Com a expectativa de um ambiente favorável para negócios, magnatas estão mirando grandes movimentos para consolidar emissoras locais lucrativas enquanto a administração Trump se prepara para uma reestruturação na mídia.

13 de novembro de 2024

Os anos 1850 foram marcados pela corrida do ouro, onde investimentos foram direcionados ao ocidente para financiar a mineração do precioso metal. Já o início do século 20 foi impulsionado pelo boom do petróleo, com uma demanda crescente por produtos derivados do petróleo. Embora o espectro de transmissão não seja tão valioso quanto o ouro nem tão versátil quanto o petróleo, há sinais iniciais de que, a partir de 2025, ele será o ativo que fará Wall Street salivar. Estamos testemunhando o que se pode chamar de “A Grande Aquisição de Transmissões”.

A administração Trump que se aproxima deixou claro que a desregulamentação estará no topo da lista de prioridades, e as empresas que possuem estações de TV locais — como a Nexstar, Sinclair, Gray, E.W. Scripps e Tegna, entre muitas outras — estão praticamente eufóricas com o que isso pode significar para elas.

A chabenha aponta que executivos de estações de TV parecem acreditar que essas mudanças significativas estão a caminho. Após as chamadas de lucros das empresas de televisão, ficou evidente que havia um alívio coletivo na indústria. Chris Ripley, CEO da Sinclair, comentou com entusiasmo no dia 6 de novembro, dizendo: “Estamos muito animados com o próximo ambiente regulatório”, enquanto Mike Steib, da Tegna, também refletiu a sensação de renovação ao afirmar que a situação atual da regulação precisa ser reavaliada.

O CEO da Nexstar, Perry Sook, destacou que o foco principal de sua empresa e da NAB (National Association of Broadcasters) está em desregulamentar a propriedade em níveis nacional e local. Ele acredita que, com a saída da presidente da FCC, Jessica Rosenworcel, em 2025, a nova administração provavelmente adotará uma postura mais favorável aos negócios, provocando uma série de desregulamentações no setor.

Restando apenas um pouco mais de tempo até 2025, a expectativa é palpável, e o mercado já começa a reagir. Steven Cahall, da Wells Fargo, atualizou a Sinclair de “subponderar” para “ponderar igual” após a eleição, prevendo que uma FCC genuinamente republicana melhoraria as perspectivas para as emissoras ao promover a desregulamentação que permitirá a consolidação.

Sob a liderança de um governo que promete mudar as regras do jogo, as emissoras estão profundamente focadas na FCC. As novas regras podem se alinhar a ações rápidas, como relaxar as regras de duopólio e aplicar o “UHF Discount”, permitindo que os proprietários de estações ampliem suas aquisições por meio da compra de estações na frequência UHF.

A desatualização das leis em relação às transmissões locais é notável, especialmente em uma época em que o streaming contorna o tradicional consumo de mídia. Alan Wolk, fundador e principal analista da TVREV, permaneceu otimista sobre as possibilidades, mas alertou que o caminho ainda é longo, pois muitos desafios ainda precisam ser superados.

Além disso, os executivos de estações de TV frequentemente voltam sua frustração para as grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, que monopolizam a receita publicitária, uma fatia que outrora era dominada pelas emissoras. Schwikert enfatizou que “o Google gera 50 vezes a receita publicitária de qualquer emissora em nossos mercados”, enfatizando o contraste e a dificuldade de competição.

À medida que as negociações avançam, algumas mudanças que exigem apoio do Congresso estão na lista de desejos das emissoras. Dentre as mudanças, a maior seria a eliminação do limite de propriedade nacional, que atualmente limita a um proprietário controlar 39% dos lares de TV em todo o país. Se esta barreira for removida, é quase certo que veremos a primeira emissora nacional possuindo estações em todos os mercados locais em um curto espaço de tempo.

Começar uma nova era na televisão ligada às novas realidades do mercado demanda coragem e uma vontade renovadora de adaptação. Sook expressou essa ideia quando mencionou que“a real competição da nossa indústria vem das grandes tecnológicas que têm acesso irrestrito a todas as telas na América, enquanto nosso acesso é restringido por regulamentações que não são adequadas para a era digital”.

A visão de Sook coincide com a ideia de que a indústria de broadcasting precisa de empresas fortes para competir em pé de igualdade com as gigantes da tecnologia, tanto para audiovisual como para a publicidade em todas as plataformas disponíveis, não apenas algumas. O cenário atual demanda uma reavaliação para que o audiovisual possa competir nos diversos meios que a sociedade usa atualmente.

A postura franca sobre essas mudanças necessárias indica que o apoio bipartidário pode surgir, com os republicanos olhando para a desregulamentação e os democratas visando ajudar a sustentar os veículos de notícias locais, que estão em declínio. Por sua vez, a Nexstar, com uma visão nacional, está se posicionando para fazer movimentos estratégicos assim que as regras mudarem, entendendo que o jogo pode mudar rapidamente para aqueles que puderem se adaptar e serem audaciosos.

À medida que as expectativas se intensificam e a regulamentação evolui, aguarda-se uma verdadeira corrida na aquisição de emissoras, com destacadas participações de gigantes como Sinclair e Tegna, enquanto Nexstar busca expandir sua presença nacional. O mundo do broadcasting pode estar prestes a passar por uma transformação disruptiva, provocando uma reestruturação que redefine o ecossistema da mídia e do entretenimento.

Diante do potencial devastador da concorrência de tecnologia e mudanças nas normas de propriedade, a trajetória futura do broadcasting contemporâneo é tanto um desafio quanto uma oportunidade que se configura na iminência de um novo horizonte. O que ocorre nos próximos anos deve moldar o futuro da mídia bem além das telas tradicionais, divergindo para uma nova era de inovação e conciliação entre as forças da tradição e da modernidade.

À medida que entramos nesta nova fase do broadcasting, é imperativo que continuemos a examinar o impacto de estas mudanças, que não são apenas sobre a aquisição de empresas, mas também sobre a maneira como consumimos e interagimos com a mídia. O futuro pode estar mais próximo do que parece, e como bons espectadores, devemos nos preparar para novas histórias que estão prestes a ser contadas na tela que nos conecta a todos.

Espera-se que novas tendências e dinâmicas emergem à medida que a regulamentação avança e os ímpetos do progresso se intensificam, resultando em renovadas conversas sobre o localismo, a diversidade e a capacidade das plataformas de mídia em abraçar um papel mais inclusivo numa sociedade em constante evolução. É um momento empolgante e desafiador para o setor.

Portanto, mantenha-se atento! O mundo da mídia está em movimento e estamos prestes a testemunhar uma nova revolução que pode reconfigurar tudo o que acreditamos saber sobre a comunicação e o entretenimento.

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