Quincy Jones, o ícone da música internacional, produtor, compositor e defensor dos direitos humanos, faleceu aos 91 anos. A morte do lendário artista foi confirmada por seu publicista, Arnold Robinson, através da Associated Press, que anunciou que ele faleceu durante a noite em sua residência localizada na área de Bel Air, em Los Angeles, cercado por sua família. O impacto de sua passagem vai muito além de sua música; ele foi uma força transformadora na indústria musical e cultural.
“Com corações cheios, mas partidos, devemos compartilhar a triste notícia do falecimento de nosso pai e irmão, Quincy Jones”, disseram os familiares em uma declaração à AP. O lamento ressoa em muitos que reconheceram não apenas sua genialidade musical, mas também seu papel vital na luta por direitos civis. “Embora esta seja uma perda incrível para nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”, complementaram.
Ao longo de uma carreira extraordinária que se estendeu por mais de seis décadas, Jones conquistou prêmios como o Jean Hersholt Humanitarian Award da Academia de Cinema em 1995, um Oscar honorário em 2024 e 28 Grammy Awards, consolidando seu lugar como uma das figuras mais reconhecidas e admiradas no mundo da música. Ele também chamou a atenção do público ao ser indicado por 80 vezes ao Grammy, uma marca que atesta sua prolificidade e versatilidade como artista.
Quincy Jones engrandeceu a música de todos com quem colaborou. Ele produziu os álbuns mais vendidos de Michael Jackson, incluindo “Off the Wall”, “Thriller” e “Bad”, além de ter atuado como diretor musical nas icônicas gravações da música de caridade “We Are the World”, que levantou mais de 63 milhões de dólares durante a crise da fome na Etiópia.
Com uma mente reconhecida e respeitada, Jones também foi um dos primeiros a abrir portas para músicos e artistas, abordando questões raciais e sociais em sua trajetória. Nascido em 14 de março de 1933, em Chicago, seu caminho até o sucesso foi marcado por desafios pessoais e sociais significativos. Sua mãe foi diagnosticada com esquizofrenia quando ele tinha apenas sete anos, e seu pai se separou dela, deixando Jones e seu irmão em um ambiente difícil.
Após sua família se mudar para Bremerton, Washington, e posteriormente para Seattle, ele desenvolveu sua paixão pela música. Ele começou a tocar trompete na escola secundária, e esse instrumento se tornaria seu passaporte para o mundo da música. Ao longo de sua juventude, ele teve a sorte de conhecer o jovem Ray Charles, que se tornaria não apenas um amigo, mas também uma grande inspiração.
Jones iniciou seus estudos em Seattle University, onde se formou em música, mas logo se transferiu para Berklee College of Music. Antes mesmo de completar seus estudos, ele embarcou em uma carreira de sucesso como arranjador e trompetista ao lado de artistas renomados como Sinatra e Duke Ellington. Suas colaborações com Frank Sinatra, em álbuns como “It Might as Well Be Swing”, tornaram-se clássicos que resistiram ao teste do tempo.
A sua visão para a música e sua capacidade de combinar diferentes gêneros fez dele um verdadeiro inovador. Suas produções eram como uma máquina bem azeitada, onde todos os componentes se encaixavam perfeitamente, criando um som único que encantou gerações. Além disso, ele não se limitou a produzir álbuns; ele também dedicou seu tempo à composição de temas para programas de televisão, incluindo “The Fresh Prince of Bel-Air”, que lançou a carreira de Will Smith.
Jones foi um defensor incansável da paz e da justiça social. Seu trabalho filantrópico e suas iniciativas em prol do desenvolvimento de comunidades marginalizadas, como a sua fundação, a Quincy Jones Listen Up Foundation, são um testemunho do seu caráter e compromisso com a humanidade. Ele não apenas produziu música que se tornaria atemporal, mas também se esforçou para criar um mundo melhor.
Ao longo de sua vida, Jones enfrentou desafios pessoais, incluindo a batalha contra aneurismas cerebrais, dos quais sobreviveu em 1974. Após essas experiências, ele não deixou que os obstáculos o impedissem e continuou a trabalhar e criar até seus últimos dias. Ele deixa um legado que será lembrado e celebrado por toda a eternidade, um legado que continua a inspirar músicos e admiradores ao redor do mundo.
Quincy Jones partiu, mas sua música viverá eternamente. A genialidade e o coração de um homem que transcendeu as barreiras da música e da cultura permanecem como um farol de esperança e criatividade para todos nós. Com sua contribuição inestimável, é seguro dizer que, embora ele não esteja mais entre nós, suas canções e seus valores continuarão a vibrar em nossos corações e vidas, provando que a música, afinal, é uma experiência genuinamente humana.