O histórico da música pop nos anos 2000 é marcado por diversos marcos significativos, e um deles é a ascensão meteórica do grupo *NSYNC. O que era considerado uma das maiores boy bands do mundo, no entanto, enfrentou sua dissolução de uma maneira surpreendente e, por vezes, dolorosa para seus fãs. No novo documentário da Paramount+, intitulado *Larger Than Life: Reign of the Boybands*, membros do grupo, como Lance Bass e Chris Kirkpatrick, revisitam esse período conturbado, revelando detalhes que iluminam a complexidade emocional e os desafios enfrentados durante a transição para a carreira solo de Justin Timberlake.
Em 2002, após uma turnê altamente bem-sucedida, o grupo decidiu fazer uma pausa. Lance Bass, agora com 45 anos, relembra aquele ano marcante: “À época, Justin estava prestes a lançar seu álbum solo, e nós estávamos totalmente a favor disso. Acreditei que era uma ideia brilhante.” O combinado era que retornariam em seis meses para gravar um novo álbum. Porém, o que se seguiu foi uma pausa que se transformou em uma ausência sem despedidas. “2002 foi nossa última turnê. A gravadora nos disse: ‘Olhem, voltem em seis meses,’ e estávamos preparados para seguir em frente. E isso simplesmente não aconteceu”, completa Bass.
A falta de comunicação e a ausência de um encerramento formal foram aspectos que pesaram sobre todos os integrantes. Kirkpatrick, por sua vez, expressa o impacto emocional dessa fase: “Foi difícil. Havia uma animosidade enorme no início. Muita raiva, ressentimento. Eu me lembro de pensar: ‘Será que algum dia vamos nos reunir de novo?’” A confusão e a incerteza pairavam sobre a banda, e Bass concorda com essa análise, destacando que era uma fase confusa de suas vidas, marcada pela falta de clareza sobre o futuro do grupo.
Além disso, a pressão sobre Justin Timberlake foi imensa. Seu álbum de estreia, *Justified*, alcançou o topo das paradas e ofereceu oportunidades que eram difíceis de ignorar. Segundo o gerente da banda, Johnny Wright, “Do ponto de vista do Justin, quando ele tem o álbum número um no país e ofertas para fazer turnês ao redor do mundo, como você pode voltar a isso? Eu preciso atender a isso. Não é uma despedida, mas não posso parar.”
Esse cenário trouxe uma dinâmica diferente para o grupo, e em vez de celebrá-lo, o que deveria ser um momento de crescimento se transformou em um período de dilemas. Embora Bass reconheça o talento excepcional de Timberlake e a necessidade de respeitar suas decisões, ele também critica a falta de comunicação durante essa transição. “Do ponto de vista comercial, eu entendo. Justin tem o maior talento do mundo, e queríamos dar a ele esse respeito, mas nos digam isso. Comunique-se conosco.”
No geral, a má gestão dessa pausa teve seus efeitos devastadores nas relações do grupo. O sentimento de abandono e a ausência de um diálogo aberto dificultaram a convivência entre os integrantes e criaram uma rixa que levou anos para ser superada. A própria estrutura da indústria musical da época, que competia vorazmente na criação de novas estrelas, não facilitava as coisas. O sucesso de outras boy bands, como Backstreet Boys e Boyz II Men, acrescentou uma camada de pressão que apenas complicou mais as relações.
O documentário *Larger Than Life: Reign of the Boybands* não apenas revisita esses desafios, mas também oferece um olhar mais profundo sobre o que realmente aconteceu nos bastidores do fenômeno *NSYNC. Os membros refletem sobre a mágoa do passado, mas também sobre a possibilidade de união no futuro. Um momento de introspecção e autoanálise pode ser o que eles precisam para começar a reconstituir suas relações e, talvez, reunir forças novamente. No final, a amizade e a música sempre foram a essência do que *NSYNC representou. Assim, mesmo com os altos e baixos, a esperança de um retorno triunfante pode estar mais perto do que se imagina.