquece a cultura e propicia uma vivência única que, muitas vezes, é perdida nas telas menores de hoje.
A presença de Tony Leung no festival simboliza não apenas um compromisso com a arte, mas também um apelo à valorização do cinema em sua forma mais pura. À medida que os tempos mudam e as rotinas se adaptam, figuras como ele perpetuam a paixão pelo cinema, lembrando a todos que as salas de projeção ainda têm muito a oferecer. Que sua experiência no festival inspire novos e velhos fãs a retornarem às salas, fazendo do cinema uma experiência compartilhada e comunitária.