A startup germânica Akhetonics acaba de receber um novo fôlego financeiro, levantando um valor expressivo de €6 milhões (cerca de $6,33 milhões) em uma rodada de financiamento inicial. Esta captação não é apenas um marco para a empresa, mas também um sinal promissor dentro do setor de fotônica, que promete desempenhar um papel crucial no avanço da computação, em especial em um mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial. A ambição da Akhetonics é clara: desenvolver um chip de propósito geral completamente baseado em tecnologia ótica, uma tarefa que pode, potencialmente, transformar a maneira como processamos dados.

O conceito de “propósito geral” que a Akhetonics persegue remete à criação de chips que possam ser utilizados em uma ampla gama de aplicações e softwares. Diferente de outras empresas que estão explorando a fotônica em questões tangenciais que misturam eletrônica e fotônica, a Akhetonics, cujo nome é uma fusão entre “Akhet”, um hieróglifo egípcio que significa “horizonte”, e “fotônica”, está totalmente focada na construção de chips com essa nova configuração. O diferencial de sua abordagem é que ela promete ser digital e compatível com cargas de trabalho existentes, ao contrário das abordagens analógicas que têm predominado até agora.

A demanda por chips mais eficientes e rápido é especialmente crítica em ambientes que exigem um desempenho elevado em tempo real, como redes de computadores, aviação e exploração espacial. Além da velocidade, a eficiência energética é um outro ponto forte que a fotônica pode oferecer, o que se torna cada vez mais relevante em um cenário global onde a soberania de chips e a diversificação de suprimentos estão em debate.

Michael Kissner, cofundador e CEO da Akhetonics, destacou a relevância de uma cadeia de suprimentos diversificada: “Para nós, a parte mais interessante é que temos uma cadeia de suprimentos que é muito diversificada.” Esse aspecto pode permitir que a empresa produza seu chip em diferentes locais, possibilitando que empresas possam acessar computação de alto desempenho de fontes locais, embora a realização dessa promissora visão ainda dependa de um “quando” incerto.

A comunidade de investidores é cautelosa, e a falta de um investimento massivo em chips de propósito geral foi recentemente mencionada pelo fundo de investimento francês Daphni. Enquanto isso, a Lightmatter, uma empresa concorrente, passou da fabricação de chips para soluções de interconexão, colhendo grande sucesso ao otimizar a transferência de dados entre CPUs e GPUs em data centers.

Ainda que a ideia de chips totalmente ópticos possa parecer um tanto inusitada para alguns, a Matterwave Ventures, firma de capital risco que liderou a rodada de financiamento atual da Akhetonics, acredita que este é o momento certo para aplicar a tecnologia óptica na computação de propósito geral. Silviu Apostu, um dos principais executivos da Matterwave, afirmou com convicção que “existem elementos suficientes se unindo para transformar isso em realidade”. Embora o progresso exija tempo, os planos da Akhetonics incluem a entrega de seu primeiro produto comercial até meados do próximo ano.

Kissner expressou otimismo quanto à viabilidade da tecnologia, ressaltando os avanços que a empresa já demonstrou com o suporte do financiamento prévio recebendo da Runa Capital, uma firma de venture capital focada em tecnologia profunda. “Nosso grande objetivo era mostrar que você pode fazer computação de propósito geral usando apenas ótica, e isso é algo que agora já demonstramos”, acrescentou.

O verdadeiro cerne da abordagem da Akhetonics, o que a torna viável, de acordo com Apostu, reside na reestruturação da arquitetura a partir de princípios básicos. Kissner afirmou, “As pessoas pensam que você precisa de bilhões de [transistores ópticos], mas com a arquitetura correta, você não precisa.” Um estudo recente da empresa ofereceu um vislumbre de como evitar a otimização convencional que companhias como AMD, Intel e Nvidia aplicaram em seus chips de última geração, o que poderia diminuir significativamente os custos de desenvolvimento.

Foram poucos os investimentos feitos até agora, e Kissner parece se espantar ao notar que a “indústria de inteligência artificial de um trilhão de dólares” depende, em grande parte, de chips fabricados em áreas com problemas geopolíticos. A alternativa apresentada pela Akhetonics parece ter encontrado eco entre os investidores, que se identificam com a missão de criar uma versão “democratizada” da computação de alto desempenho na Europa.

No entanto, ainda permanecem questionamentos sobre a demanda comercial por computação de alto desempenho e se essa demanda poderia ser melhor atendida por fotônica integrada especializada em casos de uso específicos. Entretanto, para a Akhetonics e concorrentes como a LightSolver, os chips totalmente ópticos despontam como a solução mais promissora.

Chips ópticos da Akhetonics

Fonte: TechCrunch

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