À medida que se completa um ano da morte de Matthew Perry, o amor e o carinho dedicados ao ator continuam a florir, mas seu elo íntimo com a realidade de sua luta pessoal revela uma faceta menos conhecida da vida do artista. Para a família de Perry, a percepção de quão amado ele realmente era chegou tarde. Durante uma recente entrevista, Keith Morrison, seu padrasto, compartilhou que Matthew “realmente não percebeu” o impacto que teve nas vidas das pessoas ao seu redor. Em uma sociedade onde os desafios da fama podem obscurecer as lutas pessoais, Matthew era um exemplo vivo de como os holofotes frequentemente ofuscam a verdade do ser humano.

Keith comentou sobre um período em que as notícias sobre Matthew eram predominantemente negativas, retratando-o como um ator ultrapassado e em dificuldades. “Era comum abrir uma revista e ver uma foto de um ator acima do peso, parecendo não tão bem, caminhando na rua ou saindo para jantar”, disse. Neste cenário, Keith relembra, o enteado, que era casado com sua mãe, Suzanne, sentia-se um fracasso, incapaz de compreender o profundo afeto que o cercava. Mesmo diante da grandeza de seu papel em uma das sitcoms mais icônicas da história da televisão, Matthew não conseguia enxergar o amor e a admiração que as pessoas tinham por ele.

O cenário começou a mudar com a publicação de seu best-seller em 2022, intitulado “Friends, Lovers and the Big Terrible Thing”, onde Perry expôs a gravidade de sua luta contra as dependências químicas, revelando como chegou perto da morte em diversas ocasiões. Keith destaca que, após a turnê do livro, Matthew ainda estava incrédulo, comentando: “Eu não consigo acreditar que as pessoas realmente parecem gostar de mim.” A autenticidade e a vulnerabilidade que ele compartilhou no livro tocaram o coração de muitos e contribuíram para uma nova percepção sobre suas batalhas pessoais. Keith observa que o ator estava em um momento de esperança, desejando vencer definitivamente suas questões internas ao tornar suas experiências públicas.

Entretanto, mesmo com toda a transparência, Matthew continuou enfrentando suas dificuldades. Sua luta o levou a uma nova dependência, desta vez por cetamina, uma substância que, tragicamente, levou à sua morte. De acordo com as informações reveladas no acordo judicial do assistente pessoal de Matthew, Kenneth Iwamasa, nos últimos dias de vida, ele estava recebendo de seis a oito injeções diárias do medicamento. O momento final da vida de Perry não se deu apenas por uma overdose, mas por um desfecho doloroso que envolveu ainda o trágico afogamento em sua jacuzzi ao ar livre. A combinação de fatores sombrios nos obriga a refletir sobre a dura realidade que muitas pessoas enfrentam, muitas vezes em silêncio, enquanto lutam contra suas próprias batalhas com vícios.

Neste primeiro aniversário de sua morte, a dor e as lembranças da família de Matthew ainda ecoam intensamente. “Matthew disse a nós — e ele declarou isso publicamente — que se ele morresse repentinamente, você pode se chocar, mas provavelmente não ficará surpreso”, reflete Keith, enfatizando a gravidade do que vivenciavam. Com um foco na conscientização sobre as doenças relacionadas ao vício, a família se propôs a transformar a dor da perda em um propósito maior. Eles fundaram a Matthew Perry Foundation of Canada, que tem como objetivo ajudar as pessoas que enfrentam desafios semelhantes e buscar apoio em suas jornadas de recuperação.

Keith se coloca ao lado de outros que partilham o mesmo tipo de dor, afirmando que não estão sozinhos nessa luta. “Não somos únicos”, explica, “nosso filho era famoso. E aqueles que conheço nas ruas que dizem: ‘Sinto muito pela sua perda’, eu aprecio cada uma dessas interações. De alguma forma, quero que eles saibam que compreendemos que somos apenas uma família entre milhões que passaram pelo mesmo tipo de perda.” Ele frisa que o verdadeiro legado de Matthew não está apenas em sua fama, mas sim no desejo dele de ser lembrado por ajudar os outros.

Consciente desse legado, a família busca ativamente levar adiante a missão de Matthew, reafirmando seu desejo de cuidar e apoiar outros que lutam com vícios. “Esse passou a ser nosso objetivo na vida”, conclui Keith, com a esperança de transformar a dor em algo construtivo. Os esforços da família através das fundações criadas estão alinhados com a reverberação de uma mensagem urgente: a luta contra o vício não é uma questão de moralidade, mas sim uma batalha que afeta milhões. A história de Matthew Perry se torna, assim, um chamado à ação para a sociedade, lembrando que compaixão e apoio são essenciais neste caminho difícil.

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