Novos dados científicos apontam que 2024 poderá ser o ano mais quente da história, superando o limite estabelecido pelo Acordo de Paris, o que representa uma devastadora notícia para o nosso planeta. Essa situação alarmante surge em um momento em que os Estados Unidos se preparam para escolher um novo presidente que já prometeu reverter os avanços climáticos realizados tanto em território nacional quanto no cenário internacional. A confirmação de que 2024 será um ano marcante no aquecimento global não pode ser ignorada e exige uma resposta urgente de todos os países envolvidos.
Praticamente todos os países do mundo se comprometeram, através do Acordo de Paris, a manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 graus Celsius. Essa medida foi considerada essencial para evitar consequências catastróficas, como secas, ondas de calor e o aumento do nível do mar. Especialistas alertam que, caso esse limite seja ultrapassado, os impactos da crise climática – intensificados pela poluição proveniente de combustíveis fósseis – começarão a exceder a capacidade de adaptação da humanidade e do mundo natural. Não se trata apenas de um número, mas de um reflexo do nosso compromisso (ou falta dele) com as futuras gerações e com o equilíbrio do meio ambiente.
Dados divulgados pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da Europa confirmam que 2024 está “virtualmente certo” de ultrapassar esse limiar crítico. As previsões meteorológicas para o ano vindouro, assim como o contexto político atual nos Estados Unidos, criam uma confluência preocupante. Donald Trump, presidente eleito e conhecido como negacionista da mudança climática, já retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris em seu primeiro mandato e pretende fazer o mesmo em seu segundo. Dados recentes sugerem que novas inações por parte das principais economias do mundo na luta contra as mudanças climáticas levarão a níveis de aquecimento ainda mais elevados, com impactos cada vez mais severos.
Segundo Alex Scott, estrategista de diplomacia climática de um respeitado grupo de reflexão internacional, “não temos tempo a perder”. A mudança climática já está resultando em mais mortes e em prejuízos econômicos que somam bilhões de dólares anualmente, o que tornou o tema prioritário em fóruns internacionais como o G7 e o G20. Scott adverte que a administração de Trump não poderá evitar esses desafios crescentes e as consequências da inação serão sentidas por todos, independentemente das políticas adotadas. Neste contexto, a ausência de uma liderança climática forte dos Estados Unidos pode impactar negativamente os esforços coletivos globais de mitigação das mudanças climáticas.
Além disso, a ameaça do afastamento total dos EUA do tratado da ONU que visa combater as alterações climáticas também está em discussão, o que, segundo especialistas, representaria um passo ainda mais sério e dramático na política ambiental global. Nas próximas negociações climáticas em Baku, Azerbeijão, onde acontece a COP29, os efeitos da reeleição de Trump na agenda climática global serão claramente sentidos. A reabertura do debate sobre a retirada dos EUA do Acordo de Paris poderá criar uma onda de incertezas e desconfianças nas negociações internacionais, dificultando o progresso e a cooperação entre países.
Os especialistas destacam que países antigos poluidores, como a China e a União Europeia, deverão aumentar seus esforços em um cenário onde a liderança dos EUA na luta contra as mudanças climáticas está em colapso. Entretanto, há receios de que outros países possam usar a postura anti-clima do governo Trump como justificativa para reduzir suas próprias ambições climáticas. Portanto, o cenário que se desenha é preocupante, pois a cada mês mais dados revelam que as temperaturas globais continuam a subir, com outubro passado sendo o segundo mês de outubro mais quente já registrado.
O último relatório indica que as temperaturas estavam 1,65 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Diante desse cenário, eventos climáticos extremos, como o furacão Milton, que devastou partes da Flórida, e inundações devastadoras na Espanha que resultaram em mais de 200 mortes, evidenciam ainda mais a urgência em repensar nossas políticas e abordagem em relação ao clima. Um evento particularmente alarmante que ocorreu foi a ausência de neve no topo do Monte Fuji, no Japão, pela primeira vez em 130 anos, marcando um marco histórico não apenas para o Japão, mas para todos nós que habitamos este planeta.
O que podemos esperar agora? A crescente urgência para agir diante da crise climática está se manifestando em protestos, conscientização e até mudanças em comportamentos cotidianos. Resta saber se a política e a sociedade global estarão dispostas a transformar essa realidade e reverter o curso das mudanças climáticas, porque a hora de agir é agora. Não podemos continuar esperando, e a escolha de nossos líderes será fundamental para determinar o futuro do nosso planeta. De um modo ou de outro, a natureza não irá esperar por nós, e devemos fazer a nossa parte.