A história de A força do amor (Steel Magnolias) alcançou o status de clássico instantâneo do cinema há 35 anos, destacando-se não apenas como uma representação calorosa da vida em pequenas cidades do sul dos Estados Unidos, mas também como uma obra que trouxe à tona um elenco predominantemente feminino em um período em que essa realidade era uma raridade nas telonas. Recém-completando 35 anos desde sua estreia, Daryl Hannah, uma das estrelas do filme, compartilha suas memórias sobre a experiência de atuar ao lado de ícones como Julia Roberts, Sally Field, Dolly Parton, Shirley MacLaine e a falecida Olympia Dukakis.
Daryl, agora com 63 anos, reflete sobre sua experiência no filme e menciona que nunca havia vivenciado uma interação tão positiva entre mulheres antes. Ela comenta que, em sua trajetória profissional, havia trabalhado com mulheres que eram “competitivas e ferozes”, algumas das quais desejavam até seu insucesso. No entanto, A força do amor foi um divisor de águas, revelando um ambiente de apoio e encorajamento que a atriz não havia encontrado anteriormente. “Era realmente maravilhoso ter essas mulheres tão solidárias e motivadoras ao meu redor”, explica Hannah, ressaltando a diferença marcante entre sua vivência nas filmagens deste longa e experiências anteriores.
Dirigido por Herbert Ross e adaptado a partir de sua própria peça teatral escrita por Robert Harling, A força do amor narra a história de um grupo de mulheres do sul dos Estados Unidos ao longo de várias etapas de suas vidas. Na pele de Annelle Dupuy-DeSoto, um personagem que ela desejava especificamente interpretar, Daryl passou por um processo de audição para convencer o diretor a não escalá-la como Shelby Eatenton-Latcherie, papel que acabou sendo de Julia Roberts. “Ele disse: ‘Não, absolutamente não, não vejo isso'”, recorda Daryl. Insistente, ela pediu a Ross uma oportunidade e fez uma audição que o surpreendeu, chegando a se apresentar com seu próprio par de óculos e um cabelo estilizado para se aproximar à sua personagem. “E ele não me reconheceu. Adorei aquela sensação de me transformar completamente em outra pessoa”, relembra.
A força do amor foi um dos primeiros filmes que Julia Roberts fez, após o sucesso de Mystic Pizza. Daryl destaca que, apesar de jovem, Roberts sempre teve uma confiança admirável. Ela recorda com carinho do momento em que Julia pediu ao coadjuvante Sam Shepard para escrever algo para ela, algo que Hannah classifica como ato audacioso. Durante as filmagens, ambas se tornaram próximas, com Daryl levando Julia para passeios a cavalo enquanto aproveitavam a vida fora das câmeras. “Nós éramos bastante focadas em nosso trabalho”, observa Daryl, mas acrescenta que a química entre elas era inegável. Em uma recente entrevista, Field confirmou que Roberts estava particularmente atenta às orientações de Ross, que a pressionava a corresponder às expectativas, reforçando a relação maternal com Sally.
Hannah enfatiza igualmente o quanto adorou trabalhar com todas as mulheres do elenco, descrevendo-as como divertidas, inteligentes e incrivelmente carismáticas. O filme teve sua estreia em 5 de novembro de 1989, sendo exibido nos cinemas logo em seguida. Levando em conta seu impacto cultural, a obra recebeu várias indicações a prêmios importantes, incluindo uma nomeação ao BAFTA para Shirley MacLaine e uma indicação ao Oscar para Julia Roberts. A conexão e amizade que nasceu entre as artistas durante as filmagens transcendeu o trabalho, provando que mulheres podem, sim, apoiar umas às outras de maneira genuína e eficaz.
Comemorando três décadas e meia de A força do amor, Daryl Hannah relembra não apenas os desafios e aprendizados da época, mas também a importância de uma narrativa onde mulheres fortes e diversas se uniram para contar uma história que, ainda hoje, ressoa em muitos corações. Certamente, o legado de A força do amor continua vivo, lembrando-nos do impacto positivo que a solidariedade feminina pode ter em diferentes esferas da nossa sociedade.