Uma impressionante e meticulosa investigação realizada pelas autoridades da Flórida resultou na recuperação de dúzias de moedas de ouro valiosas, totalizando mais de US$ 1 milhão que haviam sido roubadas de um naufrágio há nove anos. O resgate, realizado pela Comissão de Conservação da Vida Selvagem e Peixes da Flórida, foi anunciado em um comunicado à imprensa divulgado na terça-feira, revelando que 37 moedas de ouro foram recuperadas, todas originalmente pertencentes aos famosos naufrágios da Frota de 1715.

A frota de navios espanhóis partiu de Havana, Cuba, com destino a Sevilha, Espanha, em 24 de julho de 1715. No entanto, a jornada foi abruptamente interrompida apenas sete dias depois por um poderoso furacão que causou o naufrágio da frota ao largo da costa leste da Flórida. Desde a descoberta do primeiro navio, em 1928, feita por William Beach ao norte de Fort Pierce, a região tornou-se um local de caça ao tesouro, onde artefatos de ouro e prata foram recuperados durante as décadas seguintes após a descoberta inicial.

Em 2015, operadores de salvamento contratados conseguiram recuperar um tesouro de 101 moedas de ouro das relíquias do naufrágio nas proximidades da Costa do Tesouro da Flórida, a cerca de 112 milhas a oeste de Orlando. No entanto, uma parte significativa dessas moedas não foi reportada corretamente, resultando no roubo de 50 delas. A investigação que se seguiu, que se arrastou por anos, envolveu a Comissão de Conservação da Vida Selvagem e Peixes e o FBI, com o intuito de desvendar o roubo e o tráfico ilegal desses preciosos artefatos históricos. O momento crucial dessa investigação ocorreu em junho, quando novas evidências surgiram, levando a um caminho de responsabilização.

As investigações revelaram a conexão de um homem, Eric Schmitt, com a venda ilegal de várias moedas de ouro roubadas, não apenas em 2023, mas também em 2024. Curiosamente, a família de Schmitt havia sido contratada para atuar como operadores de salvamento para a empresa responsável pela custódia e salvamento da frota, a 1715 Fleet – Queens Jewels, LLC. O contexto se torna ainda mais intrigante à medida que se descobre que a família Schmitt foi responsável pela recuperação das 101 moedas de ouro em 2015. Com o tempo, as autoridades conseguiram rastrear as moedas recuperadas em busca de vestígios e evidências de tráfico ilícito.

Em uma série de ações coordenadas, os investigadores obtiveram mandados de busca que resultaram na recuperação das moedas em residências privadas, cofres e leilões. Diversos esforços foram realizados, incluindo a recuperação de cinco moedas de ouro de um leiloeiro baseado na Flórida, que as comprou inadvertidamente de Schmitt. Com a utilização de tecnologia avançada em forense digital, os investigadores de forma detalhada tornaram possível identificar Schmitt como suspeito. A forense digital desempenhou um papel crucial, permitindo que as autoridades recuperassem dados eletrônicos armazenados em dispositivos, como celulares e computadores.

Dados de metadata e geolocalização foram apontados como fundamentais para vincular Schmitt a uma fotografia das moedas roubadas, tirada em sua propriedade de condomínio em Fort Pierce, Flórida. Ademais, ficou-se sabendo que Schmitt havia colocado três das moedas roubadas no fundo do mar em 2016, sendo essas encontradas posteriormente por novos investidores da empresa de salvamento. Durante todo o processo de investigação, a Comissão de Conservação da Vida Selvagem e Peixes da Flórida colaborou estreitamente com especialistas em preservação histórica para autenticar as moedas recuperadas vendidas por Schmitt.

A situação de Schmitt se tornou cada vez mais complicada, pois ele agora enfrentava graves acusações de comércio de propriedade roubada. As autoridades ainda não conseguiram identificar um advogado que o represente. Em nota, a empresa contratada para a recuperação do naufrágio expressou seu “choque e desapontamento” em relação ao roubo mencionado e ressaltou que tem colaborado ativamente com as autoridades policiais e o estado da Flórida para resolver a situação. “Levamos nossa responsabilidade como custodiante muito a sério e sempre buscaremos fazer cumprir as leis que regem esses naufrágios”, afirmaram.

Enquanto os artefatos recuperados serão devolvidos a seus legítimos custodiante, a investigação continua, uma vez que ainda 13 moedas permanecem desaparecidas. Essa intrigante história de tesouros, roubos e recuperação revela a persistência das autoridades em preservar o patrimônio histórico e a determinação em restituir essas riquezas a seus verdadeiros donos.

Leia mais sobre o caso na CNN.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *