O filme iraniano Meu Bolo Favorito foi recentemente destacado como uma das grandes joias desconhecidas do AFM (American Film Market), recebendo aplausos por sua abordagem sensível da vida, amor e redenção em uma sociedade que frequentemente marginaliza suas vozes mais velhas. Com uma trama que mistura drama e romance, o longa é uma prova de que a arte pode florecer mesmo sob as mais severas restrições.

A narrativa gira em torno de Mahin, uma mulher de 70 anos que, após a morte de seu marido e o afastamento de sua família, decide tomar as rédeas de sua vida, buscando não apenas a sobrevivência, mas a verdadeira vivência. Ela se depara com Faramaz, um taxista que também atravessa a terceira idade, e juntos proporcionam uma nova perspectiva sobre os relacionamentos e a alegria que a vida pode oferecer, mesmo quando os fardos da história e da perda são pesados.

Entretanto, o filme não está isento de controvérsias. O regime iraniano levantou objeções em relação ao uso de bebida alcoólica nas cenas e por retratar Mahin em momentos de liberdade pessoal, como dançar sem o uso do hijab. Esta resposta do governo incluiu ameaças de ação legal e a apreensão dos passaportes dos diretores, Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, o que os impediu de participar da estreia do filme no Festival de Cinema de Berlim. Em um gesto simbólico, um retrato em tamanho natural dos diretores foi colocado na conferência de imprensa, destacando a censura que ainda paira sobre a arte no Irã.

Apesar das adversidades, Meu Bolo Favorito conquistou a premiação Fipresci da crítica internacional pelo melhor filme da competição cervejeira e teve o brilho crescente de um ‘slumber hit’ nos cinemas europeus, acumulando mais de 250 mil dólares de bilheteira no Reino Unido e superando 100 mil entradas em mercados na Alemanha e na Áustria. No entanto, permanece sem um contrato de distribuição nos EUA, uma situação que precisa urgentemente mudar para que essa obra-prima alcance um público ainda mais amplo.

O que faz deste filme uma joia não apenas para a República Islâmica, mas para o cinema global, é sua mensagem otimista, que contrasta com o autoritarismo – um lembrete poderoso da importância de viver nossa vida plenamente, sem medo. Assim, a trajetória de Mahin nos encoraja a procurar conhecer e celebrar aqueles momentos simples, mas deliciosos, da vida, que muitas vezes são negligenciados em meio às complexidades do cotidiano.

Atualmente, as vendas internacionais de Meu Bolo Favorito são geridas pela Totem Films, que busca desesperadamente abrir as portas para sua exibição nos cinemas norte-americanos. Se você ainda não conferiu esta obra, é hora de reservar um espaço no seu coração para essa história de vida e amor.

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