A indústria do entretenimento muitas vezes esconde aspectos negativos que impactam a vida de quem faz parte dela, e a famosa série America’s Next Top Model não é uma exceção. Recentemente, a ex-participante Sarah Hartshorne, que competiu na nona temporada do programa em 2007, abriu o jogo sobre as condições severas enfrentadas ao longo de sua estadia na produção, revelando experiências que vão além do glamour normalmente associado ao mundo da moda. Suas declarações foram feitas durante o final da docuseries da Vice TV, Dark Side of Reality TV, exibido em 19 de novembro.
os desafios intensos enfrentados por participantes
Hartshorne não hesitou em relatar a atmosfera tóxica do programa, afirmando que “uma garota desmaiava a cada semana” durante o ciclo de filmagens. As participantes eram alertadas para não travarem os joelhos, em um claro sinal de que as exigências físicas e emocionais do show estavam ultrapassando os limites seguros. Inicialmente, Hartshorne acreditava que os desmaios eram consequência do peso excessivamente baixo de suas colegas; no entanto, ao vivenciar uma vertigem, ela passou a reconhecer que a pressão e o estresse estavam afetando a todos. Em suas lembranças, ela descreveu os dias de eliminação como “os mais longos e difíceis” nas gravações, onde a rotina começava por volta das 5 ou 6 da manhã e perdurava até às 3 da manhã seguinte, minando as energias das participantes.
A eliminação de Hartshorne na oitava semana foi um momento emocionalmente carregado. Os jurados observaram que ela havia perdido peso demais e não apresentava mais a silhueta que caracterizava uma modelo plus size. Em seu relato, a modelo confessou que a perda de peso não foi intencional, mas sim resultado do estresse extremo. “A razão pela qual eu estava perdendo peso era que eu estava estressada”, explicou Hartshorne. Ela também mencionou a necessidade de economizar, visto que as participantes não eram pagas e, portanto, optavam por consumir alimentos baratos e em pouca quantidade.
reflexões sobre o estresse e a manipulação dentro do programa
Refletindo sobre sua experiência no programa, Hartshorne expressou um sentimento de profunda tristeza e afirma que “chorou muito” após sua eliminação, revelando a dificuldade em entender suas emoções em um ambiente tão hostil. Essa confusão emocional, agravada pela pressão constante, alimentava um ciclo decadente que vinha a se tornar habitual entre as participantes do programa.
Em uma entrevista à The New York Post em 2021, Hartshorne acrescentou que acreditava que o tratamento que ela e suas colegas receberam era deliberado. Ela afirmou que a produção frequentemente mantinha as participantes desinformadas sobre sua situação, o que as deixava confusas e estressadas, fatores que supostamente aumentavam a qualidade das cenas gravadas. “Manter-nos confusas, cansadas, estressadas, privadas de sono e famintas tornava tudo melhor para a televisão”, detalhou, evidenciando a falta de ética nas práticas do reality show.
Uma característica particularmente desconcertante da experiência de Hartshorne foi o transporte em uma van sem janelas, que contribuía para a sensação de desorientação e vulnerabilidade das participantes. Isso criou uma atmosfera surreal em que cada nova situação era uma surpresa desagradável, uma vez que elas estavam constantemente em estado de ignorância sobre o que estavam prestes a enfrentar.
as próximas etapas na carreira de sarah hartshorne
Agora, enquanto Hartshorne se prepara para lançar um livro intitulado You Wanna Be on Top: A Memoir of Makeovers, Manipulation, and Not Becoming America’s Next Top Model, agendado para ser publicado em 8 de julho de 2025, ela busca transmitir sua verdade e alertar futuros aspirantes sobre os possíveis riscos da realidade distante da fachada glamourizada que muitos conhecem. A ex-participante espera que sua história não apenas ilumine as experiências difíceis pelas quais passou, mas também ajude a promover mudanças significativas na cultura dos programas de reality show e na forma como as mulheres são retratadas na sociedade.
Em tempos em que é vital abordar os problemas de saúde mental e bem-estar na indústria da moda e do entretenimento, as vozes corajosas de ex-participantes como Hartshorne se tornam ainda mais importantes. A esperança é que, gradualmente, mudanças positivas possam ocorrer, garantindo que as futuras gerações de modelos e artistas não precisem passar por experiências tão traumáticas em busca de seus sonhos.